terça-feira, 29 de dezembro de 2009

AS FERAS (IV)


Casas na Montanha Óleo sobre Tela 110x75cm

Esta é a última obra “Fauve” que planeei mostrar.
É uma paisagem de montanha, em que o formato e o ângulo de visão potenciam a sensação que temos de fazer um grande esforço para chegar lá acima. Pode valer a pena: quem sabe, não será a montanha mágica, que todos procuramos.
Utilizei o máximo de contraste entre as gamas frias e quentes, sublinhadas por suculentos sombreados com azul-cobalto. Apesar disso, procurei que o tom geral da obra, tivesse a cor da temperatura agradável que deve predominar nas confortáveis casas.
No conforto das casas, com amigos ou com a família, desejo a todos um Feliz Ano Novo.

sábado, 19 de dezembro de 2009

AS FERAS (III)


Sobreiros Óleo sobre Tela 81x94cm

Nesta pintura, deixei de lado as pinceladas carregadas de matéria em benefício de mais amplas superfícies cromáticas, inspirado nos ensinamentos de Gauguin. As árvores estilizadas e curvilíneas, pintadas com cores contrastantes, arbitrárias porque não identificadas com a realidade, servem para articular os diferentes planos, com o uso exclusivo da cor. O jogo cromático das parcelas de terreno, fica contido pelo obsidiante maciço de folhas verdes, que mal deixam ver um céu, cujo azul, mantém a tensão entre uma realidade exterior e a minha visão interior, na busca de uma paisagem sem data, nem local, forte, mas que seduza o observador com a sua rudeza tranquila.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

AS FERAS (II)



As Árvores Vermelhas Óleo sobre Tela 50x40cm

Para provar o grau de simplicidade que era um dos seus objectivos na pintura fauve, Matisse tentou convencer um amigo e companheiro de pintura, que um quadro criado por si (Cebolas cor-de-rosa, 1906), era de autoria do carteiro da vila. Ele não conseguiu convencer o amigo, como talvez eu não os conseguisse convencer de que estas árvores foram pintadas pelo meu neto.
Mas podem acreditar que a tinta gasta nesta tela, usada com parcimónia, daria para fazer uma centena, tal a quantidade que usei para conseguir o relevo, a textura e a profundidade que tinha planeado.
Espero não ser traído pela qualidade da fotografia, para que possam apreciar a violência suave das cores…

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

AS FERAS


Casas no Largo Óleo sobre Tela 41x33cm

Quando comecei a estudar pintura, fui atraído pela paleta radical e arbitrária, e pela drástica simplicidade de linha, de um grupo de pintores, catalogados como “fauves”.
Na primeira exposição dos rejeitados do “Salon d´Automne”, de Paris, em 1874, o quadro, “"Impression, Soleil Levant" de Monet, provocou o comentário desdenhoso do crítico de arte, Louis Leroy, que os chamou pejorativamente de impressionistas, nome que foi adoptado, com os resultados que se conhecem.
E, mais uma vez, a história repetia-se!
Também o critico de arte, Louis Vauxcelles, no Salão de Outono, em Paris, 1905, ao ver uma série de quadros radicais, a rodear um busto italiano clássico, exclamou: “Tiens, un Donatello parmi des fauves”. Coitado, mal sabia ele que estava a dar nome à escola que contribuiu para o primeiro grande movimento de ruptura estética “avant-garde”, do século XX. No seu curto período de existência (1905-1908), reuniu com a liderança de Matisse, pintores como Van Gogh, Braque, André Derain e Raoul Dufy.
Não escapei ao seu apelo. No início da minha carreira de pintor, utilizei a exuberância das suas cores, para algumas experiências. Delas, lhes darei conta, nas próximas entradas.
Esta obra (1995) é o primeiro exemplo.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

ALCOCHETE (CONCLUSÃO)


Cais de Alcochete Acrílico sobre Tela 50x60cm

Na parte final do trabalho, procurei dar o máximo de luminosidade ao céu para que o rio reflectisse e ampliasse a sua luz.
A ligeira brisa matinal a afagar a superfície da água, quebra os reflexos dos barcos e do molhe, provocando chispas de luz, como que a responder num eco à luz nascente.
A sombra dos barcos é viva e canta, com sons estridentes e vibrantes, como no caso do barco com o casco encarnado…
É uma obra que retrata um local, definido, concreto… Mas pretendo que, mais do que o local, seja a imagem da impressão de paz que senti, com o sol nascente, naquela manhã.
É esta a sensação que quero partilhar convosco!

sábado, 28 de novembro de 2009

ALCOCHETE (II)


Cais de Alcochete Acrílico sobre Tela 50x60cm

Quero jurar aos meus amigos que tanto gostaram das cores de base, que elas vão continuar a respirar na tela, embora não seja assim tão evidente na sua fotografia.
Já acrescentei os barcos que estavam fora do campo de visão, e que eram necessários para o equilíbrio da composição.
Deixei colada a pequena foto para ficarem com uma ideia do local e da minha interpretação dos sentimentos que ele me despertou.
Faltam os retoques finais.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

ALCOCHETE


Apeteceu-me escrever no título “Alcochete, sem Freeport”, tantos são os artigos que, nos últimos anos proliferaram nos media portugueses, por causa dessa catedral de consumo. Mas achei por bem não dar para esse peditório.
Alcochete é uma das mais belas vilas da margem esquerda do Tejo.
Deve ser o único ponto em que há consenso! Existem divergências quanto à data e por quem foi criada a povoação, e ao significado do vocábulo. Para mim, porque é a que mais gosto, deriva de “alca xête”, um campo deserto onde pastam ovelhas…





Cais de Alcochete Acrílico sobre Tela 50x60cm
(clic sobre a imagem)

