segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

ANO NOVO



Inverno Acrílico sobre tela 100x100cm

Foi a ouvir o concerto para violino e orquestra, “As Quatro Estações”, de Vivaldi, que encontrei a inspiração para executar este quadro. Logo no início, os acordes dissonantes da orquestra lembram os gélidos ventos e a queda de neve, com o violino em escalas descendentes e harpejos, imitando o canto dos pássaros ávidos do calor do sol. Curiosamente, quando procurei a ilustração para esta postagem, surgiu-me esta encenação do concerto em que as cores dos fatos dos personagens são iguais às que utilizei no meu quadro.
Esta obra foi feita por mim com as mãos a tremer de frio, a ser atingido pelos ventos cortantes que, apesar das portas e janelas fechadas, entram pelas frinchas do meu estúdio…
Mas é com o coração quente que desejo a todos os amigos um Feliz Ano Novo!

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

FELIZ NATAL


Tomar Rio Nabão Óleo sobre Tela 90x105cm

Tomar é uma cidade de que eu guardo gratas recordações. Passei lá um período muito importante da minha vida, à sombra do Convento da Ordem de Cristo e do Castelo Templário fundado em 1160 por D. Gualdim Pais, Mestre Provincial da Ordem do Templo. Quando os Templários começaram a ser perseguidos em França por Filipe, o Belo, Portugal recebeu os membros da Ordem, em reconhecimento dos serviços prestados, nomeadamente nas guerras de Reconquista que expulsaram os mouros da Península Ibérica. O Infante Dom Henrique, grão-mestre da Ordem, soube utilizar os recursos e os vastos conhecimentos de que dispunham sobre navegação, para o êxito dos descobrimentos portugueses. O seu poder, diz-se, resultou directamente de documentos e tesouros encontrados na sua sede, situada no Templo de Salomão, em Jerusalém, nomeadamente o Santo Graal, o cálice onde foi recolhido o sangue de Jesus Cristo e que foi usado na última ceia.
Convoco o misticismo desta cidade, do seu rio, e dos Cavaleiros do Templo para desejar a todos os meus amigos Feliz Natal e um Ano Novo cheio de paz, saúde, amor e grandes realizações artísticas.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

O OLHO DE ULISSES


Olho de Ulisses Óleo sobre Tela 120x120cm

Há uns anos, resolvi fazer uma série com pormenores de embarcações da região, utilizando as suas formas elegantes e funcionais e os elementos decorativos pintados no seu casco, nomeadamente flores, as santas padroeiras, das quais a Nossa Senhora da Boa Viagem é um exemplo, e os olhos pintados na proa de alguns barcos que, ao contrário do que se poderia pensar, não serve apenas para ornamento. Já na antiga Grécia, desenhar ou gravar olhos nos objectos servia de mágica protecção contra o mau-olhado para os defender e aos seus donos, das invisíveis forças do mal. Neste caso das embarcações, a sua origem é atribuída a Ulisses, o lendário guerreiro grego.
Não sei se tem algum efeito em termos de protecção, mas que são bonitos, lá isso, são!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008


Invenção do Alfabeto Acrílico sobre Tela 100x100 cm

Na exposição que está a decorrer, estive a rever algumas fotografias de obras abstractas antigas, de entre as quais retive esta, que me lembrou a intenção que tinha de fazer uma série com as diversas invenções que transformaram o homem naquilo que é hoje, para o bem e para o mal. Nesta “Invenção do Alfabeto” de 2001, transformei a tela num terreno, pintando-a com tons terra, ocres e amarelo de Nápoles, para ser possível estudar neste “campo” as culturas e os modos de vida do passado, com os vestígios materiais que ia pintando. Cheguei até aos nossos dias, mostrando as estruturas de casas, arranha-céus incluídos, para deixar aos vindouros a possibilidade de compreenderem os valores culturais da nossa geração. Gostei tanto da já esquecida ideia que estou a considerar a hipótese de continuar a série.
O que acham?

sábado, 6 de dezembro de 2008

Entre 4 e 7 de Dezembro, realiza-se a 2.ª Mostra Internacional de Cinema Alternativo "Cão Amarelo", com um extenso programa, com várias sessões de cinema, perfomance, ateliers e uma Exposição de Pintura. Para mais informações www.caoamarel.blogspot.com

Exposição de pintura de António Tapadinhas
“O Mundo é um Caleidoscópio”

Nesta exposição, o artista pinhalnovense mostra uma vertente, talvez menos conhecida, da qualidade multifacetada da sua já extensa obra: a pintura abstracta.As peças foram especialmente escolhidas para um público que não se identifica (ou rejeita!) a arte figurativa por a considerar conservadora, ultrapassada. Nelas, pode descobrir-se facilmente um fio condutor que resulta da preparação cuidadosa, que não invalida, antes pressupõe, a criatividade natural e a espontaneidade.É uma exposição de emoções; sem elas estas obras não teriam certamente sido criadas.A exposição será inaugurada com a presença do artista. Ficará patente até dia 12 de Dezembro.

TAPADINHAS E 59ª POESIA


Um plano de conjunto da exposição

Foi pois na Quinta-feira 13 que se fez a inauguração da exposição de pintura de António Tapadinhas. A exposição conta com 19 obras, todas elas dentro do abstracto, abordando vários temas, como as quatro estações do ano, a música, a cidade e o cosmos. Para além da tertúlia que estas ocasiões naturalmente proporcionam, a noite foi também a 59ª sessão de poesias que, como não poderia deixar de ser, contou com a tribo do costume e também com a intervenção do artista com um poema de António Gedeão. Depois do poema infinito de Flankus, na fase final António Xavier escolheu um poema sobre o infinito. E foi a ouvir este poema que os presentes, contemplaram um quadro à sua escolha, numa experiência que depois valeu mais uma pequena tertúlia e se prolongou pela noite afora. A exposição estará patente até dia 12 de Dezembro.


