segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
BOAS FESTAS!
Olá! Para quem não saiba, eu sou o Rafael! Desculpem-me, mas durante estes dias o avô Tó é meu e não tem tempo para fazer postagens, nem para pintar! Todo o tempo vai ser pouco para brincar!
Podem esperar sentados, como eu faço quando estou cansado de andar de bicicleta!
Desejamos a todos Boas Festas!
Rafael e António
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
SEM MARGENS NA BLOGALDEIA IV
Quando o meu amigo, Rogério, me convidou a visitar a exposição no seu blogue
"Conversa Avinagrada", eu agradeci-lhe, dizendo:
Meu caro amigo, a tua conversa, não tem vinagre: tem mel!
Há uma sintonia perfeita entre o que o quadro representa e as resplandecentes palavras que o acompanham. Procuro, em cada tela, mais do que representar as casas, o rio, o céu, traduzir a emoção que me levou a pintar o céu com aquela cor, as águas com aqueles reflexos...
A tradução desses sentimentos, estão patentes em cada uma das palavras que escreves, como se presenciasses o momento da criação da obra.
O meu obrigado pelo que fizeste!
Emocionaste-me, sabes?
Já agora! Aos amigos que nos lêem um pedido: emocionem-se! Faz bem viver com emoções...
...e ter amigos assim!
Pequena exposição - Os meus lugares de menino e moço
Conheci há poucos dias António Tapadinhas. Deixei-lhe em comentário a minha pronta disponibilidade em transformar este sitio em galeria e aqui lhe colocar uns quantos quadros seus. Prometi-lhe tratar com dignidade os lugares que, não se limitando a pintar, tratou como um artista que sabe o que me agradaria recordar. Como enquadramento refiro textos meus sobre a quinta do meu avô colocados a pretexto de abordagens a temas diversos, tais como a reforma agrária ou a minha mudança de escola.
Nesses textos nunca localizei a quinta nem descrevi lugares próximos. António fê-lo por mim...
PEQUENA EXPOSIÇÃO - OS MEUS LUGARES DE MENINO E MOÇO
Passava as férias grandes na quinta dos meus avós. A caminho, no cacilheiro, barco que atravessava o Tejo ligando Lisboa ao Barreiro, não pensava nada. O rio não deixava. Os meus olhos percorriam margens e água e os odores eram um estimulo a todos os outros sentidos. Quando ao longe eu avistava os "meus" moinhos, sabia que estava a chegar. Depois do barco a camioneta, por entre os vidros que lhes adensavam cores de sépia, lá estavam. Eram o marco do inicio das minhas aventuras pois do Barreiro à Moita e daí à quinta seriam, ao todo, 20 a 25 minutos...
... Uma vez chegado logo começava a minha faina na quintinha. Esta frequentemente era demasiado pequena para conter todas as aventuras e, assim, aceitava de bom grado convites de outros miúdos para ir à Moita, vila morena da beira Tejo...
Claro que me lembro das festas, da procissão, do foguetório, das largadas de touros e de muitos outros acontecimentos de cor e festa. Mas a memória mais viva eram os momentos de água. Recordo mil mergulhos nessa água lodosa para onde saltava de cima do pequenos cais de atracagem. António, pintou-mo. Vê-lo assim, degradado, não me feriu a sensibilidade. Para tal ele deu-lhe a cor necessária...
As idas a Alhos Vedros, pequena povoação perto da Moita e igualmente da beira Tejo, não deixavam grau de liberdade para as minhas brincadeiras preferidas. Obediente, seguia as instruções da minha avó Mariana que alí se deslocava, com alguma frequência, fazendo venda dos produtos da quinta: "Não vás para longe", dizia-me. E eu ficava por ali junto ao rio. Por vezes, descalçava os sapatos para que meus pés afagassem a areia. Apanhava pedras e atirava-as, como todos os miúdos fazem quando não podem eles próprios atirar-se... Entre o rio e o encarnar de mil personagem num cenário de selva ou planície em outras tantas aventuras lá na quintinha, as férias terminavam...
... e o regresso a Lisboa fazia-se, frequentemente no mesmo barco cacilheiro.
António pinta-me essa viagem, colocando as pessoas exactamente como eu as via, ainda meio adormecidas pelo levantar cedo para enfrentar mais um dia de trabalho. Que me lembre, não regressava triste, apenas na expectativa de conhecer novos amigos, novos professores e, assim, outras vivências...
Um pintor quando se exprime como o António, nem imagina as sensações que pode provocar. Ou será que o faz exactamente porque pretende isso mesmo: EMOCIONAR? Se tem ainda alguma dúvida, navegue no seu blogue "Sem margens - Pintar a palavra, escrever a pintura."
Obrigado António, por pintares estes lugares!
25.Set.2010
"Conversa Avinagrada", eu agradeci-lhe, dizendo:
Meu caro amigo, a tua conversa, não tem vinagre: tem mel!
Há uma sintonia perfeita entre o que o quadro representa e as resplandecentes palavras que o acompanham. Procuro, em cada tela, mais do que representar as casas, o rio, o céu, traduzir a emoção que me levou a pintar o céu com aquela cor, as águas com aqueles reflexos...
A tradução desses sentimentos, estão patentes em cada uma das palavras que escreves, como se presenciasses o momento da criação da obra.
O meu obrigado pelo que fizeste!
Emocionaste-me, sabes?
Já agora! Aos amigos que nos lêem um pedido: emocionem-se! Faz bem viver com emoções...
...e ter amigos assim!
Pequena exposição - Os meus lugares de menino e moço
Conheci há poucos dias António Tapadinhas. Deixei-lhe em comentário a minha pronta disponibilidade em transformar este sitio em galeria e aqui lhe colocar uns quantos quadros seus. Prometi-lhe tratar com dignidade os lugares que, não se limitando a pintar, tratou como um artista que sabe o que me agradaria recordar. Como enquadramento refiro textos meus sobre a quinta do meu avô colocados a pretexto de abordagens a temas diversos, tais como a reforma agrária ou a minha mudança de escola.
Nesses textos nunca localizei a quinta nem descrevi lugares próximos. António fê-lo por mim...
PEQUENA EXPOSIÇÃO - OS MEUS LUGARES DE MENINO E MOÇO
Passava as férias grandes na quinta dos meus avós. A caminho, no cacilheiro, barco que atravessava o Tejo ligando Lisboa ao Barreiro, não pensava nada. O rio não deixava. Os meus olhos percorriam margens e água e os odores eram um estimulo a todos os outros sentidos. Quando ao longe eu avistava os "meus" moinhos, sabia que estava a chegar. Depois do barco a camioneta, por entre os vidros que lhes adensavam cores de sépia, lá estavam. Eram o marco do inicio das minhas aventuras pois do Barreiro à Moita e daí à quinta seriam, ao todo, 20 a 25 minutos...