Não ficava bem comigo próprio se não incluísse na minha exposição “Tejo Cintilante”, uma referência a esta terra situada na Reserva Natural do Estuário do Tejo.
Aproveitei os bons resultados conseguidos com o anoitecer e o amanhecer na zona do Barreiro, e resolvi aplicar a mesma receita para este “Cais de Alcochete”.
Esperei por uma baixa-mar que coincidisse com o nascer do sol, para tirar as minhas notas, sobre a maneira como a luz brinca sobre as águas e os fundos lodosos do rio.
No conforto do estúdio, ajudado pelas fotos tiradas no local, defini a linha do horizonte, desenhei cuidadosamente o cais e povoei o rio com os barcos de maneira a dar profundidade à paisagem.
Gosto da simetria criada no canto superior esquerdo e inferior direito, que sugere um caminho para guiar o olhar do espectador. Em contrapartida, sinto que é necessário criar um motivo de interesse na parte esquerda média da tela, para valorizar a composição…
Vou parar por agora.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

CRITICO, LOGO EXISTO


Olival Óleo sobre Tela 30x40cm

Na pintura, o artista procura transmitir mensagens e emoções, tanto mais eficientes quanto menos utilizar a muleta da escrita ou da fala, para a sua interpretação. De tal maneira, que para apreciar a qualidade do pintor, deveria ser suficiente analisar a sua obra. O que é uma tarefa impossível - só o tempo dá a exacta medida do seu real valor. Por agora, tudo é considerado Arte - um imenso saco onde convivem ovas de carapau com caviar, lixo com obras-primas, dependendo de lóbis, partidos, camas, tachos… E não são os críticos que nos podem ajudar: o fantasma de Nadar paira sobre eles. Em 1874, o fotógrafo Nadar acolheu no seu estúdio uns quadros que pareciam inacabados, pintados ao ar livre, com pinceladas rápidas e nervosas, plenas de matéria e de cores puras, fortes e contrastantes. Estas pinturas eram sistematicamente recusadas pelos académicos que seleccionavam as obras que tinham qualidade para figurar no Salon, a grande mostra que se realizava de dois em dois anos, em Paris. Na primeira exposição das obras recusadas, um jovem pintor, Monet, apresentou uma cena marinha a que chamou “Impressão - Sol nascente”. Um crítico conceituado (Louis Leroy) considerou um papel de parede mais elaborado do que aquela obra, num cáustico e corrosivo artigo intitulado: “A Exposição dos Impressionistas”. Ironicamente, esta expressão depreciativa começou a ser utilizada para definir o género de pintura que se transformou numa das mais valiosas da actualidade. No top das obras vendidas estão alguns desses artistas recusados do Salon e, entre elas, destacam-se “Retrato do Dr. Gachet e “Auto retrato sem barba”, de Van Gogh que em toda a sua vida vendeu apenas um quadro. Foi sustentado pelo seu irmão Theo que encheu a casa de obras que não conseguia vender.
Sempre me fascinou o trabalho de Van Gogh. Depois de ler as suas cartas, com a descrição dos seus mais profundos sentimentos, para além de me fascinar, comove-me…
Esta obra é a minha homenagem a Van Gogh, do qual digo, como diria Óscar Wilde:
Não tenho nada a declarar a não ser a sua genialidade!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

O PÊNDULO


O Pêndulo e o Canário Óleo sobre Tela 29x35cm
(clic sobre a imagem para ver em pormenor)

Em mecânica, o pêndulo é um objecto que oscila em torno de um ponto fixo. A descoberta da periodicidade do movimento foi feita por Galileu Galilei, esse, o tal da frase “Epur si mueve!”, para se salvar da Inquisição.
Em, “O Pêndulo de Foucault”, de Umberto Eco, são as sociedades secretas que desenvolvem tramas para governar a humanidade, com referências à Kabbalah e a teorias conspiratórias.
“Estava exausto, mortalmente exausto com aquela longa agonia e, quando por fim me desamarraram e pude sentar-me, senti que perdia os sentidos. A sentença – a terrível sentença de morte – foi a última frase que chegou, claramente, aos meus ouvidos. Depois, o som das vozes dos inquisidores pareceu apagar-se naquele zumbido indefinido de sonho. O ruído despertava em minha alma a ideia de rotação, talvez devido à sua associação, em minha mente, com o ruído característico de uma roda de moinho. Mas isso durou pouco, pois, logo depois, nada mais ouvi.”
Este é um extracto do conto “O poço e o pêndulo”, de Edgar Allan Pöe, em que nos vemos dentro da mente de um homem, do qual nada sabemos, com uma excepção: dentro de momentos será condenado pela Santa (não é ironia) Inquisição, por actos de bruxaria.
Em todos estes casos (poderia citar mais) o pêndulo é o detonador de algo de trágico que irá acontecer, tão previsível como o seu movimento oscilatório.
Terá o pobre canário consciência do que lhe vai acontecer? Salvar-se-á?
E nós?

domingo, 8 de novembro de 2009

A VESPA


A Vespa, a Taça e os Pregos Óleo sobre tela 35x27cm
(clic sobre a imagem para ver em pormenor)

Pronto! Já tenho um computador que, por enquanto, não é o meu. O seu coração (o disco) estragou-se. Não sei onde este guarda os seus segredos, onde esconde algumas das imagens que foram recuperadas, os endereços dos amigos… Vai ser um relacionamento difícil, até nos conhecermos! Ela (a máquina) e eu vamos ter de mudar alguns dos nossos hábitos. A vida é feita de mudança e qualquer relacionamento, para resultar, é mais feito de cedências do que de vitórias…
Aí está o segundo quadro da prometida série de três. Todos os elementos essenciais para manter o referido desassossego paranóico-crítico de Dali, lá continuam,agora reforçado pela ameaça latente protagonizada pela vespa.
Pedi inspiração a António Aleixo para concluir:

Uma vespa sem pudor
Pica com a mesma energia
Na cabeça de um doutor
Ou na bunda da Maria.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

CARPE DIEM!