António Tapadinhas à conversa com o público.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

CUBISMO


Olhão Óleo sobre tela 100x100cm

A cidade de Olhão situada no coração do Algarve, tem um aspecto panorâmico único no País, na Europa e talvez no Mundo, devido à estrutura das suas casas com a forma de cubos sobrepostos, que se encaixam por entre ruas estreitas, fazendo lembrar uma Medina. Os terraços (soteias ou açoteias) substituem com vantagem os telhados tradicionais, pois podem ter diversas funções, das quais, uma das mais evidentes, será a sua utilização como um espaço privado para apanhar o fresco das noites de Verão. Não serve, contudo, para recolher as águas da chuva para cisternas, como se poderá julgar por comparação com Marrocos: o nome da cidade deriva de sítio do olhão, rico em poços de água doce. A riqueza da pesca permitiu aos seus habitantes, no final do século XVIII, transformar os casebres de madeira em casas cúbicas de pedra e cal branca, com as suas chaminés rendilhadas e as açoteias em vez de telhados.
Sobre a execução da tela. Procurei tons de azul nas sombras para realçar a brancura das casas, com os mirantes, as torres e as chaminés tão características. Misturei areia à tinta de óleo para tornar natural a textura e os reflexos da luz. Criei a moldura com as mesmas tintas e textura da tela, para sugerir a continuidade do espaço da Cidade cubista antes de Picasso!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

BOCA DO VENTO


Guarita Óleo sobre tela 70x90cm

Já falei na beleza da travessia do Tejo numa daquelas embarcações a que chamamos cacilheiros porque fazem a viagem para Cacilhas. Julgo que pouca gente saberá donde deriva este nome. Conta a lenda, que no actual largo, estacionavam muitos burros esperando o desembarque dos passageiros interessados em fazer um passeio turístico por Almada. Quando angariava um cliente o dono do burro gritava ao seu ajudante “dá cá cilhas” para aparelhar o burro para o serviço. E assim nasceu o nome Cacilhas.
Esta tela é uma das que foi roubada no aeroporto de Barcelona, nas circunstâncias que relatei em postagem anterior.
Achei interessante o contraste entre a guarita abandonada e o elevador panorâmico da Boca do Vento (na altura em construção), que permite subir uma colina de 50 metros, sem nenhum esforço, para ver um soberbo panorama de Lisboa, a cidade das sete colinas. Era um dos locais onde eu ia à pesca antes das obras que transformaram o local numa zona ajardinada à flor da água, com restaurantes e esplanadas, para turistas.
Por falar em beleza: passei um fim-de-semana alargado no Algarve, para estar com a minha filha Elsa e o meu neto Rafael que fez cinco meses...

terça-feira, 11 de novembro de 2008

COZINHA ALENTEJANA


Cozinha Tradicional Óleo sobre Tela 60x70 cm

Quando era criança, passei algumas férias do Natal e as chamadas férias grandes, numa aldeia do alto Alentejo, chamada Torre das Vargens, de que era natural meu pai. Passava uns dias alucinantes na casa da minha avó, numa região em que predominavam os montados de sobro, pertencentes à Casa do Marquês de Fronteira, com imponentes touros bravos que só não incomodavam as cegonhas, senhoras dos céus.
Na minha viagem à Grécia, fiz um cruzeiro maravilhoso às suas ilhas: Mykonos, Rodes, Patmos… Ao entrar nas casas dos seus simpáticos habitantes, ao ver os utensílios que usavam para cozinhar, lembrei-me da minha infância: parecia estar a entrar na velha cozinha da minha avó.
Com os mesmos utensílios, com ingredientes semelhantes, incluindo o azeite de oliveira (há outro?), não admira que a comida alentejana seja tão marcadamente mediterrânica. Faz-se com uma boa dose de simplicidade, temperada com as ervas que perfumam o campo, combinadas com imaginação, quanto baste: o suficiente para nos sentirmos felizes.
Bom apetite!

terça-feira, 4 de novembro de 2008

TEJO CINTILANTE


Caldeira da Moita Acrílico sobre Tela 30x90cm

Este é o aspecto actual da Caldeira da Moita na preia-mar. Digo actual, porque estão projectadas obras que poderão alterar substancialmente esta visão. O formato panorâmico desta tela permite formar uma ideia da sua beleza.
A embarcação que se destaca neste quadro é o varino “Boa Viagem”, da Câmara Municipal da Moita, restaurado em 1981.
O seu nome teve origem nos "ovarinos", embarcações de Ovar. Barco típico do Tejo, servia para transportar carga, e tal como a fragata, também era de casco bojudo, mas mais elegante e sem quilha. O seu fundo liso permite-lhe singrar em águas pouco profundas, adequando-se perfeitamente à navegação nos esteiros do Tejo.
Aparelhava uma ou duas velas de estai substituindo o latino triangular por um quadrangular, num mastro inclinado para a ré. Tinha duas cobertas com anteparas, porão com paneiros e ainda bordas falsas para um melhor acondicionamento da carga.
É uma embarcação muito elegante, e simultaneamente muito robusta.
Os varinos vão continuar a sulcar o Tejo, não para transportar mercadorias, mas para navegar ao serviço de cidadãos interessados em ver o rio de um ângulo diferente. Condenados a apodrecer, esta é a segunda oportunidade dos varinos, recuperados e prontos para iniciar uma nova vida…
Quem não gostaria de ter uma segunda oportunidade?

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

TEJO CINTILANTE


Chegada a Lisboa Acrílico sobre Tela 54x65cm

Barreiro – Terreiro do Paço
Esta é uma das telas da exposição.
A imagem foi captada de barco, quando se faz a travessia de Barreiro para Lisboa, Terreiro do Paço.
Por causa da Sé, o edifício que domina a parte centro-esquerda (não é partido politico:) do quadro, todo o conjunto ficou com aquela tonalidade rosa suave que se pode encontrar em algumas gravuras antigas das cidades.
Confesso que gosto muito desta obra. Quem a vê, também gosta. Mas continua a ser uma das poucas que continua sem comprador... A razão não é o preço.
Terei de modificá-la? Dar mais textura à tela? Fortalecer as cores?
Eu, por mim, não a mudava... e não me importo de tê-la na minha casa!
O que acham?