... Uma vez chegado logo começava a minha faina na quintinha. Esta frequentemente era demasiado pequena para conter todas as aventuras e, assim, aceitava de bom grado convites de outros miúdos para ir à Moita, vila morena da beira Tejo...
Claro que me lembro das festas, da procissão, do foguetório, das largadas de touros e de muitos outros acontecimentos de cor e festa. Mas a memória mais viva eram os momentos de água. Recordo mil mergulhos nessa água lodosa para onde saltava de cima do pequenos cais de atracagem. António, pintou-mo. Vê-lo assim, degradado, não me feriu a sensibilidade. Para tal ele deu-lhe a cor necessária...
As idas a Alhos Vedros, pequena povoação perto da Moita e igualmente da beira Tejo, não deixavam grau de liberdade para as minhas brincadeiras preferidas. Obediente, seguia as instruções da minha avó Mariana que alí se deslocava, com alguma frequência, fazendo venda dos produtos da quinta: "Não vás para longe", dizia-me. E eu ficava por ali junto ao rio. Por vezes, descalçava os sapatos para que meus pés afagassem a areia. Apanhava pedras e atirava-as, como todos os miúdos fazem quando não podem eles próprios atirar-se... Entre o rio e o encarnar de mil personagem num cenário de selva ou planície em outras tantas aventuras lá na quintinha, as férias terminavam...
... e o regresso a Lisboa fazia-se, frequentemente no mesmo barco cacilheiro.
António pinta-me essa viagem, colocando as pessoas exactamente como eu as via, ainda meio adormecidas pelo levantar cedo para enfrentar mais um dia de trabalho. Que me lembre, não regressava triste, apenas na expectativa de conhecer novos amigos, novos professores e, assim, outras vivências...
Um pintor quando se exprime como o António, nem imagina as sensações que pode provocar. Ou será que o faz exactamente porque pretende isso mesmo: EMOCIONAR? Se tem ainda alguma dúvida, navegue no seu blogue "Sem margens - Pintar a palavra, escrever a pintura."
Obrigado António, por pintares estes lugares!
25.Set.2010
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
FAVELAS IV
Favela 0512 Díptico Autor António Tapadinhas
Acrílico sobre 2 telas de 60x40cm
(clique sobre a imagem)
O meu amigo, Luís Santos, escreveu:
Morro acima cruzes, muitas cruzes. Feitas de pau. Como aquelas que se vêem em muitos cemitérios. No tombo dos mais frágeis o sonoro revela o ruído compassado de uma intermitente arma de guerra, como se de um sapateado se tratasse.
No meio do morro nasceu uma flor. E nasceu uma criança que se apaixona pela flor. É um pé de laranja lima.
Porque será que o morro está mais amarelado de um lado? Pela luz do sol, pela rotação do planeta. A indestrutível lei da natureza. Não fossem as sombras.
Respondi-lhe:
No alto do morro, nas favelas
nascem pés de laranja lima,
não nascem facas ou fuzis!
O sol que brilha nas janelas
aquece as sombras e a dor,
num bairro alegre ou tristonho.
Com ele fica a esperança
de quem nunca desanima
e acredita no sonho!
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
FAVELAS III
Favela 2711 Autor António Tapadinhas
Acrílico sobre Tela 100x110cm
No espaço de tempo em que concluí Favela 1511 e Favela 2711, a situação tornou-se explosiva nas favelas do Rio de Janeiro.
Leio no DN:
Dezenas de tanques cercaram o Complexo do Alemão, na região norte do Rio de Janeiro, na véspera da derradeira investida militar, ontem, na área. Madrugada de vigília. Medo e psicologia de guerra. De um lado moradores da comunidade em pânico, resguardados em casa. De outro criminosos escondidos e armados a engendrar uma forma de fintar o cerco policial. 2600 homens: polícia militar, civil, federal e soldados do Exército e da Marinha, contra o Comando Vermelho, a maior facção criminosa do Rio. Desde domingo são 38 mortos e 80 veículos queimados.
Leio mensagens de apoio a esta acção.
Leio de Marcello Salles, jornalista:
O povo brasileiro não deve se deixar iludir pela operação casada entre governo do Rio e corporações de mídia. Não se pode vencer o tráfico de drogas nas favelas, nem com tanques de guerra, nem mesmo com bombas atômicas. Por um motivo muito simples: os donos do negócio não estão lá.
Leio mensagens de apoio a esta crónica.
Leio que o filme português, “Complexo – Universo Paralelo”, rodado no Complexo do Alemão, foi vencedor na categoria, Melhor Filme Internacional Direitos Humanos, do Artivist Film Festival, em Hollywood, Los Angeles.
Leio que, Diaky Diaz, fundador e produtor executivo do festival, afirmou que "com a urbanização a aumentar em todo o globo, mais e mais pessoas vivem em grandes guetos. Filmes como este permitem-nos realmente olhar para essas zonas com compaixão e forçar-nos a reflectir sobre o que podemos fazer para tornar melhor a vida dos nossos semelhantes".
É um óptimo destino para uma obra de arte: ajudar a reflectir!
Eu procuro fazê-lo com as minhas obras! Não é por acaso que esta tem como cores dominantes as da bandeira do Brasil!
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
FAVELAS II
Favela 1511 Autor António Tapadinhas
Acrílico sobre Tela 50x60cm
(clique sobre a imagen)
Na minha pesquisa para esta série, fiquei com diverso material numa espécie de manifestação do caos que, por definição, contém todas as formas e cores possíveis. Sendo assim, era simples; para executar a obra bastava deitar fora tudo o que não fosse necessário.
Depois de seleccionar a favela que serviria de base a este quadro, faltava pensar os meios que iria utilizar.
Pensar é aproveitar tudo o que sei para cumprir o meu objectivo: transmitir sensações. Pensar é dar forma ao caos, torná-lo credível para o observador, isto é, identificá-lo, mas, ao mesmo tempo, retirar-lhe a consistência, torná-lo virtual, porque faço por esquecer o que não me interessa, salientando, apenas, a sua beleza.
No desenho, apenas esboçado, de repente, começaram a surgir as janelas, as ruas, as pessoas, como notas musicais coloridas, numa pauta mágica.
E cumpriu-se o seu destino! Afinal, cor é magia!
Com esta conversa erudita, não sei se deu para perceber o mais importante:
Gosto mesmo muito desta obra!