Desisti de resolver os problemas do mundo, quando tive um enfarte, fui operado ao coração e me colocaram três bypass.

Todas as lutas que travei (umas ganhas, outras perdidas), resolvi deixá-las para os outros... Já dei para esse peditório...

Cheguei à conclusão, que devia viver o momento, como quisesse, fazendo o que me dá prazer, com o maior dos egoísmos...

O meu maior problema, neste momento, é a avaria do meu computador...

Há uns tempos, não me atreveria, sequer, a pensar assim...

Agora, estou a dizê-lo a toda a gente!

domingo, 18 de outubro de 2009

A MOSCA NO PRATO




A Mosca no Prato Óleo sobre Tela 35x27cm

Há uns anos atrás, completei três obras, que pretendiam contar uma história que nunca chegou a ser escrita.
Em todas elas, um dos elementos do quadro interfere com a moldura, criando um desassossego no observador, a que Dali chamou de paranóico-crítico, mas que a mim, mais prosaicamente, me fez lembrar uma quadra de António Aleixo:

Uma mosca sem valor
Poisa c'o a mesma alegria
na careca de um doutor
como em qualquer porcaria.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

PESCADORES E PESCARIAS


Costa Vicentina Óleo sobre Tela 50x70cm
(clic sobre imagem para ver pormenores)

Durante mais de 20 anos, percorri o sudoeste alentejano e costa vicentina, numa extensão de 60km, desde Sines até ao Burgau, para fazer pesca à cana das variedades de peixe que, em determinadas épocas do ano, frequentam as suas praias para desovar. Sargos, douradas, pargos, fizeram parte dessa ementa.
Umas vezes na praia, outras nas rochas, eu e uma equipa de malucos encartados passávamos noites terríveis, com chuva, vento e frio de rachar, a tentar apanhar uns peixes, que com um décimo da despesa que tínhamos em gasolina, isco e material, compraríamos em qualquer praça perto de nossa casa!
Nestes grupos de pescadores, não há uma fronteira muito nítida entre loucura e pesca…
Escusam de ficar preocupados: essa fase já passou!
Mas que saudades!

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

BELAS E PERIGOSAS


Ponta da Piedade Óleo sobre Tela 95x105cm

Na série que eu queria mostrar das falésias da costa algarvia, faltou apresentar este quadro que dá uma ideia da beleza selvagem das grutas e rochas escarpadas, que contrastam com as águas transparentes da Ponta da Piedade, em Lagos.
Neste quadro, são evidentes as pinceladas carregadas de matéria, que constroem o anfiteatro onde se desenrola um festival de luzes feéricas, acalmado pelo suave azul do céu.
Depois do infausto acontecimento que custou a vida a cinco pessoas, foram monitorizados todos os pontos críticos da bela costa algarvia e derrubadas algumas falésias, consideradas em perigo de queda eminente. Poucos dias depois, aconteceu outra derrocada. Sem vítimas a lamentar: foi durante a noite…
Matasétix, o chefe da aldeia de Astérix e dos seus amigos, só receia uma coisa: Que o céu lhe caia em cima da cabeça. Mas, acrescenta: “Amanhã não será a véspera desse dia”.
Gostaria de poder dizer o mesmo…

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

ARTE POSTAL (II)


Sol na Terra Óleo sobre Platex
(clic sobre a imagem para ver textura)

Esta foi a outra peça que mandei para a “Exposição Internacional de Arte Postal”.
Tal como a anterior, é feita em óleo sobre platex, com uma textura bastante expressiva, e as cores fortes, no estilo fauve, para lhe dar a força que o tema merecia. Daí a simplificação das formas e a exaltação das cores puras, numa pincelada espontânea e livre …
Como todos sonhamos ser…

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

ARTE POSTAL


Pés na Terra Óleo sobre Platex
(clic sobre a imagem para ver textura)

Esta foi a minha contribuição para a “Exposição Internacional de Arte Postal”, realizada no Barreiro em 1988.
A Mail-Art teve o seu início em meados do século XX, na "Correspondance Art School", de Nova Iorque e teve a sua maior expressão nos anos 70 e 80.
Os suportes em que esta arte se manifesta terão de ser possíveis de transmissão através dos correios, a nível global, daí o seu formato e as técnicas utilizadas.
Este “postal”, como o outro que irei apresentar, é feito em óleo sobre platex, com a moldura feita de madeira e integrada no conjunto. A terra parece cair da moldura, com a intenção de interagir com o espectador...
O tema escolhido, “Terra”, levou-me ao que na altura sensibilizava parte da opinião pública portuguesa: “O Movimento dos Sem-Terra”.
Mas estes pés não têm nacionalidade…

terça-feira, 22 de setembro de 2009

O ESPÍRITO DOS PÁSSAROS


Pássaro Azul Acrílico sobre Tela 60x30cm

Em 14 de Outubro de 2007, publiquei no meu blogue esta obra, acompanhada, como sempre procuro fazer, da sua génese.
Este Pássaro azul, bem real, usufrui de uma constante capacidade de mutação. Primeiro pássaro verdadeiro, depois poema e música, um outro poema a seguir que o transforma na tela, e de novo bem real vem comer milhos à mão. Está inscrito num livro de contos, de seu nome "O Espírito dos Pássaros", que tem uns meses de acabado e, talvez, acabe publicado um destes dias, provavelmente, pela Editorial CÊAV. Aguardemos.



O livro, aqui está!