domingo, 26 de outubro de 2008

PÁSSAROS DE FOGO


Flamingos no Rosário Acrílico sobre Tela 25x56cm

Este quadro é o número um da exposição “Tejo Cintilante”. Não houve nenhum motivo especial: simplesmente, aconteceu. No entanto, a minha filha Elsa que não esteve presente, quando me telefonou a desejar aquilo que uma filha querida deseja para o seu pai, pediu-me para lhe enviar uma fotografia da última obra que tinha feito para a mostra, porque alguém lhe tinha dito que era espectacularmente bela. Aconteceu também que esta foi adquirida, logo na abertura da exposição. Todos, sem excepção, achavam algo de especial nela. Chegaram ao ponto de dizer que seria um documento histórico, porque daqui a alguns anos, com a pressão urbana, os locais em que vivem os flamingos terão desaparecido, e o quadro seria um dos testemunhos vivos da sua presença na zona dos esteiros e sapais da Moita.
Depois de pensar um pouco sobre o assunto, quero confessar que, desta vez, foram os meus amigos que me ensinaram a ver a obra que eu tinha criado: manter o espírito aberto para aprender, é um sinal de humildade que eu gostaria de manter...
Sobre a execução da obra, foram os flamingos, pássaros-de-fogo, que me deram a inspiração para cobrir todo a tela com o meu mais profundo e afogueado laranja. Todas as outras cores nunca chegam a esconder a chama que está por baixo delas: vibra por entre as núvens, espreita nas águas do Tejo, fornece luz às casas e dá o tom róseo aos flamingos!
Aguardo, com interesse, a vossa opinião!
(clic sobre a imagem para a ver com maior dimensão)
Outro assunto.
Deixei cair no chão a minha máquina digital. Como resultado, todas as fotografias que tirei ou tiraram na exposição estão em local incerto (com a “Amelinha”, e sua protecção nada acontecia, não era, Ernesto?). Tirei algumas, com o meu telemóvel, mas não as vou publicar até ter a certeza que as outras estão perdidas, ou aproveitar alguma dos repórteres dos jornais.
Espero que não se importem com a troca: quero que as vedetas sejam as minhas obras!

E pronto! Ontem tive um dia cheio de emoções, em que revi amigos e conheci pessoas interessantes. Finalizei o dia, em minha casa, com familiares e amigos...
Conhecem melhor maneira de passar um dia especial?

terça-feira, 21 de outubro de 2008

EXPOSIÇÃO "TEJO CINTILANTE"





(verso do convite)
António Tapadinhas, artista multifacetado, nascido no Pinhal Novo, em 1942, já foi distinguido com diversos galardões, em áreas tão diferentes como Pintura, Desenho, Artes Gráficas, Literatura, Xadrez, Bilhar…
Em Setembro deste ano, foi-lhe conferido o Título e Diploma de Académico Correspondente da Academia Metropolitana de Letras, Artes e Ciências, AMLAC, de São Paulo, Brasil.

António Tapadinhas, tem o prazer de convidar V.ª Ex.ª para a inauguração da Exposição de Pintura "TEJO CINTILANTE", que se realiza no dia 25 de Outubro de 2008, pelas 10.00 horas, na Sala de Exposições da Galeria Municipal do Posto de Turismo da Moita.

Vou estar presente durante todo o dia para receber os amigos que me derem a honra da sua visita.
Até lá!

quinta-feira, 16 de outubro de 2008


Camarros Óleo sobre tela 100x100cm

Até ao século xv, Barreiro esteve integrado num concelho chamado Riba Tejo que abrangia a região entre Alcochete e a Ribeira de Coina. Foi em 1512 que D. Manuel I outorgou a Carta de Foral ao local que era uma povoação ligada à pesca, à salicultura, à moagem, à olaria, mas que esteve na génese da Expansão Marítima graças à construção naval e às fábricas de biscoitos para os marinheiros das naus. Foi elevada a cidade em 1984, mas os habitantes do Barreiro, barreirenses, continuam a sentir-se honrados com o seu primeiro nome, atribuído aos pescadores que utilizavam as terras barrentas para acolhimento e descanso: cama sobre o barro ou Camarro.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

AVIEIROS


Bateiras de Avieiros Acrílico sobre tela 50x50cm
(Tela que será apresentada na Exposição "Tejo Cintilante", a partir de 27 de Outubro, na Galeria de Arte, do Posto de Turismo da Moita).

Avieiros são os pescadores oriundos da região centro do país, principalmente de Vieira de Leiria, que procuraram o seu sustento no Vale do Tejo e no Estuário do Sado. O movimento migratório foi tão forte que ficaram conhecidos como os ciganos do rio. Inicialmente rejeitados pelos habitantes locais, viram-se obrigados a viver nos seus barcos, o que justificou assim a frase que considerava a sua embarcação como o berço, a câmara nupcial e a tumba.
As características mais evidentes da bateira do avieiro, são os dois bicos com a proa e a popa igualmente arredondadas para romper as ondas com facilidade e, também, as suas cores berrantes.
Com o decorrer do tempo, fixaram-se nestas zonas, onde construíram pequenas casas de madeira, que foram pintadas com as mesmas cores dos seus barcos. As casas destas aldeias foram edificadas sobre vigas para evitar as cheias do Tejo. A aldeia de Palhota é das poucas que mantém a originalidade da sua construção palafita e que alguns bem-intencionados procuram preservar, como um traço de união com o passado.
Mais uma vez, é a tentativa de sobrevivência de um tipo de vida em vias de extinção.

domingo, 5 de outubro de 2008

FRACTURA





Fractura Acrílico sobre tela 3x70x60cm

Este tríptico foi criado para uma sala de estar de dimensões generosas,
que tinha os seguintes elementos:
Um sofá Stark de tecido cinzento, com os pés em aço tubular, um cadeirão “Alessandra”, preto e branco, do designer Javier Mariscal, uma mesa e cadeiras de cor creme com tampo de vidro. A porta, que dava para uma ampla varanda, tinha uns cortinados de veludo vermelho.
Sabia que o jovem casal gostava de mudar a disposição dos móveis da sala. Como podem ver, cada um dos elementos (traços e cor) do tríptico tem a sua continuação, no elemento seguinte qualquer que seja a ordem por que sejam colocados. Podem inclusivamente ser separados, que cada um deles mantém a sua força. A assinatura na horizontal, com a data no sentido vertical, permite também, inverter a sua posição sem escandalizar quem apreciar a obra...
Ou o seu autor!