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
FAVELA
Favela 911 Autor António Tapadinhas
Acrílico sobre Tela 50x60cm
(clique sobre a imagem)
Favela no Brasil, bairro de lata em Portugal ou musseque em Angola, são palavras que definem a área degradada de uma cidade, caracterizada por moradias precárias, com edificações inadequadas e materiais de construção inventados, muitas vezes estranguladas entre morros ou colinas.
No meu quadro é o azul que oprime as casas e as pessoas que se adivinham nos intervalos coloridos das vielas estreitas e é o amarelo que serve de manto diáfano para a dureza do quotidiano.
Esta é a primeira obra duma nova série a que chamo, Favela, porque das palavras que definem esta realidade, é a palavra mais colorida.
Na penumbra dourada que suaviza as cores cruas do passado presente, espero que encontrem a beleza verdadeira, aquela que provoca arrepios, como na canção de Caetano Veloso, Menino do Rio.
Tomem esta minha obra como um abraço!
terça-feira, 2 de novembro de 2010
SEM MARGENS NA BLOGALDEIA III
Azul, Azul Autor António Tapadinhas
Óleo sobre Tela 100x100cm
(clique sobre a imagem)
O meu amigo Jorge no seu blogue, BEGIN THE HOPE, de vez em quando, num comentário, faz referência aos meus azuis, considerando alguns que o tocam especialmente, de “Azul Tapadinhas”.
Há pintores que são conhecidos por saberem realçar determinadas cores nas suas pinturas. Lembremos Van Gogh e os seus vibrantes amarelos, Cézanne e os seus espantosos verdes e, porque vem a propósito, a história de um azul especial.
Yves Klein, nascido em Nice, França, realizou mais de cinco dezenas de quadros monocromáticos em azul. Gostou tanto de uma das tonalidades, que a registou em 19 de Maio de 1960, no Instituto Nacional da Propriedade Industrial, com a designação IKB (International Klein Blue).
Espero que esta obra se imponha pelo seu azul. Não tem outras cores que o tornem mais suave ou mais profundo, mais alegre ou mais triste…
Acho que as cores são como as pessoas. Dependem muito do que as rodeia. Todos nós nascemos iguais, mas alguns são mais iguais do que outros... As diferenças começam antes do nascimento, e prolongam-se durante toda a nossa vida. Nós e as cores somos sensíveis ao ambiente que nos cerca.
Esta atmosfera é a essência mágica com que se cria o génio ou uma obra-prima.
domingo, 24 de outubro de 2010
AS CIDADES DAS EMOÇÕES
Lisboa Elevador de S. Justa Autor António Tapadinhas
Óleo sobre Tela 80x100cm
Esta obra esteve exposta junto com outra porque tinham em comum as cores utilizadas e um elemento colocado na Secção de Ouro, ou Divina Proporção, como lhe chamou mais tarde Leonardo da Vinci no seu Tratado da Pintura – o Elevador de Santa Justa.
A outra, que apresentarei a seguir, procura transmitir a sensação das cores quentes e da luz estonteante nos telhados de Lisboa. Esta, apelando mais à imaginação do observador, tem a construção cubista/cézanniana do mundo.
O movimento cubista iniciado por Braque e Picasso, divide-se normalmente em três fases. A primeira, Cézannianna, dizia que tudo se pode reduzir a cones, cilindros e esferas. A segunda, Analítica, em que as obras são trabalhadas numa cor base, e por fim, a fase do Cubismo Sintético, que é a mais geometrizada e a mais abstracta de todas. Todos os pintores de qualquer destas fases tinham em comum a admiração, a veneração por Cézanne e a sua visão construtiva do mundo.
Eu também!
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
ÉOLO
Moinhos de Alburrica Acrílico sobre Tela 50x50cm
(clique sobre a imagem)
Moinhos (em construção)
Já devem ter notado que os deuses gregos têm relações de tal maneira conflituosas, que será melhor não nos metermos nestas querelas familiares.
Éolo interessa-me porque, segundo a Odisseia, tratou com deferência Ulisses, ofertando-lhe um odre em que estavam encerrados todos os ventos com excepção dos ventos Zéfiros que o levariam a sua casa, em Ítaca.
Ulisses, fundador da cidade de Lisboa segundo a lenda, daí também os seus habitantes serem chamados de ulissiponenses, tem no Castelo de S. Jorge uma torre com o seu nome. Nesse local, está instalado um mecanismo óptico inventado por Leonardo Da Vinci no século XVI, um Periscópio, único existente em Portugal, que permite observar a cidade a 360º em tempo real, incluindo a margem esquerda do Tejo.
Nesta paisagem que eu, recorrentemente, fotografo e pinto, o grande destaque vai habitualmente para os moinhos de vento de Alburrica. Desta vez, queria destacar a paisagem circundante: o céu e, claro, o Rio Tejo, como estão nesta fase do trabalho.
Não consegui resistir à beleza da embarcação beijada pelas águas calmas do rio.
Quem conseguir que atire a primeira pedra!
domingo, 10 de outubro de 2010
SEM MARGENS NA BLOGALDEIA II
No dia 19 de Maio de 2009, escreveu a minha amiga, Ava, no seu Blogue "Minhas Vidas":
Vénus Autor António Tapadinhas
Óleo sobre Tela 100x100cm
Vice Versa
Autor: Mário Benedetti
Tenho medo de ver-te
necessidade de ver-te
esperança de ver-te
insipidezes de ver-te
tenho ganas de encontrar-te
preocupação de encontrar-te
certeza de encontrar-te
pobres dúvidas de encontrar-te
tenho urgência de ouvir-te
alegria de ouvir-te
boa sorte de ouvir-te
e temores de ouvir-te
ou seja
resumindo
estou danado
e radiante
talvez mais o primeiro
que o segundo
e também
vice-versa
Perde o mundo, mais um grande escritor e poeta. Mário Benedetti faleceu domingo, dia 17 de maio. Nascido no Uruguai, mais uma mente brilhante da America do Sul.
Entre seus tesouros, um em especial me encanta... aqui está, para o deleite de todos vcs!
Para ilustrar tão belo poema, nada melhor que uma bela obra de arte!
Vênus - Óleo obre tela, um quadro flamejante de paixão! Obra de António Tapadinhas, pintor português que coloca vida em seus quadros.
Um balaio de beijos, Ava!