...
Mas o Pássaro Azul não se ficara por ali, ao regresso à casa do poeta, mas novamente se transformou, e de dentro da tela voou para uma aparição, através de uma noite cerrada, ao encontro do poeta e do pintor, que um dia fora campeão de xadrez. Ainda uma e outra vez reencarnou.
...
Quer dizer, o poeta, foi encontrar o Pássaro Azul lá longe, em letras do início do século, a revelar-lhe que, afinal, foi voando através dos anos que ele chegou à sua casa. Um Pássaro que ora se diz, ora se vê, outras vezes pinta-se e escreve-se, e que tantas vezes encarna e reencarna. Um Pássaro Azul que é amizade e liberdade, sintetizadas ambas em amor, produto afinal de uma mesma energia criadora que nos assiste.

Somos nós, enfim, esse Pássaro Azul.

Recomendo, vivamente, que leiam toda a história, no seguinte endereço:
http://oespiritodospassaros.blogspot.com/

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

É BOM VIVER (III)


Rafael Acrílico sobre Tela 50x40cm
(clic sobre a imagem)


Resultou!
Quando me disseram que o retrato, por causa do manto e do rosto lembrava um anjo, recordei-me dos anjos de Rafael, que têm como fundo o Céu.
Tinha pensado dar o maior relevo à figura, usando o estilo chamado de tenebrismo, uma grande inovação introduzida por Caravaggio, que traduz o máximo contraste entre luz e sombra.
A minha predilecção pelo azul, levou-me a fazer uma experiência, para saber se o contraste forte com o rosa seria do meu agrado, como fundo do retrato. Ficou aprovado, com distinção!
Escolhi um azul suave, Cerulean Blue, com que cobri todo o fundo juntando um pouco de Ultramarine Blue, para fazer ressaltar o volume do corpo.
O rosa que está debaixo do azul, continua a respirar. Usei uma técnica conhecida por frottis, que consiste em esfregar um pano ou um pincel áspero sobre uma tinta já seca. Neste caso, usei um pouco de Gloss Gel Mediun, para tornar a cor mais brilhante.
Na toalha (manto), acentuei as sombras e avivei as cores utilizando um processo de pintura chamado glacis, que consiste numa cobertura transparente e ligeira das cores iluminadas, para fazer ressaltar o seu brilho.
O rosto, os olhos, a boca? Para ser franco, já não sei o que fiz, tantas as cores e as nuances que utilizei e a densidade de matéria pictórica…
Para os meus amigos, julgo que seria fastidioso, tentar explicar o processo…
A partir de hoje, tenho junto de mim um anjo, Rafael, que poderei ver sempre que quiser…

terça-feira, 8 de setembro de 2009

É BOM VIVER (II)


Rafael (Ars Interim) Acrílico sobre Tela 50x40
(Clic sobre a imagem para ver pormenores)

Esta segunda sessão foi dedicada ao rosto.
Perguntaram-me se não ficaria melhor utilizar uma expressão com o seu deslumbrante sorriso. Pensando sobre o assunto, eu escolhi aquela, porque a considerei a mais importante da sua personalidade: a curiosidade insaciável com que olha para tudo o que acontece! Talvez por isso, está a olhar directamente para quem o observa, cheio de interesse, mas também sem receio…
Tenho interiorizado que um quadro é um objecto para ser visto todos os dias, e que pormenores que são interessantes, vistos uma vez, poderão tornar-se agressivos, como por exemplo, um sorriso, que pode, facilmente, converter-se num esgar. O que torna eterno e fascinante o sorriso de Mona Lisa é a sua ausência…
Cuidadosamente defini os valores mais importantes da sua face com uma cor mais quente. Escureci deliberadamente os olhos, para mais tarde salientar o brilho vivo das suas nuances. O raio de luz que lhe ilumina o lábio inferior vai ser o principal ponto focal do quadro.
Agora, estou satisfeito. Vou deixar como está, para ir experimentar uma solução que me ocorreu para a cor do fundo, quando num comentário me disseram que a toalha parece o manto de um santo…
Desculpem-me! Estou cheio de curiosidade para ver se resulta!
Volto já!

domingo, 6 de setembro de 2009

É BOM VIVER!


Rafael Acrílico sobre tela 50x40cm

Passei uns dias de férias no Algarve, com a minha mulher, uma espécie de lua-de-mel, com um extra a que não tive acesso quando me casei: o meu neto Rafael…
No regresso a casa, dava por mim com um sorriso babado, sempre que me lembrava da força arrasadora do seu sorriso, da sua incansável capacidade de investigar tudo o que acontecia em seu redor, na sua aprendizagem do mundo que o rodeia.
A visão das fotografias, não me satisfazia a vontade de o rever… Naturalmente cheguei à conclusão que precisava de fazer o seu retrato para o ter comigo, sempre!
Tentei racionalizar o que sei sobre retrato, mas cedo verifiquei que a paixão não me ia deixar…
Preciso de cobrir a tela com uma cor base para harmonizar todo o conjunto. Escolho um tom delicado, como a sua pele, porque penso utilizar o cor-de-rosa choque da toalha, para destacar a suavidade do seu corpo e o brilho dos seus olhos.
Quando fiquei satisfeito com o tom e textura do fundo, fiz um desenho cuidadoso do seu rosto, respeitando religiosamente as suas proporções. Se, como disse o poeta, “todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades”, no caso duma criança, este verso é uma verdade confirmada dia-a-dia.
Longas vão ser as horas até à nova sessão…

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

A MÃO DE DEUS


Lagos Óleo sobre Tela 80x100cm

Lembrei-me deste quadro quando falei do acidente que causou aquelas vítimas mortais.
Sempre que o observo com atenção eu vejo lá a mão de Deus.
Se não for esse o seu caso, não faz mal:

eu consigo ver uma jovem e uma senhora de idade nesta imagem, mas sei que há pessoas que só vêm a jovem e outras que só conseguem enxergar a velha.
Olhar o mundo com optimismo, com os olhos ávidos de uma criança é sinal de juventude, do desejo imparável de ser feliz.
Eu quero…
Façam-me o favor de ser felizes!