domingo, 28 de setembro de 2008

PREIA-MAR


Moinhos de Alburrica Óleo sobre tela 70x100cm

Quando apresentei um trabalho com os moinhos de Alburrica, falei do interesse para o património do Moinho Grande. Disse na altura:
Apesar da sua reconhecida importância histórica, por causa das modificações ambientais no estuário do Tejo, ou da ondulação provocada pelos catamarãs, ou pelo conjunto destes dois factores, pois como se sabe, um mal nunca vem só, se não forem tomadas medidas para evitar o ataque aos seus alicerces, estes três moinhos estão em risco de ruir, principalmente o Moinho Grande, único no país, segundo alguns historiadores.
Não estava muito visível nesse trabalho, o risco em que eles se encontravam por estar na baixa-mar. Nesta tela, dá para imaginar as ondas a retirar a areia dos alicerces dos moinhos de Alburrica.
Disse La Fontaine: Trabalhai, fazei alguma coisa: é o alicerce mais seguro.
Ele não se referia a moinhos: eu sim!

domingo, 21 de setembro de 2008

Entardecer em Moçambique


Regresso da Faina Óleo sobre tela 80x100cm

Esta tela foi feita a partir duma fotografia tirada por um grande amigo, que numa certa altura da sua vida, viajava pelo mundo, como auditor dum banco português. A calma, a paz que se traduz nas cores suaves do entardecer, fascinaram-me desde que a vi. Julgo ter transmitido com fidelidade esses sentimentos, para o quadro.
Passámos muitos anos, a ir à pesca, sempre que tínhamos oportunidade. Raro o fim-de-semana que, no Inverno ou no Verão, a nossa equipa não se deslocava para os diversos pesqueiros, de acordo com os estudos científicos (leia-se, palpites) efectuados, para determinar qual o local mais certo para apanhar peixe.
Para não perder o treino, ele procurava nas suas deslocações fazer aquilo que mais gostava: pescar.
Já nessa altura, nos seus relatórios, ele pescava alguns tubarões. Pelos vistos, não os suficientes, atendendo à actual situação dos bancos…

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

A PRIMEIRA LIÇÃO DE PINTURA





Pintar? Deixa-me rir!




Os azuis são interessantes!



Rafael, o pintor renascentista italiano, considerado um dos maiores artistas de todos os tempos, recebeu a primeira lição de pintura de seu pai, o pintor Giovanni Santi. Não se conhece com que idade este transcendente facto aconteceu.
Durante uma cuuuuuurta semana esteve em minha casa o meu neto, Rafael.
Para que não restem dúvidas, deixo aqui o registo da sua primeira lição de pintura.
Quando nasceu, escrevi:
“Os seus pais escolheram para ele, na mais completa liberdade, o nome de Rafael, como o arcanjo que foi enviado por Deus para curar em Seu Nome. Se ele se tornar pintor não terei nada a ver com o assunto, como é óbvio...”
Obviamente, a partir de agora, assumo todas as culpas!

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

AS CIDADES DAS EMOÇÕES


Vista do Castelo de S. Jorge
Óleo sobre tela 80x105cm
Uma visão de Lisboa, tirada do Castelo de S. Jorge, que mostra algo insólito nesta colina: espaços verdes e terrenos sem construções!
Como sempre, os telhados e as fachadas dos prédios estão presentes, mas desempenham um papel mais secundário.

sábado, 30 de agosto de 2008

PROGRESSO?


Escola Alfredo da Silva Óleo sobre tela 84x92cm
Na minha viagem para a pequena praia fronteira à "Casa Fantasma", depois de passar em frente da Escola Alfredo da Silva, tem de se circular por um estreito carreiro de areia solta, com pequenas dunas de ambos os lados, pontilhadas aqui e ali por tufos de eruca e cardos, as plantas que permitem a outras, como o gravieiro ou feno-das-areias, com sistemas radiculares mais eficientes, segurarem a terra para colonização de outras espécies.
Nestes carreiros encontram-se frequentemente sinais das actividades que marcaram a vida das populações ribeirinhas desta margem do Tejo: instrumentos de trabalho, pequenos cais, moinhos de maré, marinhas de sal, embarcações a necessitar de reparação…
Esse caminho, com a sua beleza selvagem, serviu-me de inspiração para esta obra. Ainda lá está, mas o tecido urbano continua a aproximar-se…
Inexoravelmente?

sábado, 23 de agosto de 2008

A CASA FANTASMA


A Casa Fantasma Óleo sobre tela 100x100cm

Na minha entrada de 31 de Maio, Farenheit 451, em que mostrei a minha tela “Caldeira do Moinho Pequeno”, escrevi a certa altura:
“O esqueleto da casa, que aparece na parte esquerda do quadro, é onde funcionava o moinho de maré. Da língua de terra, em frente, vêem-se as entradas de água que faziam girar o sistema. Num dos meus passeios pela zona, apercebi-me das possibilidades pictóricas daquela casa e do seu moinho. Depois de estudar o horário das marés, e ver as condições do tempo, porque precisava de um céu sem nuvens para poder tirar o máximo partido dos surpreendentes e espectaculares reflexos dos tijolos na água, consegui realizar uma obra que me deu grande satisfação produzir”.
Essa obra, por um motivo ou por outro, nunca cheguei a mostrá-la. Chegou a altura de cumprir o que prometi.
A perspectiva que utilizei para pintar esta tela foi a da praia junto às casas que se vêem do lado direito do quadro “Caldeira do Moinho Pequeno”.
As entradas de água dos moinhos de maré, estão perfeitamente visíveis, bem como o princípio de degradação das casas. Incrível, foi o pouco tempo que decorreu entre uma casa e um património histórico recuperável, e um monte de entulho que só pode interessar a uma pessoa esquisita, por exemplo, um pintor…

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

POVO QUE LAVAS NO RIO



Centro Náutico - Moita Acrílico sobre tela 40x60cm


A abertura da minha próxima exposição está marcada para 27 de Outubro, na Galeria do Posto de Turismo da Moita. Vai chamar-se: "Povo que lavas no rio".
Pensei mostrar nessa exposição obras que tivessem como tema principal o rio Tejo.
Esta foi a primeira da série que quero fazer no pouco tempo que falta.
Gostava de saber se valerá a pena o esforço para cumprir o objectivo a que me obriguei.
A vossa opinião conta!