Vénus Autor António Tapadinhas
Óleo sobre Tela 100x100cm
Vice Versa
Autor: Mário Benedetti
Tenho medo de ver-te
necessidade de ver-te
esperança de ver-te
insipidezes de ver-te
tenho ganas de encontrar-te
preocupação de encontrar-te
certeza de encontrar-te
pobres dúvidas de encontrar-te
tenho urgência de ouvir-te
alegria de ouvir-te
boa sorte de ouvir-te
e temores de ouvir-te
ou seja
resumindo
estou danado
e radiante
talvez mais o primeiro
que o segundo
e também
vice-versa
Perde o mundo, mais um grande escritor e poeta. Mário Benedetti faleceu domingo, dia 17 de maio. Nascido no Uruguai, mais uma mente brilhante da America do Sul.
Entre seus tesouros, um em especial me encanta... aqui está, para o deleite de todos vcs!
Para ilustrar tão belo poema, nada melhor que uma bela obra de arte!
Vênus - Óleo obre tela, um quadro flamejante de paixão! Obra de António Tapadinhas, pintor português que coloca vida em seus quadros.
Um balaio de beijos, Ava!
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
SEM MARGENS NA BLOGALDEIA I
Faz este mês três anos que comecei a pintar a palavra e a escrever a pintura. Tive, até agora, mais de 63.000 visitantes, pois só introduzi o contador de visitas alguns meses após o seu início. Na verdade, não esperava manter durante tanto tempo, e sem interrupções, o meu blogue. Consigo identificar os culpados: são os seus visitantes, meus amigos, que com a sua generosidade, fazem deste tempo que passo em frente do computador, momentos de comunhão com o melhor que existe em cada um de nós!
O meu sentido e sincero obrigado a todos!
Irei apresentar exemplos concretos do que acabei de afirmar.
Na postagem de 30 de Abril de 2009, no blogue Life...Living, Anne Moor disse:
Quando o António apresentou a obra disse "que os modelos são banhados por uma luz forte, com cores vivas e quentes, que, se em alguns casos, quase os ocultam, serve sempre para evidenciar a sua beleza e sensualidade. E continuo a pensar assim, porque a pintura deve fazer-nos sonhar com um mundo melhor, mais harmonioso, mais sedutor." Provocada por comentário do rm no post anterior e inspirada na pintura divina de António apresento 'Luz' acompanhada de 'Afrodite':
A luz que alumia a vida
alucina identidades
acena caminhos
brilha!
A luz que flutua nas mãos
espalha raios
treme na ofuscação
cintila!
A luz que emana d’alma
deslumbra o sentir
canta corações
chameja!
© Anne M. Moor
Afrodite, feiticeira do amor de António Tapadinhas
Óleo sobre tela 120X120cm
O meu sentido e sincero obrigado a todos!
Irei apresentar exemplos concretos do que acabei de afirmar.
Na postagem de 30 de Abril de 2009, no blogue Life...Living, Anne Moor disse:
Quando o António apresentou a obra disse "que os modelos são banhados por uma luz forte, com cores vivas e quentes, que, se em alguns casos, quase os ocultam, serve sempre para evidenciar a sua beleza e sensualidade. E continuo a pensar assim, porque a pintura deve fazer-nos sonhar com um mundo melhor, mais harmonioso, mais sedutor." Provocada por comentário do rm no post anterior e inspirada na pintura divina de António apresento 'Luz' acompanhada de 'Afrodite':
A luz que alumia a vida
alucina identidades
acena caminhos
brilha!
A luz que flutua nas mãos
espalha raios
treme na ofuscação
cintila!
A luz que emana d’alma
deslumbra o sentir
canta corações
chameja!
© Anne M. Moor
Afrodite, feiticeira do amor de António Tapadinhas
Óleo sobre tela 120X120cm
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
VELHARIAS
Antigo Cais da Moita Acrílico sobre Tela 30x40cm
(clique sobre imagem)
Este quadro mostra a degradação do cais palafítico que foi, entretanto, substituído por um mais moderno e funcional e, acrescento eu, menos atraente, esteticamente.
Bem perto deste, na freguesia do Rosário, existe outro cais de estacas que está vedado por causa do perigo que representa para quem o utiliza. Receio que siga o destino deste, quero dizer, a continuidade da sua degradação até se tornar impossível a sua recuperação, à semelhança do que acontece com os edifícios antigos nas zonas nobres das cidades.
Depois de concluir esta obra, senti que se fechava este ciclo.
Não sei o que se seguirá.
Alguma sugestão?
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
PINTAR PALAVRAS
Contraluz Acrílico sobre Tela 50x50cm
Autor António Tapadinhas
O título foi dado a esta obra, na mesma semana em que se estreou o primeiro filme feito por um português, em Hollywood. Pode ler-se na respectiva sinopse: “Várias pessoas sem ligação entre si estão em situações de extremo desespero quando algo inesperado acontece que irá mudar radicalmente o rumo das suas vidas. Caberá a cada um moldar o seu destino de modo a reencontrar a felicidade. Mas há destinos que só se alcançam depois de alterar o dos outros.”
Eu ainda não vi o filme mas sei que o protagonista é salvo pelas palavras do GPS: “Faça inversão de marcha. Está na rota errada para o seu destino.” O poder da palavra, mesmo no GPS.
(em construção)
Há três coisas na vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida. Neste provérbio chinês, mais uma vez o poder da palavra.
Uma imagem vale mais do que mil palavras.
Gosto de acreditar que se completam, afinal
Eu pinto palavras e escrevo pintura.
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
AS CIDADES DAS EMOÇÕES
Siderurgia Óleo sobre Tela 73x92cm
Barreiro é a cidade mais próxima da minha casa. É uma cidade de contrastes e, por isso mesmo, muito interessante.
Foi o principal eixo da ligação Norte Sul, por causa do Caminho de Ferro e da travessia entre as duas margens do Tejo. Foi um importante centro corticeiro. A indústria química, cujo expoente máximo foi a CUF – Companhia União Fabril, onde chegaram a trabalhar mais de 8.000 operários, era a maior do País.
Em frente, separados pelas águas do Tejo, florescia a Siderurgia Nacional.
Qualquer destes pólos de desenvolvimento apresentados como um alicerce da economia, foi ultrapassado pela dinâmica do sistema, deixando feridas ambientais que só agora começam a ser tratadas.
Mas, não me apetece falar destes assuntos...
O rio Tejo continua lindo!
sábado, 7 de agosto de 2010
QUIXOTESCO
D. Quixote - óleo sobre tela 80x100cm
Foi há quatrocentos e cinco anos que saiu a primeira edição do livro "El Ingenioso Hidalgo Don Quijote de La Mancha" – quatro séculos de influência na cultura do mundo moderno. Tanto tempo decorrido e continua a fazer falta o nosso herói : “Vou a castigar insolentes e a endireitar tortos”.