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

LINDAS DE MORRER


Falésia Óleo sobre tela 38x46cm
(clic na imagem para ver em pormenor)

No passado dia 21, uma derrocada na falésia da Praia Maria Luísa, em Albufeira, provocou a morte de cinco pessoas, quatro da mesma família, que se encontravam de férias no local.
No dia seguinte, por todo o litoral português, famílias inteiras continuaram a arriscar a vida, debaixo de falésias consideradas perigosas, sem respeito pelas placas que avisam, em quatro línguas, do perigo de permanecer próximo das zonas assinaladas.
A praia onde aconteceu o acidente, já tem a bandeira azul hasteada por ter deixado de ser perigosa, depois de ter sido demolida a parte que sobrou da rocha...
Este quadro mostra as falésias da costa algarvia, com todos os contrastes, que as tornam um motivo apetecido por todos os pintores. As cores utilizadas têm uma textura que procura transmitir a beleza que, com os raios de sol a incidir sobre elas, são de cortar a respiração…
Como disse, lindas de morrer!

sábado, 15 de agosto de 2009

ASSOCIAÇÕES VIRTUOSAS


Musa Óleo sobre Tela 65x54cm
(Clic sobre a imagem para ver pormenores)

Foi uma associação de ideias, que me impeliu a mostrar esta obra.
No passado sábado, morreu Raul Solnado, humorista, actor e apresentador de televisão.
Entre os programas que apresentou destacou-se pela sua importância, Zip-Zip, o primeiro talk show português. No primeiro programa, a 26 de Maio de 1969, uma segunda-feira, em plena Primavera Marcelista, o convidado principal foi Almada Negreiros, amigo e admirador de Fernando Pessoa. A sua presença na televisão entusiasmou tanto os portugueses que, a partir desse dia, as ruas e as salas de espectáculo ficavam vazias à segunda-feira: ninguém queria perder o programa!
Almada Negreiros editou a revista Orpheu, juntamente com Fernando Pessoa e Mário de Sá Carneiro.
Júlio Dantas, a maior figura da intelectualidade institucional da época, afirma que a revista é feita por gente desmiolada. Almada Negreiros responde com o manifesto Anti-Dantas:
... Basta PUM Basta!
Uma geração, que consente deixar-se representar por um Dantas é uma geração que nunca o foi. É um coio d’indigentes, d’indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero! Abaixo a geração!
Morra o Dantas, morra! PIM!
No fim assina: POETA D' ORPHEU, FUTURISTA E TUDO.

É inspirado num seu desenho, o quadro que apresento.

domingo, 9 de agosto de 2009

ACABOU-SE A FESTA!


Igreja De São Lourenço Acrílico sobre Tela 60x70cm

Para terminar esta série, mostro um monumento cuja fundação remonta ao século XIII, a Igreja de São Lourenço, também chamada Matriz de Alhos Vedros, com o enquadramento do seu novo jardim.
Como poderão recordar numa entrada de 30.Dez.07, foi na apreciação do quadro com o altar-mor desta igreja, que se gerou a discussão entre um casal, em que o marido garantia que eram pedaços de azulejos colados e a mulher, mais perspicaz, garantia que era pintura.
O resto, já pertence à história: ele, para provar à mulher que tinha razão, tirou a navalha do bolso para levantar os azulejos virtuais…
Eu, como se pode constatar, sobrevivi ao susto... e a obra também!

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

FESTA NO CAIS


Festa Acrílico sobre Tela 60x69cm

Esta pintura do cais de Alhos Vedros, da mesma série da anterior, tem como ponto central as pessoas que, com as suas roupas multicores, rivalizam com os barcos engalanados.
O céu e o mar trabalhados com espátula, apesar da sua imensidão, parecem perder importância, face ao calor das cores utilizadas para definir a festiva multidão.
Imaginem os odores das barracas de petiscos…

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

FESTAS EM ALHOS VEDROS


Festa no Cais Acrílico sobre Tela 60x70cm

Como disse numa entrada anterior, todas as vilas da zona ribeirinha do Tejo vão fazer as suas festas populares, com a mesma receita de sempre; já está tão testada que não é preciso inventar nada, para que sejam um êxito!
Os barcos engalanados, cheios de bandeiras coloridas, vão apresentar-se pintados de fresco e lavados, perante a santa padroeira, que os abençoará, depois de levada em procissão até ao cais. Quando era miúdo, sempre achei que era a mesma santa que fazia o passeio, embora cada vila lhe desse um nome diferente...
Neste caso, em Alhos Vedros, o seu nome é Nossa Senhora dos Anjos. As Festas em sua honra este ano acabam no dia 4 de Agosto. Ainda estão a tempo!
Em 2003, fiz uma exposição com telas que mostravam o colorido dos barcos e das bandeiras, a alegria e participação das pessoas, nesta festa sempre igual, sempre renovada.
As obras que apresentei tinham em comum o traço espontâneo e livre.
Todas elas foram muito apreciadas! Tanto que não sobrou nenhuma dessa mostra.

domingo, 26 de julho de 2009

DIA COM ARTE




Ontem, foi mesmo um dia especial!
A Exposição “Tejo Cintilante” está patente ao público numa galeria que tem as condições ideais para receber Arte e os seus amantes. Sala nobre, com dignidade, ampla e bem iluminada.




Logo à entrada está uma chamada de atenção, com o desenho a tinta-da-china, Menção Honrosa do Prémio Américo Marinho, “Baixa-Mar”.


Nas outras paredes está o Tejo em todo o seu esplendor!
Durante a tarde, convivi com os visitantes e amigos, ao som de música ao vivo, com o indispensável Moscatel de Setúbal.
Na sala ao lado, está a exposição de fotografia do agora amigo, Francisco M. Santos, que curiosamente tem os mesmos temas dos meus quadros.
Por sugestão da minha filha, fomos jantar a um restaurante em Palmela que se chama “Coma com Arte”. E não é só a comida: tem sempre um espaço reservado para uma exposição de pintura.