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

CAVALOS DE TRÓIA


Cavalos de Tróia Óleo sobre tela 65x80cm

Na minha tela do Miradouro do Quebedo, falei da vista magnífica que se tem do estuário do Sado. Nesta, mostro um pouco do que se vê: em primeiro plano, os telhados provocantemente degradados, o porto de abrigo, o rio e, ao fundo, as torres implantadas na bela península de Tróia. Daqueles seis monólitos, dois deles foram polvilhados com 95 quilos de explosivos e o nosso primeiro-ministro, José Sócrates, carregou no gatilho que os implodiu. O espectáculo foi integrado nas festas da cidade e visto em directo na televisão. Àqueles que preferiram a visão no local, para terem a certeza que parte dos monstros tinham desaparecido, foram distribuídos oito mil binóculos.
No meu quadro, as torres ainda estão lá a estragar a linha do horizonte. O seu possuidor, se quiser, pode contactar comigo, que eu faço desaparecer as torres.
Sem explosivos…

terça-feira, 5 de agosto de 2008

AS CIDADES DAS EMOÇÕES


Sé de Lisboa Óleo sobre tela 70x60cm

As palavras usadas para descrever "Ribeira do Porto", servem perfeitamente para esta "Sé de Lisboa".
Para reforçar a textura que procurava, também misturei na tinta de óleo, areia que serviu igualmente para pintar a madeira que eu próprio cortei. Neste caso, em vez de a pintar com uma cor uniforme, transformei-a numa continuação da tela, com as cores mais esbatidas.
É mais uma visão de Lisboa, talvez menos poética, mas mais forte...

quarta-feira, 30 de julho de 2008

KUDU


Casal de Kudus Óleo sobre tela 60x80cm

Antílope é a designação comum para um grupo variado de mamíferos ruminantes. Estes que retratei, têm riscas verticais brancas, são dos mais raros, raça kudu, ao contrário da impala, a raça com maior população. Têm em comum uma musculatura poderosa nos quartos traseiros, que lhes permite fugir aos predadores e atingir cerca de 70 a 100 km/h. Perguntarão: Então a chita caça facilmente estes animais com os seus quase 200 km/h? Nem sempre. Quando atacados por uma chita, os antílopes para além da velocidade, saltam mais de três metros de altura e cerca de nove metros em comprimento. E, entre cada salto, têm bruscas mudanças de direcção. Então a chita nunca apanha o antílope, dirão. Claro que apanha! A sua longa cauda serve de leme para também mudar de direcção com facilidade. No entanto, o antílope consegue manter esta velocidade e capacidade de salto mais tempo do que a chita. Se não caçar a presa nas primeiras investidas a chita desiste e espera por nova oportunidade.
É uma luta equilibrada: o antílope saudável tem sempre uma boa hipótese de salvação…
E nós?

segunda-feira, 28 de julho de 2008

BIG FIVE


Casal de Chitas Óleo sobre tela 75x60cm

A expressão Big Five era usada para definir os cinco mamíferos selvagens mais difíceis de serem caçados pelo homem mas a frase continua a ser usada nos safaris de observação, pelos guias locais do Kruger Park. O grupo é constituído pelo leão, elefante africano, búfalo, rinoceronte e leopardo.
Na minha viagem vi todos com excepção do leopardo. Mas tive uma prenda especial.
Perto do Parque Nacional, existem parques mais pequenos em que se garante ver todos os animais numa só viagem. Quando estávamos a decidir se devíamos ou não visitar outro, reparei que havia um parque onde anunciavam uma experiência em curso com as chitas, para ajudar a preservar a espécie que se encontra em perigo de extinção. A promessa era ver esse animal em plena liberdade e, ao mesmo tempo, contribuir para o êxito da missão. A decisão que tomámos foi ver o leopardo caçador, como também é conhecido.
É o animal mais veloz da Terra: quando se lança em direcção à presa atinge 150/200 km/h.
A sua beleza selvagem, o cromatismo da sua pele, as suas linhas aerodinâmicas e a sua anatomia, são um exemplo da perfeição que a Natureza pode conseguir através da evolução.
Não está no big five de triste memória mas, para mim, em beleza, está no top five.

terça-feira, 22 de julho de 2008

NDEBELE (2)



Os pintores nativos fazem os seus murais e a decoração das casas, utilizando desenhos geométricos com cores fortes e contrastantes. Utilizam símbolos, mas muito raramente animais ou figuras. As mulheres têm a possibilidade de poder decorar a sua casa e é, seguramente, uma das poucas prerrogativas que elas têm de se expressar individualmente.








Symmetry Óleo sobre tela 50,5 x 42,5cm
Moldura de madeira, 2,5cm de espessura, pintada a óleo

O meu quadro tem figuras geométricas, que recriei a partir dos originais, utilizando a simetria que está sempre presente em todos os desenhos que tive a oportunidade de ver.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

NDEBELE


Universo Óleo sobre tela 100x75cm
Na viagem que fiz à África do Sul, dois aspectos marcaram-me duma maneira especial: os animais selvagens que tive a oportunidade de ver e as comunidades nativas que sobrevivem, com a sua identidade, até aos nossos dias. Não há qualquer semelhança entre ver os animais em liberdade e no Jardim Zoológico: depois de poder comparar as duas situações, temos a sensação de que os animais do Jardim Zoológico têm vergonha do cativeiro em que se encontram. Com as comunidades nativas, estranhamente, não tive essa sensação: mostram-nos sem pejo as suas casas, os seus trabalhos, a sua actual maneira de viver. O povo Ndebele, cuja história se perde nas brumas do tempo, vive actualmente perto da cidade de Pretória. As pinturas das casas deste povo guerreiro, os utensílios e adornos que as mulheres usam, com o seu significado religioso, místico, talvez até mágico, foram os elementos formais e plásticos que utilizei, na criação desta obra.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