Com esta minha obra aconteceu um facto estranho.
No segundo dia da exposição, já perto da hora do fecho, passei pela galeria para saber das impressões do público. Qual não é o meu espanto quando vejo, no sítio onde devia estar o quadro, um letreiro a dizer vendido. Tinha dado instruções para que todas as obras ficassem em exposição, e só no final deveriam ser entregues aos eventuais compradores. Perguntei à encarregada da galeria o que se tinha passado. “Muito simples – disse ela – uma senhora nova, muito bonita e elegante (não são todas?), tinha de apanhar o avião para Buenos Aires e queria levar o quadro. Depois de pensar o que devia fazer, disse que o entregava mas exigi que me pagasse em dinheiro. Ela disse que sim, foi ao Banco ali ao lado e deu-me o dinheiro todo. Saiu toda contente”.
Quem não ficou muito feliz com a história fui eu. Até hoje não sei onde para esta obra. Refiro o caso porque (quem sabe?) pode dar-se a coincidência do meu blog ser visitado pela pessoa que o comprou e contactar-me. Seria uma grande alegria reencontrá-lo.
Disse Woody Allen: “Por que Deus não fala comigo? Se Ele pelo menos tossisse”.
Quixotesco, não acham?
quinta-feira, 29 de julho de 2010
PÔR-DO-SOL NA RIA (2)
Quintas do Norte Acrílico sobre Tela 40x60cm
Neste quadro, ao contrário do que acontece na vida, comecei pelo céu. As cores utilizadas servem para dar os reflexos que as águas calmas da ria recebem do alto.
Só depois de estar satisfeito com todo o espelho de água, comecei a espetar as estacas no terreno lodoso. Para melhor destacar a sua elegância, utilizei diversas camadas de tinta bem espessa.
Eliminei uma outra embarcação que estava no desenho inicial, bem como todos os pormenores que poderiam distrair a atenção do essencial: sensação de paz e tranquilidade.
Para reforço da harmonia da obra, sem beliscar a sua força, o azul do céu é o mesmo do barco e da água, e na linha do horizonte está o mesmo conjunto contrastante do verde e azul que lhe dão cor.
Parece-me uma obra refrescante para estes dias de calor…
segunda-feira, 26 de julho de 2010
PÔR-DO-SOL NA RIA
Quintas do Norte (em construção) Acrílico sobre Tela 40x60cm
A Murtosa é uma Vila do distrito de Aveiro situada numa planície junto ao Oceano Atlântico, cuja origem remonta aos inícios do século XIII. A sua íntima ligação com o Oceano e com a Ria que tem aqui o seu maior espelho de água, justificavam que as suas principais actividades tenham sido a pesca e o moliço, nome dado à apanha de algas que são utilizadas como fertilizante natural. Os barcos moliceiros ainda continuam a ser utilizados na arte Xávega, um tipo de pesca de arrasto em que o barco sai de terra deixando no fundo uma corda ligada a uma rede, que depois é arrastada até á praia, puxada por bois ou tractores, com o peixe que apanha pelo caminho.
Este trecho da paisagem seduziu-me pela elegância das estacas espetadas no fundo lodoso da ria.
É a partir destas pinceladas de cor dadas com a tinta diluída em água, que eu vou salientar com a tinta mais espessa, as cores e texturas, com vista a conseguir o efeito que pretendo: a tranquilidade de um pôr-do-sol.
segunda-feira, 19 de julho de 2010
PALAFITAS
Carrasqueira Acrílico sobre Tela 30x40cm
Cá está o segundo quadro da série “Palafitas”. Podem rever o primeiro na minha entrada de 11 de Maio de 2009.
A Carrasqueira é uma aldeia, em plena Reserva Natural do Estuário do Sado, que conserva algumas construções em madeira coberta de caniço – os palheiros – e um cais de estacas de madeira (palafitas), que se prolonga por centenas de metros sobre os esteiros lodosos do rio. Foi um processo iniciado por dois pescadores que criaram um acesso para chegarem aos seus barcos, sem se enterrarem no lodo, aos quais se foram juntando outros, até se chegar ao emaranhado de estacas que tornaram este local um dos mais visitados do concelho.
Já estou a trabalhar no quadro seguinte desta série.
domingo, 11 de julho de 2010
FALANDO DE PELES...
Pele de Pinheiro Acrílico sobre Tela 50x50cm
A minha entrade de 8 de Abril, The Unknown God, concluía assim:
E já olharam bem de perto a casca de um pinheiro-manso? As suas diversas camadas estão perfeitamente definidas, consoante o tempo de exposição ao sol, com uma inenarrável gama de cores quentes, delimitadas por traços de tinta-da-china preta, num trabalho delicado, que só pode ser de algum “UNKNOWN GOD”…
Como não tive nenhuma resposta, parti do princípio que ainda não a tinham olhado e apreciado em todo o esplendor da sua beleza.
Aqui está a oportunidade de confirmar que não exagerei!
quinta-feira, 1 de julho de 2010
DEPOIS DE VAN GOGH (2)
Cais de Alhos Vedros Acrílico sobre Tela 30x40cm
(clique sobre a imagem)
O realismo do desenho, os seus pormenores, serve para eu me deleitar na liberdade da pincelada, no seu empaste e, mormente, na intensidade da cor que, só por mera coincidência, coincide com a realidade.
Do primeiro plano desapareceu uma estaca que lá estava inicialmente para conduzir o olhar do observador para a direita do quadro: deixei essa missão para a margem multicolorida que nos espreita…
O contraste dos amarelos e azuis é realçado pelos tons verdes (soma e complemento de ambas as cores) das margens e suavizado pelos acordes rosa, presentes no céu e na água que deve ser o seu espelho.
Olhando para este trabalho concluído, quero dizer, com a maior franqueza, que não noto nenhumas diferenças em relação aos meus mais recentes quadros.
Será que os meus amigos notam algumas?
E com esta música?
segunda-feira, 28 de junho de 2010
DEPOIS DE VAN GOGH
Cais de Alhos Vedros Acrílico sobre Tela 30x40cm
(clic sobre a imagem)
Nos dias que passei em casa do Mestre, regressei a casa com algumas certezas e muitas dúvidas.
Na análise dos seus desenhos, fiquei com a certeza que, afinal, ele preparava os seus quadros ao pormenor, com a indicação da fonte de luz e os seus traços dados com a direcção e intensidade que permitiam a aparente espontaneidade da sua pincelada. Num dos retratos, inacabado, é visível a quadrícula que utilizou para respeitar as proporções do modelo.