Por sugestão da dona do espaço, seguimos para um espectáculo que se desenrola no palco impossível duma encosta do Castelo de Palmela. Três centenas de participantes celebram o Verão com teatro, música, cantores líricos e a poesia Eugénio de Andrade.
A Deusa-Mãe, os elementos Água, Terra, Ar, Fogo, um Senhor de Branco, que conduz o povo à felicidade, e uns diabretes que querem estragar a Festa, são algumas das figuras mais destacadas deste espectáculo que tem um cenário natural deslumbrante: a Serra da Arrábida.
De sugestão em sugestão eu sugiro que, os que puderem, visitem a exposição que está como o Tejo: CINTILANTE!

terça-feira, 21 de julho de 2009

EXPOSIÇÃO DE PINTURA




Clic sobre a imagem para melhor leitura.
Até sábado!
Obrigado.
António Tapadinhas

quinta-feira, 16 de julho de 2009

GENTE COM HISTÓRIA


Barraca do Zé Gordo Acrílico sobre Tela 25x56cm
(clic sobre a imagem para ver em pormenor)

Quando estive a pintar o quadro “Barcos na Praia”, tinha atrás de mim estas barracas de pescadores, que servem para guardar todos os seus apetrechos de pesca. À semelhança do que aconteceu com os palheiros da Costa Nova, foram-se transformando numa segunda habitação para gozar férias. Só não se chamam palheiros porque, como não há caniços, os telhados são feitos com outros materiais…
Não fiquei indiferente ao seu colorido. Para o salientar e à sua rusticidade, utilizei quase exclusivamente a espátula, valorizando as texturas que pretendia. A camada inicial foi dada com Naples Yellow, sem mistura ou diluição, para que esta cor continuasse a respirar através das outras e aquecer toda a atmosfera da tela.
O título deste quadro leva o nome por que é conhecido o dono da barraca. Não conheço o senhor, nunca o vi mais gordo, mas o nome foi dado por uma querida senhora que ficou encantada com os meus quadros dos moinhos de Alburrica. E tinha uma boa razão para isso: A senhora contou-me que viveu grande parte da sua vida nos moinhos…
O quadro “Moinhos de Alburrica”, que mostrei na minha postagem de 18/5/2008, foi comprado pela senhora e colocado em lugar de destaque na sua sala!
Com muito orgulho de nós os dois!
Este vai estar no Barreiro, a partir de dia 25, na Exposição "Tejo Cintilante".

sábado, 11 de julho de 2009

MOINHOS SEM DOM QUIXOTE


Moinhos no Horizonte Acrílico sobre Tela 30x40cm
(clic sobre a imagem para ver em pormenor)

Sempre que utilizo fotografias para fazer os meus quadros, sinto necessidade de voltar ao local para definir alguns pontos de divergência entre o que eu me lembro de ter visto e o que a fotografia me mostra.
A grande diferença nem é a cor. A câmara mostra tudo por igual: dá a mesma importância a um monte de lixo que a um ramo de flores…
Para dar o sinal da distância a que nos encontramos da língua de terra onde se situam os moinhos e as casas, pareceu-me indicado mostrar os tufos de vegetação. Por acaso, também estão na fotografia…
A minha assinatura mostra que a obra está acabada.
Eu gosto do resultado…

quinta-feira, 9 de julho de 2009

MOINHOS SEM DOM QUIXOTE II


Moinhos no Horizonte (Ars Interim)
Acrílico sobre Tela 30x40cm

Nesta fase do trabalho já se distinguem os pormenores (clic sobre a imagem) da paisagem a que eu me referi: os moinhos (sem Dom Quixote!), as casas, algum arvoredo...
Infelizmente, as fadas e as ninfas ainda não deram sinal de si...
Apelo à vossa imaginação...

quarta-feira, 8 de julho de 2009

MOINHOS SEM DOM QUIXOTE


Moinhos no Horizonte (Ars Interim)
Acrílico sobre Tela 30x40cm

Tinha planeado executar quatro pequenas telas, com as mesmas dimensões, o mesmo tema e a mesma gama de cor. Este trabalho é o quarto da série.
A fotografia mostra o desenho inicial efectuado no local e as cores base que seleccionei, para a execução desta tela.
A pequena foto que tenho colada no cavalete serve de indicação para os pormenores que, apesar da distância, eu quero salientar, para individualizar o local e torná-lo facilmente reconhecível. Quero que seja identificado por quem o conhece.
Hoje à tarde vou ver as dimensões do espaço onde vai estar patente a exposição…

sexta-feira, 3 de julho de 2009

ESTAÇÃO DO SUL E SUESTE II


Moinho e Estação Sul e Sueste
Acrílico sobre Tela 40x30cm


Conforme disse, com o entusiasmo, pouco deixei para fazer até à conclusão deste trabalho.
Quando começamos uma obra, temos uma determinada imagem do que pretendemos. Muitas das vezes, fazemos esboços, testes de cores, para tirarmos todas as dúvidas. Não foi este o caso! Eu queria, utilizando a imponência, a majestade do moinho, transmitir uma sensação de paz de perenidade, de segurança… Desde o início senti que estava a conseguir o meu objectivo…
Foi com esse sentimento que recomecei o trabalho, para não perder o que já tinha conseguido.
Nesta sessão, intensifiquei algumas sombras, dei mais luz aos ramos das árvores, defini com maior precisão alguns pormenores do céu e da água.
Quando perguntei à mulher disfarçada por entre as nuvens e à ninfa que está a tomar banhos nas águas quentes do Tejo, se já estavam prontas, elas responderam em coro que sim.
E eu acreditei! Arrumei tão depressa os instrumentos que, só agora, me apercebi que nem sequer tenho o trabalho assinado!
Vai ficar assim na fotografia, mas o quadro vai ser assinado, prometo!