LISBOA IMAGINADA



Lisboa Imaginada Acrílico sobre tela 90x90cm
Nunca vos aconteceu estarem distraídos com um lápis ou uma esferográfica na mão a fazer gatafunhos e, de repente, tomar consciência do que estavam a fazer e gostar do resultado? Pois esta obra foi o resultado de um desses momentos. Estava a pintar uma tela bastante trabalhosa da Lisboa antiga, e tinha-me concedido um pequeno intervalo. Quando me apercebi que estava a desenhar uma espécie de cerca moura, em que não faltavam a alcáçova e a medina, com ruas íngremes e sinuosas, varandas com flores e águas-furtadas com roupa a secar, imaginei os becos e vielas de Alfama, com a roupa pendurada a secar ao generoso Sol de Portugal. Guardei os rabiscos que, com umas pequenas alterações, serviram para executar esta obra.
Imaginem!

domingo, 6 de julho de 2008

SÉRIE - VILAS HISTÓRICAS


Azenhas do Mar Óleo sobre tela 75x90cm

No concelho de Sintra, existe uma povoação, cujas origens se perdem na bruma dos tempos. Os moinhos de água, de origem árabe, deram o nome à povoação: Azenhas do Mar. É um local visitado tanto no Inverno, como no Verão, pela grandiosidade do panorama. Eu prefiro visitá-la no Inverno: menos gente e confusão, o que permite ouvir e ver em toda a sua magnificência o Oceano, a bater inclemente nas arribas que suportam as casas. Tem um interessante conjunto de piscinas escavadas na rocha. Não é um espanto? Por uma vez, a necessidade de conservar a natureza, sem afectar a vivência das populações, com um desenvolvimento integrado, foi conseguido.
Chapeau!

domingo, 29 de junho de 2008

AS CIDADES DAS EMOÇÕES


Convento dos Capuchos - Sintra
Óleo sobre tela 50x70cm

Este convento foi mandado construir por D. Álvaro de Castro, em 1560, num local inóspito, pretendendo confundir-se com a natureza que o rodeava: carvalhos e arbustos, grande profusão de musgos, fetos e trepadeiras, num grande emaranhado vegetal que, conservado até hoje, constitui um testemunho vivo da floresta primitiva da Serra de Sintra.
O formato da tela procura potenciar, desde logo, a demonstração de humildade e pequenez do convento: a entrada situada entre dois grandes rochedos, que se alcança depois de subir íngremes degraus, mais salienta a escala mínima a que foi construído, parecendo improvável a vida de seres humanos no seu interior. Para que o motivo central não se perdesse, dei uma textura forte às suas paredes e à árvore do lado direito, para segurar o olhar do observador. A árdua subida dos degraus far-se-á sem cansaço, devido à suavidade do tapete de folhas, e à frescura das plantas que os limitam.
A obra, quase posso dizê-lo, não foi feita para ser vista, foi mais para ser sentida: sentir a frescura da vegetação exuberante, os cheiros da floresta, o contraste entre a pequenez da obra humana e a exuberância da Natureza em todo o seu esplendor. Áreas como esta tornaram-se mais importantes do que nunca. Tenho a esperança que as minhas obras possam motivar quem as vê a lutar pela conservação desta herança natural.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

AS CIDADES DAS EMOÇÕES


Miradouro de Quebedo - Setúbal
Óleo sobre tela 100x90cm

SETÚBAL
Sou realmente uma pessoa feliz: posso fazer aquilo que gosto, pensando, pesquisando, e falando com os meus amigos sobre Arte.
Agora, tenho outro interlocutor: Rafael, o meu neto, que já sabe como utilizar os seus pulmões, sempre que algo não lhe agrada. Apesar do requinte do seu nome, os seus gostos, aparentemente, são muito simples: come e dorme. Mas eu não me iludo com aparências: vou falar-lhe das obras que realizei, das que penso realizar e das que vou apresentar no meu blogue. E terei em conta as suas opiniões. Esta foi a primeira e tive o seu apoio!
A história de Setúbal remonta ao Paleolítico, passando pelo período do Bronze e idade do Ferro. A atracção que exerceu sobre diversos povos deve-se á sua localização estratégica junto ao Rio Sado.
O Miradouro do Quebedo tem a seus pés todo o estuário do rio. Utilizei para o representar fotografias e esboços, sobretudo com pormenores dos azulejos.
Como esta obra resultou de uma encomenda, procurei dar um ar monumental ao miradouro, de acordo com a casa e o espaço em que a obra ia ser colocada.
Eu creio que qualquer obra de Arte tem de ser uma revelação, não só para o seu criador, mas também para quem a vê. Neste caso, sendo um local conhecido, procurei dar-lhe uma perspectiva pouco usual, projectando no céu as colunas e as buganvílias, como se tratasse da resposta espiritual a uma visão do quotidiano.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

O QUARTO DEVER DO HOMEM


Rafael

Rafael com a mãe

Dizem que o Homem só completa a sua missão na Terra, quando tem um filho, planta uma árvore e escreve um livro.
Tenho duas filhas, o livro já o escrevi, embora não tenha sido publicado, e plantei algumas árvores. Estes três deveres, todos eles, são imensos e inevitáveis actos de amor.
A partir de hoje, quando citar esta frase, acrescento mais um:
SER AVÔ!
Ontem nasceu o meu primeiro neto! Um belo rapaz com 4,250 quilos, que se encontra de perfeita saúde, assim como a sua mãe, a minha filha caçula, Elsa.
Os seus pais escolheram para ele, na mais completa liberdade, o nome de Rafael, como o arcanjo que foi enviado por Deus para curar em Seu Nome. Se ele se tornar pintor não terei nada a ver com o assunto, como é óbvio...
Tenho para mim que já não é preciso dizer mais nada: quem já é avô, conhece essa emoção; a quem não foi, eu nunca conseguirei transmitir o sentimento de plenitude que se atinge com esta inexplicável sensação...
Por este motivo, hoje não mostro aos meus amigos mais um quadro, mas sim uma obra-prima!
Que os McAfee, os Norton, os Avast, deixem passar este incurável vírus que eu quero espalhar por esta nossa aldeia virtual
O VÍRUS DA FELICIDADE!