Sobre as dúvidas falaremos depois.
Neste meu desenho, não indico a direcção da pincelada, mas está garantida a sua espontaneidade, pois tenciono cobrir toda a tela com este vibrante Cadmium Yellow Médium Hue…
Quero que este amarelo fique a cintilar por debaixo das cores que o vão cobrir!
Vou continuar o meu trabalho.
Até já!
terça-feira, 22 de junho de 2010
À PROCURA DE VAN GOGH
Diógenes percorria as ruas de Atenas com uma lamparina dizendo estar à procura de um homem honesto. Não sei se o encontrou.
Eu procurava o Mestre da Pintura que criou com a sua cor, um mundo novo.
Na minha busca passei pelos canais de Amesterdão,
pelos cafés da noite,
percorri os campos de trigo, com corvos,
verifiquei no moinho de tinta de Kat em Kalverringdijk...
Finalmente, encontrei-o, em toda a sua pujança, no seu museu.
Espero que o tenha trazido comigo.
A urgência de Van Gogh em viver a vida, nos curtos dez anos que dedicou à pintura, vai ser a minha, para confirmar se consegui absorver o seu espírito.
Por falar em Mestres: fiquei desolado com a morte de Saramago!
Eu procurava o Mestre da Pintura que criou com a sua cor, um mundo novo.
Na minha busca passei pelos canais de Amesterdão,
pelos cafés da noite,
percorri os campos de trigo, com corvos,
verifiquei no moinho de tinta de Kat em Kalverringdijk...
Finalmente, encontrei-o, em toda a sua pujança, no seu museu.
Espero que o tenha trazido comigo.
A urgência de Van Gogh em viver a vida, nos curtos dez anos que dedicou à pintura, vai ser a minha, para confirmar se consegui absorver o seu espírito.
Por falar em Mestres: fiquei desolado com a morte de Saramago!
sexta-feira, 11 de junho de 2010
CONVITE ACEITE!
Convite para um café - Óleo sobre tela 80x100cm
Esta tela está em Zambujeira do Mar, num monte alentejano que pertence a um grande amigo meu. Está lá, porque foi a prenda de anos que a sua mulher lhe ofereceu.
De vez em quando, passo uns dias no monte para fazermos grandes (ás vezes pequenas, mas não é o mais importante) pescarias na foz do rio Mira, ou nas praias da costa alentejana.
No monte, sento-me numa cadeira com fundo de palha, semelhante à que tenho na tela, frente a frente, separados por uma mesa. Sinto que aquele lugar na cadeira, não está vazio: Vincent Van Gogh está lá sentado. Eu vejo-o lá: os seus cabelos e barba vermelhos, o seu rosto anguloso com rugas bem vincadas e, sobretudo, os seus penetrantes olhos verdes a dizer-me ... não me atrevo a dizer o quê...
E, na próxima semana, finalmente, vou retribuir-lhe a visita! Vou a Amesterdão e espero passar um dia na companhia do génio, na sua casa, o Van Gogh Museum!
quinta-feira, 3 de junho de 2010
ADORADOR DO SOL
A Cidade do Sol
Acrílico sobre Tela (Políptico) 4x25x30cm
Gostei tanto do resultado da inspiração momentânea que me levou a executar o políptico “A Cidade dos Sonhos”, utilizando a gama de cores frias, que parti para a “Cidade do Sol” com a ideia precisa do que pretendia.
O olho humano distingue uma grande variedade de cores e tons, sem limites definidos. Este espectro visível abrange uma certa gama de frequências que correspondem a seis cores: vermelho, laranja, amarelo – cores quentes e verde, azul e violeta – cores frias.
Decidi, nestas quatro telas, utilizar a minha paleta de cores quentes na transmissão da sensação do sol a aquecer o ar, as casas, a alma da gente da minha Lisboa.
terça-feira, 25 de maio de 2010
DEIXEM-ME SONHAR!
A Cidade dos Sonhos
Acrílico sobre Tela (Políptico) 4x25x30cm
O caminho faz-se caminhando.
Esta obra, pouco ambiciosa no princípio, começou a ganhar forma na minha imaginação, à medida que a executava. Tinha planeado, nesta série, fazer uma cidade de sonho, com as dimensões de 100x120 cm. Para transmitir a sensação de misticismo, pensei executar a obra com uma paleta de cores dominada pelas cores-pigmento terciárias. De entre estas cores, queria usar e abusar do violeta, combinando-o preferencialmente com carmim, azul ultramarino e verde esmeralda. Como esta era uma gama de cores que eu pouco usava, cortei uma tela de 25x30cm e lancei mãos à obra.
Adorei a tela acabada. Sabia que seria irrepetível o resultado. Tive uma daquelas ideias brilhantes que, de vez em quando, nos assaltam: continuar, sem deitar fora o trabalho já feito, com mais três telas, que completassem a dimensão que tinha planeado para a obra final.
Assim fiz... e o trabalho aí está para a vossa apreciação crítica.
segunda-feira, 17 de maio de 2010
ADN
INADAPTADOS Acrílico sobre Tela 100x100cm
Esta foi a obra que resultou do estudo apresentado na postagem anterior. As semelhanças não são muitas, direi mesmo que são pura coincidência.
Toda a tela foi coberta com Yellow Ochre, bastante espesso. Com a tinta ainda fresca, fiz traços verticais com o cabo do pincel (clique sobre a imagem), para destruir a uniformidade da pintura.
Deixei secar a tinta e comecei a pintar as séries de cores frias e quentes, deixando em todas elas apontamentos de outros tons que não faziam parte do conjunto – os inadaptados.
Esta obra foi seleccionada para a VII Bienal de Artes Plásticas – Prémio Vespeira.
Sempre que exponho esta peça é recorrente dizerem-me que a sua estrutura faz lembrar a sequência do ADN. O engraçado é que eu também já prefiro este título. Só não o mudo porque não se mexe numa equipa vencedora!
sexta-feira, 7 de maio de 2010
A GRANDE CAMINHADA
Inadaptados Acrílico s/tela 60x60cm
Esta obra ganhou vida por ela própria. A ideia inicial era, numa tela já pintada com cores ocre, texturada, com incisões horizontais espaçadas e verticais mais próximas, pintar uma série de cores frias e quentes, no plano horizontal. Queria incutir no espectador uma sensação de grupos heterogéneos a caminhar, determinados, na obtenção de um objectivo misterioso. Este estudo serviria para preparar uma tela mais ambiciosa para uma bienal de prestígio - Prémio Vespeira. O problema foi que gostei tanto deste estudo que não me quis copiar. Na versão final, mais elaborada e de maiores dimensões, nem o título mantive. Esta tela continua comigo e não é mais um estudo - tem um lugar de destaque entre as obras que criei.