terça-feira, 30 de junho de 2009

ESTAÇÃO DO SUL E SUESTE


Moinho e Estação do Sul e Sueste (Ars Interim)
Acrílico sobre Tela 40x30cm

Durante algum tempo discuti com Ernesto quais seriam as melhores palavras para indicar que uma obra ainda não estava acabada. Tínhamos chegado a um consenso que seria Opus Interim. Agora, que chegava a altura de a aplicar, procurei no Google e lá estava uma empresa com esse nome. A razão porque tínhamos posto de lado Ars Interim (AI) era a sua possível confusão com algum robot e eu, entre um robot e uma companhia, prefiro o robot...
Mais uma vez os moinhos!
Este moinho é o que estava em perigo de derrocada, conforme um comentário anterior. Neste momento está em obras. O Sem Margens congratula-se com esta acção. E eu, muito mais: Vou continuar a ter tema para os quadros do Barreiro!
Neste quadro, o moinho tem ao seu lado direito a Estação do Sul e Sueste, um monumento classificado pelo IPA, que deixou de ter utilidade como estação fluvial e terminal ferroviário… Será o abandono?
Nos quadros anteriores, o ângulo de visão é o que se obtém junto da estação. Desta vez, dei a volta à Caldeira do Moinho Pequeno, para mostrar uma perspectiva diferente, que inclui os dois monumentos.
Com o entusiasmo nem me apercebi que o quadro estava quase concluído!

quarta-feira, 24 de junho de 2009

VOAR...


Voo Óleo sobre Tela 46x38cm

Numa das primeiras exposições que fiz, esta pintura foi “vendida” logo no primeiro dia, a um apreciador de pintura, muito afável, simpático e conversador.
Disse deste quadro, aquilo que eu pensava dele:
Obra de grande expressividade, textura agressiva e uma harmonia dinâmica transmitida pelas cores fortes e contrastantes, em que a ave, com o metafórico bater das suas asas, afasta o frio da floresta para entrar na clara e quente luz do sol…
Pois, pois!
Só que o senhor apreciador talvez tivesse problemas de fundos de maneio: reservou-a mas nunca a foi levantar.
Até hoje!
Por isso, agora tenho em casa uma caturra que me assobia canções, para eu não a deixar, e um papagaio que não se cansa de me olhar a convidar-me para voar com ele…

sexta-feira, 19 de junho de 2009

ENTARDECER NOS MOINHOS II


Pôr-do-Sol em Alburrica Acrílico sobre Tela 30x40cm

A luz do sol não varia com a hora dos nossos dias. A nossa atmosfera serve de filtro a essa luz que nós vemos que, por uma questão de comodidade, se costuma dividir em seis cores, por ordem de frequência crescente: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul e violeta.
Neste quadro, foram estas três primeiras cores que privilegiei, tornando coerente a sua luz/cor visível. Não utilizei o processo científico que estimula a conversão de energia numa porção de luz, como se diz em inglês “light amplification by stimulated emission of radiation” ou, para simplificar, fazendo o acrónimo com as iniciais destas palavras – laser…
Utilizei “apenas” a visão dos humanos: A nossa capacidade de distinguir cores e tons não tem limites definidos…


...E a nossa capacidade de amar também não: ontem passei o dia com o meu neto, Rafael, que completou o seu primeiro ano de vida…

terça-feira, 16 de junho de 2009

ENTARDECER NOS MOINHOS


Pôr-do-sol em Alburrica (em construção)


Pôr-do-sol em Alburrica (em construção)

Para a segunda apresentação da exposição “Tejo Cintilante”, na Galeria da Câmara Municipal do Barreiro, entre 29 de Julho e 27 de Agosto, vou mostrar, conforme prometi, um quadro dos moinhos com a luz do pôr-do-sol.
Se na interpretação do amanhecer, não me esqueci dos azuis para sugerir o fresco da manhã, neste, procuro transmitir o calor do Sol inclemente, que se mantém nos areais, nas árvores e nas construções…
O desenho simples com o marcador pode ver-se sob os amarelos, laranjas, vermelhos e rosas, que cobrem toda a tela, como um fogo purificador…
O nosso cérebro está treinado para ver na água a cor azul e a fresquidão que ela sugere. Com essa informação, eu sei que não preciso pintar a água de azul porque o cérebro irá corrigir automaticamente a minha interpretação da realidade…
Se no céu anterior foi vista uma mulher-anjo (não são todas?), neste, espero que descubram o homem-demónio, que vai ficar por lá escondido nas nuvens de fogo…

sexta-feira, 12 de junho de 2009

AMANHECER NOS MOINHOS II


Amanhecer em Alburrica Acrílico sobre Tela 30x40cm
(Clic sobre a imagem para ver em pormenor)

O passo seguinte é definir as formas que quero salientar, sem esquecer o ambiente (em inglês, mood define melhor o que pretendo dizer) que devo manter na etapa final. Satisfeito com o realce que dei aos moinhos que, qual sentinelas, obrigam o observador a percorrer toda a tela, procurei dar a força suficiente aos telhados das casas, ao centro, para o olhar se deter nessa zona tão importante do quadro.
Acrescentei alguns detalhes, onde os considerei necessários. Temos de corrigir a tendência para o excesso de pormenores que, algumas vezes, tiram vigor e espontaneidade aos trabalhos.
Olhando com atenção ainda se distinguem as cores e texturas da pintura inicial. Espero que ainda se veja a mulher (anjo?) a espreguiçar-se por entre as nuvens…
Há um outro pormenor interessante: O céu e a água são formas abstractas; por isso, podemos dizer que mais de noventa por cento do quadro é abstracto…

