terça-feira, 29 de dezembro de 2009

AS FERAS (IV)


Casas na Montanha Óleo sobre Tela 110x75cm

Esta é a última obra “Fauve” que planeei mostrar.
É uma paisagem de montanha, em que o formato e o ângulo de visão potenciam a sensação que temos de fazer um grande esforço para chegar lá acima. Pode valer a pena: quem sabe, não será a montanha mágica, que todos procuramos.
Utilizei o máximo de contraste entre as gamas frias e quentes, sublinhadas por suculentos sombreados com azul-cobalto. Apesar disso, procurei que o tom geral da obra, tivesse a cor da temperatura agradável que deve predominar nas confortáveis casas.
No conforto das casas, com amigos ou com a família, desejo a todos um Feliz Ano Novo.

sábado, 19 de dezembro de 2009

AS FERAS (III)


Sobreiros Óleo sobre Tela 81x94cm

Nesta pintura, deixei de lado as pinceladas carregadas de matéria em benefício de mais amplas superfícies cromáticas, inspirado nos ensinamentos de Gauguin. As árvores estilizadas e curvilíneas, pintadas com cores contrastantes, arbitrárias porque não identificadas com a realidade, servem para articular os diferentes planos, com o uso exclusivo da cor. O jogo cromático das parcelas de terreno, fica contido pelo obsidiante maciço de folhas verdes, que mal deixam ver um céu, cujo azul, mantém a tensão entre uma realidade exterior e a minha visão interior, na busca de uma paisagem sem data, nem local, forte, mas que seduza o observador com a sua rudeza tranquila.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

AS FERAS (II)



As Árvores Vermelhas Óleo sobre Tela 50x40cm

Para provar o grau de simplicidade que era um dos seus objectivos na pintura fauve, Matisse tentou convencer um amigo e companheiro de pintura, que um quadro criado por si (Cebolas cor-de-rosa, 1906), era de autoria do carteiro da vila. Ele não conseguiu convencer o amigo, como talvez eu não os conseguisse convencer de que estas árvores foram pintadas pelo meu neto.
Mas podem acreditar que a tinta gasta nesta tela, usada com parcimónia, daria para fazer uma centena, tal a quantidade que usei para conseguir o relevo, a textura e a profundidade que tinha planeado.
Espero não ser traído pela qualidade da fotografia, para que possam apreciar a violência suave das cores…

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

AS FERAS


Casas no Largo Óleo sobre Tela 41x33cm

Quando comecei a estudar pintura, fui atraído pela paleta radical e arbitrária, e pela drástica simplicidade de linha, de um grupo de pintores, catalogados como “fauves”.
Na primeira exposição dos rejeitados do “Salon d´Automne”, de Paris, em 1874, o quadro, “"Impression, Soleil Levant" de Monet, provocou o comentário desdenhoso do crítico de arte, Louis Leroy, que os chamou pejorativamente de impressionistas, nome que foi adoptado, com os resultados que se conhecem.
E, mais uma vez, a história repetia-se!
Também o critico de arte, Louis Vauxcelles, no Salão de Outono, em Paris, 1905, ao ver uma série de quadros radicais, a rodear um busto italiano clássico, exclamou: “Tiens, un Donatello parmi des fauves”. Coitado, mal sabia ele que estava a dar nome à escola que contribuiu para o primeiro grande movimento de ruptura estética “avant-garde”, do século XX. No seu curto período de existência (1905-1908), reuniu com a liderança de Matisse, pintores como Van Gogh, Braque, André Derain e Raoul Dufy.
Não escapei ao seu apelo. No início da minha carreira de pintor, utilizei a exuberância das suas cores, para algumas experiências. Delas, lhes darei conta, nas próximas entradas.
Esta obra (1995) é o primeiro exemplo.