Esta obra ganhou vida por ela própria. A ideia inicial era, numa tela já pintada com cores ocre, texturada, com incisões horizontais espaçadas e verticais mais próximas, pintar uma série de cores frias e quentes, no plano horizontal. Queria incutir no espectador uma sensação de grupos heterogéneos a caminhar, determinados, na obtenção de um objectivo misterioso. Este estudo serviria para preparar uma tela mais ambiciosa para uma bienal de prestígio - Prémio Vespeira. O problema foi que gostei tanto deste estudo que não me quis copiar. Na versão final, mais elaborada e de maiores dimensões, nem o título mantive. Esta tela continua comigo e não é mais um estudo - tem um lugar de destaque entre as obras que criei.
terça-feira, 27 de abril de 2010
INVERNO
Flor de Amendoeira Óleo sobre Platex 15x15cm
(clique sobre a imagem)
Com o trabalho tudo correu bem, o último quadro foram ramos floridos – tu verás, entre as minhas obras talvez a que fiz com mais paciência e melhor, pintada com calma e uma maior segurança das pinceladas.
Estas palavras foram escritas por Van Gogh, numa carta ao seu irmão, depois de concluir um quadro, para oferecer ao seu sobrinho e afilhado, Vincent.
A obra, com o título, “Amendoeira em Flor”, óleo sobre tela, 73x92cm, está em Amesterdão, no Rijksmuseum Vincent Van Gogh. Todos os críticos, nos seus comentários, consideram este céu, o mais intenso, o mais brilhante, que o artista alguma vez pintou. Tinha a intenção de colocar aqui o quadro, mas fiquei completamente baralhado: se se derem ao trabalho, verificarão, nas centenas de reproduções que há no Google, as diferenças gritantes que existem entre cada uma delas.
Brevemente, estarei no local para saber qual é, afinal, o verdadeiro azul do mestre. Por agora, mais do que a queda de neve ou os gélidos ventos, imaginem as andorinhas pairando no ar, com o inconfundível aroma das amendoeiras em flor, anunciando a chegada da Primavera…
Pode escutar o concerto para violino e orquestra, “As Quatro Estações – Inverno”, em que, logo no início, os acordes dissonantes da orquestra lembram os gélidos ventos e a queda de neve, com o violino em escalas descendentes e harpejos, imitando o canto dos pássaros ávidos do calor do sol - como nós!
terça-feira, 20 de abril de 2010
OUTONO
Outono Óleo sobre Platex 15x15cm
(clique sobre a imagem para ver pormenores)
A mais popular obra de Vivaldi é, "As quatro Estações", em que o compositor expressa musicalmente, de uma forma simples, directa e descritiva a natureza. O Outono, estação da queda das folhas, é um concerto em fá maior para violino, cordas e cravo. Tem os três andamentos dos outros concertos e pela mesma ordem: “Vindima”, allegro, a bebedeira causada pelo vinho (adágio molto) e no último, o trepidante ritmo da caça, obviamente allegro, menos para o veado que é morto!
Diz-se que o Outono é uma estação calma, de meias-tintas. Tal como acontece com o veado, também as folhas ao morrer não me deixam indiferente: mostram com a violência das suas cores, o seu protesto pela morte que adivinham! E como são eloquentes!
Quando morrer quero ter cores assim!
quarta-feira, 14 de abril de 2010
VERÃO COM VAN GOGH
Verão Óleo sobre Platex 15x15cm
(clique sobre a fotografia)
Sob a dura estação, pelo Sol incendiada, (Sotto dura Staggion dal Sole accesa), é assim que começa o poema que inspirou a composição musical. Este concerto, tal como o das outras estações, tem três andamentos: dois rápidos e um lento. Vivaldi escreveu para ele próprio ser o violinista solista, dando melodias mais ternas e suaves aos andamentos lentos, e grande vivacidade aos andamentos rápidos. Nigel Kennedy, o solista, deste III Presto, é o vulcão visível deste Verão de Vivaldi.
O que inspirou a série de girassóis que fui fazendo, pensando friamente, resultou de um acaso.
Já vos disse que tenho uma caturra que imita o meu assobio no "Hino Nacional", na "Quinta Sinfonia", de Beethoven, no "Jingle Bells", entre outras músicas. Ela come uma mistura de sementes. É muito temperamental, como todas as divas, e espalha-as por todo o lado. Recolho as sementes do chão e atiro-as para o terreno para que outras aves as aproveitem. Há uns anos atrás, duma dessas sementes, nasceu um espectacular girassol, com o qual fui gastando rolos e rolos de fotografias, de todos os ângulos e com todas as situações de sol e sombra.
Mas eu não acredito em acasos! E eu acho que não foi inocente o nascimento dessa flor no meu terreno: Van Gogh esteve lá a cuidar dele...
quinta-feira, 8 de abril de 2010
THE UNKNOWN GOD (II)
Queda de um Gigante Acrílico sobre Tela 30x40cm
(clique sobre a imagem para ver pormenores)
Eu fui um dos braços amigos que amparou o pinheiro, se a força do pensamento o conseguir fazer…
Olhando a terra esventrada pelas raízes que teimosamente se mantinham, e subindo o olhar para o céu filtrado pelas ramagens finas e pelas carumas, a sua cor era o complemento das que lhe faziam de filtro. A brisa ligeira, que afagava os ramos, fazia desfilar perante os meus olhos extasiados, um caleidoscópio de cores que me deixava sem respiração.
E já olharam bem de perto a casca de um pinheiro-manso? As suas diversas camadas estão perfeitamente definidas, consoante o tempo de exposição ao sol, com uma inenarrável gama de cores quentes, delimitadas por traços de tinta-da-china preta, num trabalho delicado, que só pode ser de algum “UNKNOWN GOD”…
quarta-feira, 7 de abril de 2010
THE UNKNOWN GOD
Queda de um Gigante (em construção) 30x40cm
Os atenienses, apesar dos seus doze deuses principais, com receio de ferirem susceptibilidades, criaram um templo dedicado ao deus desconhecido. Se não serviu para mais nada, a sua existência ficou justificada com a obra-prima, “A um deus desconhecido”, de John Steinbeck.