P.S. Um amigo perguntou-me quanto custa o quadro. A resposta vale para todos: Este (Amanhecer em Alburrica) e o próximo que tem o mesmo formato (Pôr-do-sol em Alburrica) serão postos à venda na Galeria por 300€ cada um. Se alguém os quiser comprar agora, ficarão expostos com indicação do seu proprietário, e só depois serão entregues. Valeu?

quarta-feira, 10 de junho de 2009

AMANHECER NOS MOINHOS


Amanhecer em Alburrica (em construção) Acrílico sobre Tela


Amanhecer em Alburrica Marcador sobre Tela


Já está confirmada a segunda apresentação da exposição "Tejo Cintilante". Será na cidade do Barreiro, na galeria da Câmara Municipal, a partir do dia 29 de Julho e até 27 de Agosto.
Como algumas obras já foram vendidas, estou a preparar novas.
Tenho constatado o interesse dos meus amigos na concepção e execução das telas. Atendendo a esse interesse, vou dedicar as minhas as próximas entradas aos novos trabalhos que irei apresentar.
No Barreiro, os moinhos são o ex-líbris da cidade. Tenho feito trabalhos sobre eles, de todos os ângulos e com todos os formatos, mas sempre com o esplendor da luz do sol. Então, para variar, lembrei-me de fazer dois trabalhos: um com a luz da manhã e outro com a do pôr-do-sol.
Os moinhos são bem conhecidos, por isso, pensei dar maior realce ao seu enquadramento natural. O céu e o rio vão ser os protagonistas.
Para evitar surpresas desagradáveis, desenhei com um marcador à prova de água a língua de terra onde estão os moinhos. Para dar maior vigor às cores, devemos trabalhar a tela branca com as tintas que darão a temperatura que desejamos para pintura final. As cores são diluídas com médium transparente, que deixa ver o desenho, por entre as pinceladas expressivas que procurei dar.
Não me esqueci dos azuis, que vão servir para se sentir o frio da manhã…

quinta-feira, 4 de junho de 2009

ATLÂNTIDA


Cerrados - Açores Óleo sobre Tela 100x100cm

O Arquipélago dos Açores é constituído por nove ilhas, situadas em pleno Oceano Atlântico, que dizem ser vestígios da lendária Atlântida. Olhando os contrastes das costas, os rochedos vertiginosos a mergulharem no oceano, as montanhas e os vales, com a sua exuberante vegetação, as lagoas nas crateras de vulcões extintos, os géisers, as nascentes de água quente, tendo ao lado, outra com água gélida, não custa a acreditar na lenda do mítico continente.
Sendo o contraste uma regra, até os campos carinhosamente cultivados, estão divididos em pequenos cerrados feitos com as rochas vulcânicas vitrificadas que a população chama de bagacinas, com o toque de beleza que é a inveja dos continentais: as hortênsias azuis.
Uma estadia no continente e as belas flores vão mudando de cor e passam para um cor-de-rosa choque…
Tem a ver com a acidez ou alcalinidade das terras, dizem os especialistas.
O engraçado é que nós invejamos o azul dos Açores e eles invejam o nosso cor-de-rosa…

sábado, 30 de maio de 2009

ENCONTRO DE IRMÃOS - PARTE II


Tão bom como "O Genial", só "O Génio",
no café "A Brasileira" do Chiado


Poucas pessoas podem gabar-se de ter a felicidade de imaginar momentos empolgantes e depois, no real, eles superarem as nossas melhores expectativas.
Confesso que sentia um certo receio que passássemos aquelas horas juntos e pouco tempo depois, não tivéssemos mais do que falar. Aconteceu exactamente o contrário: as horas voaram e, quando nos despedimos, sentimos que ficaram muitas coisas por dizer… Foi uma conversa de amigos de longa data que será retomada na próxima vez que nos encontrarmos, no próximo mês, no próximo ano, recomeçada no exacto momento em que foi interrompida… É assim com os amigos!
Todos aqueles que me foram dizendo que estavam cheios de inveja, digo-lhes uma coisa: tinham razão! Ao conhecer o Flavio, fiquei a conhecer melhor cada um de vós. Foram momentos muito bons!
Daqui a pouco, vou estar em Coimbra com a Companhia de Artilharia, 1409, com o pelotão que comandei, como Alferes Ranger, na guerra colonial de Portugal contra Angola. Cada vez somos menos o que estamos nesta comemoração anual…
Quantas emoções!
Espero sobreviver a este fim-de-semana!

quinta-feira, 21 de maio de 2009

ENCONTRO DE IRMÃOS


Regata no Tejo (estudo), 1997
Acrílico sobre Platex, 11x21cm

No passado dia 6 de Maio, ilustrei a minha postagem, “Festas no Tejo”, com o quadro, “Regata”, óleo sobre tela, 85x120cm.
Essa postagem, suscitou 74 comentários, o último dos quais, foi assinado por Flavio Ferrari. Dizia:

Esse é um de seus quadros mais lindos (dentre os que já publicou). Não conheço a mulher do seu parente, mas talvez ele tenha mesmo feito um bom negócio.
Mas não venha com ideias para o meu lado que a Ti eu não troco nem por dois quadros...


A este texto, respondi, quatro dias depois:

Só agora, por mero acaso, li o seu comentário na minha postagem, "Festas no Tejo".
Entendi a mensagem!
Há jóias que não têm preço... eu sei...


Está confirmado que no próximo dia 29, eu e Flavio vamos encontrar-nos em Lisboa.
É a primeira vez (há uma primeira vez para tudo!) que me acontece: vou abraçar alguém, que não conheço pessoalmente, mas com quem tenho contactado quase diariamente. Algo que não posso dizer de muito bons amigos…
No abraço que lhe vou dar, estão todos os amigos que me têm culminado de gentilezas, durante estes quase dois anos de convívio com a blogaldeia.
Tenho uma prenda para ele: o estudo que serviu de base ao quadro que ele tanto admirou.
Juro que não é nenhuma prestação ou sinal, para qualquer troca…