domingo, 15 de junho de 2008

O MONTE ALENTEJANO




Monte Alentejano
Óleo sobre tela 65x82cm













Sobreiro (estudo)
Acrílico sobre tela 31x42cm

O Alentejo já foi, em tempos recentes, um sítio por onde se tinha de passar, para se conseguir usufruir as delícias do Algarve. Actualmente, com toda a justiça, diga-se, está na moda.
A região tem um clima mediterrânico, temperado pela influência atlântica, com o Verão muito quente e seco, e Inverno com pouca precipitação.
A paisagem alentejana tem largos horizontes, com manchas de floresta de sobreiro e azinheira. Em termos ambientais é uma das mais preservadas regiões da Europa. O incremento do turismo pode, a curto prazo, alterar esta situação – longe vá o agouro!
O Monte Alentejano é um produto muito procurado, como podem confirmar facilmente, numa consulta ao Google.
Este que eu representei, não é um produto para citadinos fartos da poluição e confusão das grandes metrópoles: vivem lá pessoas!

quarta-feira, 11 de junho de 2008

DIA DO PINTOR




Largo José Maria dos Santos
Acrílico sobre tela 40x50cm

Feriado Nacional, dia de Camões e do grande festival de encerramento das Festas. Do local da minha exposição, os milhões de Watts do espectáculo de Roberto Leal (o cantor português mais brasileiro, ou vice-versa, dizem!) entram-me pelos ouvidos, não deixando que eu converse com os amigos. Felizmente que o barulho dos morteiros, acabou com a cacofonia, e ainda me trouxe as luzes do fogo-de-artifício como prémio adicional. O ano passado, parou tudo para ouvir Martinho da Villa. Recordam-se do tema “Mulheres”? Comprei no Rio os CD´s que encontrei dele e gravei esse tema até não haver mais espaço. Fiz o mesmo com Brel e Amsterdam. Não calculam como o meu cérebro consegue funcionar bem ao som da música que me agrada, apagando simultaneamente a poluição que alguns teimam em produzir.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Muda-se o Ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Até a minha pobre tela também foi sofrendo mudanças que puderam ser testemunhadas pelos amigos que tiveram a paciência de as acompanhar. A qualidade da fotografia talvez não permita distinguir os retoques finais: Maior definição das árvores e arbustos, reforço das nuances do céu e dos seus reflexos na água, que escureci ligeiramente com tons verdes para dar maior profundidade ao espelho de água. Ao telhado laranja dei umas pinceladas com Burnt Sienna, porque achei que captava o olhar com demasiada agressividade. Tornei mais consistentes os bancos de pedra e defini melhor o pavimento. Outras pequenas coisas, das quais não vos dou relato, podereis descobri-las, por vós próprios.
Camões, depois de perder o olho numa escaramuça, confessa a quem o quer ouvir, que o seu coração está despedaçado com “o desconcerto do Mundo, em que vê sempre os bons passar graves tormentos e os maus nadar em mar de contentamentos”. São as diferenças entre utopia e realidade das quais eu me sinto curado: por pouco esperar, é muito o que recebo...
Graças, meus amigos!

domingo, 8 de junho de 2008

EMOÇÕES


Largo José Maria dos Santos (em construção)
Acrílico sobre tela 40x50cm

É difícil para mim, que já não estou habituado a estas noitadas, manter o estado de espírito com a lucidez suficiente para transmitir as emoções que resultam da execução duma tela com esta responsabilidade acrescida, e do convívio com tanta gente que diz muito ao meu coração.
Vou continuar a tentar fazer bem o meu trabalho, se para tanto me chegar o engenho e arte...
A obra “Castelo de Palmela” já seduziu uma jovem senhora que a pretende para sua casa. Para além da beleza, própria de quem é jovem, tem como característica mais evidente a sua grande alegria e vivacidade. Esta apreciadora de Arte é natural de São Paulo, essa, a maior cidade do Brasil...
A outra, que ficou reservada, apesar de ainda não estar concluída, foi “Largo José Maria dos Santos”, por um amigo, coleccionador das minhas obras sobre Pinhal Novo.
O Largo nesta fase, começou a levar os retoques necessários para poder ser dado como concluído. As flores cuidadas por um jardineiro competente, sem barulhos para não incomodar o pássaro que lá permanece (não é, Suzana?), a relva, os troncos dos plátanos e os pequenos arbustos que permanecem na sombra do fundo, também não foram descuidados, para manter a harmonia com o primeiro plano da obra.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

VERNISSAGE


Largo José Maria dos Santos (em construção)
Acrílico sobre tela 40x50cm

Como estava previsto, ontem às vinte horas, foram inauguradas as Festas Populares de Pinhal Novo. Tive a visita das entidades oficiais, a Governadora Civil de Setúbal, Eurídice Pereira, da Presidente da Câmara de Palmela, Ana Teresa Vicente, e do Presidente da Junta de Freguesia, Álvaro Amaro. O anfitrião foi convidado por mim para me fotografar junto das ilustres senhoras, mas achei por bem não apresentar as fotografias obtidas... Fotografar, não é a qualidade mais marcante do nosso Presidente da Junta... Espero receber a reportagem fotográfica dos profissionais que marcaram presença.


A obra em construção já avançou mais um pouco. Já relvei o terreno e plantei umas flores. As folhas das árvores, começam a reflectir a luz com as nuances que a maior juventude das folhas lhes imprime.
Como sempre, já comecei a reviver momentos da minha juventude recordados pelos amigos que me visitaram.
Até amanhã!

quinta-feira, 5 de junho de 2008

REGRESSO ÀS ORIGENS (2)


Largo José Maria dos Santos (em construção 2.º dia)
Acrílico sobre tela 40x50cm

A área branca já desapareceu! Toda a parte inferior do lado direito do quadro, onde irão surgir as flores do jardim, foi prenchida com as cores que vão sobrando do desenvolvimento dos plátanos e outras árvores e arbustos que rodeiam a igreja. O tom do céu, também tem o seu reflexo na água do lago. Esta simetria na utilização da cor é a maneira mais fácil de harmonizar uma obra. Podemos utilizar tons com grandes contrastes, sem correr o risco de que a obra fique demasiado agressiva.
Esta obra ficará exposta, como está, no meu cavalete na abertura da Festa. Quando vier para casa, ela virá comigo, para levar mais uns retoques. É isto que farei, diariamente até à sua conclusão.
Estou pressionado com o pouco tempo que tenho para tanta coisa que ainda falta fazer!
Conto com as vossas sugestões e comentários para me ajudar!