Nesta novela telúrica, panteísta, Joseph Wayne, para cumprir o desejo do pai, vai viver para uma terra de vales imensos e de majestosas árvores. Depois da sua morte, Joseph acredita que a alma do pai se recolheu no imponente carvalho, junto da casa. A partir desse momento, a sua vida fica ligada umbilicalmente, de uma forma mística, ao destino da árvore. Como quase sempre acontece, é por uma boa razão, em nome de Deus, para o salvar do fogo do inferno, que seu irmão assassina o velho carvalho, cortando-lhe as raízes. O sentimento de tragédia, presente nas páginas da novela, começa a adensar-se com a seca que invade a terra e atinge o seu paroxismo quando Joseph se suicida. Com “o sangue a gorgolejar das artérias abertas”, ele diz: “Eu sou a terra e sou a chuva. A erva brotará de mim dentro em pouco.”
No passeio pelos sapais do Tejo, do qual falei anteriormente, logo a seguir ao Moinho da Charroqueira, encontrei um sinal das intensas chuvadas e fortes ventos: um pinheiro-manso (Pinus pinea) caído, suportado, de um lado, pelas suas raízes, e do outro, como que amparado por braços amigos, com as ramagens na terra. Lembrei-me de imediato da árvore assassinada em nome de Deus.
“E a tempestade recrudesceu e, com um enorme cachoar de águas, cobriu de sombra o mundo.”
Este desenho está mais pormenorizado do que é costume, porque é minha intenção dar-lhe a aparência de um vitral, que poderá ser colocado, quem sabe, numa UNKNOWN CHURCH.
sexta-feira, 2 de abril de 2010
PRIMAVERA
Primavera Óleo sobre Platex 15x15cm
Esta é a imagem sonora de Antonio Vivaldi que podem ouvir aqui.
Descreve a chegada da Primavera como uma festa da natureza. Nos solos dos violinistas, está reproduzido o canto dos pássaros e o murmúrio dos riachos afagados pela brisa suave e fresca. Podemos imaginar a dança das ninfas e dos pastores, sob o brilho do sol primaveril, depois do rugido dos trovões e da luz lívida dos relâmpagos iluminando o manto negro das nuvens características do Inverno.
Esqueçam os produtos que esta música já vendeu, nos spots publicitários – se puderem…
A imagem visual da Primavera, de António Tapadinhas, tem as flores mais singelas – umas papoilas saltitantes…
São estas flores que eu ofereço aos meus amigos, desejando a todos uma Páscoa Feliz!
quinta-feira, 25 de março de 2010
PASTOR DE SONHOS (II)
Pastor de Sonhos Acrílico sobre Tela 30x40cm
Já disse que a obra de Fernando Pessoa é tão vasta, que basta procurar para descobrir, com certeza, um poema que retrate com fidelidade o que queremos dizer. A vantagem é a genialidade do Poeta.
O GUARDADOR DE REBANHOS
Alberto Caeiro
Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.
Nesta obra o Céu está por cima de nós, como é natural num Céu que se preze... Mas, se olharmos melhor, ele está também a nossos pés!
Façam-me um favor: Sejam felizes!
quarta-feira, 24 de março de 2010
PASTOR DE SONHOS
Pastor de Sonhos (em construção) Acrílico sobre tela 30x40cm
Um grupo de amigos formou o blogue, Estudo Geral. Na primeira reunião, por ser num sítio emblemático da nossa região, levei a máquina fotográfica e o meu equipamento natural treinado para ver uma pintura em qualquer lugar.
Fizemos um percurso a pé pela Reserva Natural do Tejo, numa zona de sapal e antigas salinas, num silêncio só quebrado pelos gritos das aves e pelo relinchar dos cavalos que pastavam as suculentas plantas.
Trocámos algumas impressões, poucas, sentados num banco, junto às ruínas do Moinho da Charroqueira, o epicentro do espectáculo que se desenrolava perante os nossos olhos.
Este quadro, de que mostro o desenho e esta primeira abordagem da cor suave que pretendo, para além do óbvio, ambiciona guardar a parte nobre dos homens: os seus sonhos!
sexta-feira, 19 de março de 2010
LUZ (II)
Tivoli Marina de Portimão Acrílico sobre Tela 30x40cm
(clique sobre a imagem para ver pormenores)
Continuei com a vontade de escrever com as tintas esta mensagem de amor que, mais do que ficar comigo, guardada em mim, pudesse ser transmitida a todos os que apreciam os valores que estiveram na sua génese.
O vigor da execução, as pinceladas carregadas de matéria e de cores luminosas, contrastantes, procura transmitir o ambiente que vivi durante esses inesquecíveis dias.
Ao acabar esta obra, espero que o meu direito ao sonho possa ser entendido por todos.
Hoje, dia do pai, sinto-me muito avô!
terça-feira, 16 de março de 2010
LUZ
Tivoli Marina de Portimão Acrílico sobre Tela 30x40cm
(Ars Interim)
Na execução do quadro “Marina de Portimão”, quis deixar bem vincada a alegria contagiante da descoberta do mundo pelo meu neto, e a vibração das cores que transformavam esse dia num manancial de emoções, que gostaria de eternizar na tela.
Prova da satisfação que obtive com essa obra é esta que agora começo. Não tem, talvez, a força exuberante que nos é transmitida por uma primeira obra, mas terá a expressividade e a segurança que nos dá o conhecimento do caminho que percorremos.
O desenho a tinta acrílica, Ivory Black, foi feito com um pincel n.º 6, Short Flat, para que não se perdesse a separação dos volumes e da cor.
As cores usadas são as que constituem a realidade que via com os meus olhos: luz vibrante, reflexos iridescentes, numa anarquia cheia de rigor…
Quero que amanhã, quando for concluir a pintura, ela se mantenha como agora a vejo: plena de vitalidade, de luz e, já agora, de beleza!
quinta-feira, 11 de março de 2010
VIOLÊNCIA
Parque Catarina Eufémia Óleo sobre Tela 50x60cm
Hoje de manhã, vi na televisão um grupo de deputados do Canadá, a comerem com satisfação carne de golfinho. Alguns, com o garfo espetado para a câmara, com um largo sorriso, mostravam o seu aprazimento pelo acto. Tudo isto, para demonstrarem à EU, que se estavam borrifando para as suas recomendações, na preservação desta espécie.
Lembrei-me deste quadro, que mostra um pequeno lago no Parque Catarina Eufémia, no Barreiro, que eu costumava frequentar com as minhas filhas.
Aqueles cisnes negros, que nadam alegremente, foram, dias depois, mortos por alguns energúmenos, sem nenhuma razão aparente.
Os deputados, coitados, estão a lutar pela sua sobrevivência, por isso, têm de comer golfinhos…
Até agora ainda não consegui decidir quem me causa maior repulsa.
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