terça-feira, 3 de junho de 2008

REGRESSO ÀS ORIGENS


Largo José Maria dos Santos (em construção - 1.º dia)
Acrílico sobre tela 40x50cm

Todos os anos tenho colaborado nas festas da minha terra natal, Pinhal Novo, com a exposição de algumas obras.
Este ano não foge à regra, com a pequena grande alteração que foi a minha entrada no mundo dos blogues. Passei a ser um bloguenígena, conforme o neologismo resultante da criatividade dos meus amigos brasileiros. E este facto foi tão marcante, que resolvi acompanhar a minha exposição em Pinhal Novo, com uma postagem, sempre que se justificar, dando nota de algum pormenor interessante que resulte do meu contacto com amigos que encontro por ocasião das festas, ou da troca de impressões com os visitantes que gostam de falar com o criador das obras expostas.
Assuntos familiares inadiáveis, roubaram-me três ou quatro dias de pintura, que me impediram de fazer os quadros que tinha planeado apresentar. Juntando estes dois acontecimentos, resolvi tirar partido deles e mostrar a evolução do quadro que tenho começado, tanto no pavilhão onde tenho a exposição, como no meu blogue. A tela representa o Largo José Maria dos Santos, em Pinhal Novo, e espero concluí-la antes do final das festas.
Mais uma vez, não terei muito tempo disponível para visitar os meus amigos, conforme merecem. Depois das festas populares, serei eu a fazer a minha festa com as visitas aos bloguenígenas da nossa aldeia virtual.
Ficam todos convidados para a vernissage: quinta-feira, 20 horas.

sábado, 31 de maio de 2008

FARENHEIT 451




Caldeira do Moinho Pequeno
Acrílico sobre tela 80x100cm

Tenho mostrado algumas das muitas telas que pintei em que os Moinhos de Alburrica são a figura central do quadro. Há outros moinhos, os de maré, que funcionavam com os ritmos da subida ou descida das águas.
O esqueleto da casa, que aparece na parte esquerda do quadro, é aquela onde funcionava o moinho de maré. Da língua de terra, em frente, vêem-se as entradas de água que faziam girar o sistema. Num dos meus passeios pela zona, apercebi-me das possibilidades pictóricas daquela casa e do seu moinho. Depois de estudar o horário das marés, e ver as condições do tempo, porque precisava de um céu sem nuvens para poder tirar o máximo partido dos surpreendentes e espectaculares reflexos dos tijolos na água, consegui realizar uma obra que me deu grande satisfação produzir.
O que eu não sabia é que, afinal, a história do moinho ainda não estava completa!
Um dia, fui ver uma exposição na escola Alfredo da Silva, que fica junto ao rio. Naturalmente, olhei para a caldeira e fiquei espantado com o grau de destruição atingido pela casa e moinho, em tão pouco tempo. E fiquei fascinado pelo esqueleto que parecia o resultado de um incêndio que tivesse atingido a construção.
Resolvi perpetuar na tela a destruição daquela casa que, ao contrário da adaptação cinematográfica do livro de Ray Bradbury, dirigida por François Truffaut, não precisou de nenhum bombeiro, Montag ou outro qualquer, para atingir um grau de destruição máximo. Esta obra é o resultado da falta de interesse pelo nosso património, não num futuro distante, não num regime totalitário, mas sim na actualidade e num regime democrático. Só falta, mesmo, dizer que a beleza faz as pessoas infelizes e improdutivas, como nesse livro/filme de culto.
Talvez seja a altura de lá voltar para ver o que aconteceu.
Os pintores consideram interessantes as coisas mais inesperadas, não acham?

terça-feira, 27 de maio de 2008

ALEGORIA À VIDA


Vereda no Castelo
Acrílico sobre tela 50x40cm

A minha amiga Anne M. Moor não gostou da minha alegoria à vida, porque falei na morte. A minha alegação não foi muito convincente, porque acabei de ler um post em que diz:
"Pensando no que eu mais gosto - a vida - e na alegoria do António no seu último post, achei um haicai que adorei... Vejam:

a vida é breve,
muda como o vento,
derrete como neve.

by Ana Maria de Souza Melo"

Baseei a minha defesa, na filosofia que tem como princípio o Tao, segundo o qual duas forças complementares estão presentes em tudo o que existe: a força Yin (terra, água, lua) e Yang (céu, fogo, sol). Estas duas forças são antagónicas mas complementares entre si: uma não existe sem a outra... Pensamos na vida, portanto, teremos de pensar na morte. Contribui para o nosso equilíbrio.
Espero que o leitmotiv desta diferença de opiniões, se imponha pelas suas cores primaveris e que consigam sentir o suave perfume das flores, transportado pela fresca brisa da manhã...

domingo, 25 de maio de 2008

CHUVA DE FLORES


Vereda no Castelo
Acrílico sobre tela 50x40cm

A nova tela que estou a fazer é uma vereda do Castelo de Palmela. Estava a pensar só a mostrar depois de acabada mas pareceu-me interessante chamar a atenção para um ou dois pormenores que farão toda a diferença no resultado final que pretendo.
O espaço foi estruturado com a força das pedras que enquadram outra força vital: a força da natureza, representada pelos ramos meio despidos, mas vivos, das árvores. A luz que emana, não ofusca, antes salienta, as cores das flores que pulsam nos seus ramos, e jazem no chão, contrastando com a cor viva do caminho de saibro.
A ligeira brisa que sopra, balança suavemente as folhas e flores dos ramos das árvores, transmitindo a sensação que o Céu está a vibrar em uníssono com a Natureza.
Esta exuberância de cores espero mantê-la controlada para preservar o seu valor representativo da minha paixão pela realidade deslumbrante da Natureza e, ao mesmo tempo, ser uma alegoria à vida: pequenas folhas e flores, jovens e belas nos ramos mais altos das árvores que, agitadas por uma leve brisa, tombam no chão, belas, sim, mas mortas...