segunda-feira, 19 de novembro de 2007

PORTO NÃO É SÓ PAISAGEM

Porto - Ribeira com barco rabelo Óleo sobre tela (120x120)

Antes de começar a pintar, visitei muitas vezes o Porto, uma cidade feia e triste, segundo os lisboetas, a capital do trabalho, segundo os tripeiros.
Há uma certa tendência para considerar a nossa cidade, a nossa terra, a nossa rua como o centro do Universo, o local mais... mais... umbilicus mundi. Eu não era dos que dizia que o melhor do Porto era a auto-estrada para Lisboa mas, para ser sincero, ela não me entusiasmava especialmente.
Até que...
Comecei a pintar e um dia fui ao Porto, para ver uma exposição na Fundação de Serralves. A exposição chamava-se Amadeo Sousa-Cardoso/Piet Mondrian, em que se apresentava o diálogo entre dois pintores que, apesar de nunca se terem conhecido, tiveram um percurso muito semelhante, abandonando o seu país natal para viver em Paris, a cidade onde se concentravam os movimentos vanguardistas da sua época.
Cheguei de manhã, bem cedo e resolvi passar pela Ribeira. Disse Aquilino:
“Este trecho do Porto com fragatas a chocalhar contra o cais, a selva de mastros, o mercado de galinhas, truculências, aleijões, uma mulher que mostra a perna monstruosa com elefantíase, tísicos de tigela à banda, lembra as velhas cidades hanseáticas com todo o seu tropo-galhopo de coisas”.
E depois as casas carregadas de janelas/olhos, cores/lantejoulas, pedras/musgo... e depois o rio Douro... e depois os barcos rabelo... meu Deus, não tinha olhos, ouvidos, nariz, cérebro, rolos de máquina fotográfica, para guardar tudo o que me cercava... mas tudo me ficou agarrado à pele como a tinta indelével duma tatuagem.

20 comentários:

Fay van Gelder disse...

Olá António, eu sou fã incondicional do Porto :)

Então é Mr. Fat? Não pode não, tem de se cuidar - OK?

Bjo e Boa Semaninha :)

jorge disse...

Estuve en Oporto, bebi su vino joven, pasee con mi amiga. Buenos recuerdos. Me gusta mas el Porto de tu cuadro (que te robo para mi coleccion).
Anecdota, al volver a España la Guardia Civil me paro en la frontera (2º apellido Aristegui)(menos mal que lugar de nacimiento Vigo, me salvo)

Madalena disse...

Para quem saiba pintar (e que pena eu tenho de nem me atrever a tentar!) as margens, as encostas do Douro são poesia visual, quase infindável.

Gosto de bocaditos do Porto, de bocaditods de Lisboa, Coimbra... mas do que eu gosto totalmente é das gentes e dos campos fora das cidades todas.

Abraço. :)

Obrigada pelas palavras.

Walmir Lima disse...

Querido amigo António,
Qualquer que seja tua postagem, é sempre rica em arte e poesia.
Tenho a honra de tê-lo em nossa blogosfera e o grande privilégio de conhecer tua obra, que 'pinta a palavra e escreve a pintura'.
Melhor figura não há!
Um abraço,
Walmir

A.Tapadinhas disse...

Miss Slim, Eu me cuido muito bem. O trabalho (e o gozo) que eu tenho a cuidar dos meus amigos bloggers, não conta? Obrigado pelo seu cuidado.
Bjo.

A.Tapadinhas disse...

Ou mudas de apelido, ou de Guardia Civil:). Por um pouco eras português... Se fizerem o TGV Porto-Vigo então é que ficamos vizinhos...
Abraço amigo.
António

A.Tapadinhas disse...

Quem escreve com tanta sensibilidade (pintora de palavras)tem 99% do que precisa para pintar...
Um abraço carinhoso.
António

A.Tapadinhas disse...

Walmir amigo, é sempre um gosto estimulante "ouvir" suas palavras calorosas.
Um abraço.
António

gorrión disse...

...cada vez estoy más convencido querido amigo, mago de la LUXitania , que en realidad lo que pintas en colores el alma y el corazón de los lugares y las personas .Porto es hermoso y a través de tus ojos más!.(tienes un comentario personal del árbol que habla para tí en el bosque, concretamente en "esquela")Abrazosgrandes!

Sibyla disse...

Amigo Antonio,mago de pinceles y colores...
Tienes razón al comentar, que para cada cual, el lugar donde ha nacido, si no conoce otro, es el centro del Universo, el ombligo del mundo...
Pero yo también estoy de acuerdo con la belleza y el encanto de Portugal, como Oporto, Lisboa.
Los puertos aunque son tristes, pero son lugares mágicos donde se respira distintos matices de seres humanos, formando un caleidoscopio
tan diverso y difícil de encontrar en otro lugar.
Abrazos.

Fernanda Irene disse...

Hola Antonio. Siempre me han llamado la atención las ventanas de los edificios; con frecuencia paseando miro hacia arriba y pienso en la cantidad de historias que se esconden detrás de unas cortinas o unas persianas.Me gusta esta imagen de Oporto, desprende luz y color y sobre todo es vital, has pintado casas llenas de ventanas, es quizás por eso que en ella veo y siento mucha vida.

Un abrazo

Irene

Gi disse...

Vim retribuir e agradecer as vistas que me fizeste. Estou mais do que em falta. Começo pro pedir desculpa pelo atraso . Depois ... bem depois fui entrando já que a porta estava aberta e a pintura convidaiva à leitura do texto. Tivémos um percurso idêntico no que respeita ao "amor" pela cidade. Não cheguei lá pela via da pintura mas imaginei-a. Com moldura e tudo. É o que faz ter amigos que amam a sua cidade e nos fazem ver com outros olhos, dar uma 2ª oportunidade às coisas. TODAS.

Escrevo pouco, não gosto mesmonada de escrever, talvez inibida pela falta de jeito e hoje, creio que já me estiquei com otamanho do comentário. Era só mesmo para agradecer as tuas palavras, sabe bem a troca de ideias. Gostei das tuas obras.

Um beijinho, resto de noite feliz

A.Tapadinhas disse...

Gorrión,que mais posso dizer? As tuas palavras são sempre um conforto e um estímulo para fazer mais e melhor...
Abraço, amigo.

A.Tapadinhas disse...

Sim, Irene, as janelas fechadas permitem a cada um criar as suas próprias histórias. As tuas, serão histórias de amor,com um final feliz, que eu espero ir lendo, saboreando ao longo do tempo...
Un saludo cariñoso.

A.Tapadinhas disse...

Querida Gi,não estava preocupado com a falta de vestígios da tua passagem pelo SEMARGENS: sabia que o teu coração te indicaria a altura certa para deixares sinais da tua presença... Por causa das tuas palavras, a manhã vai ser melhor...
Até logo :)
Beijo

gorrión disse...

...estoy de nuevo aquí , en tu casa de los colores ( ya sabes que los gorriones como somos pequeños podemos entrar por cualquier sitio por pequeño que sea ,jajaja)porque me ha dicho el árbol que habla que sabe bien que en realidad al igual que existe una preciosa ciudad en Portugal ,llamada Porto, así mismo tu corazón es el O Porto donde muchos atracamos.Algunos llegamos en barquitas, otros en barcos grandes ; en barcos de vela empujados por el viento fresco del norte,o impulsados por potentes motores de la constancia , e incluso a remo ( porque no siempre en la vida es fácil navegar y hay que poner mucho esfuerzo), en cualquier caso todos al llegar hasta el puerto de tu corazón nos sentimos seguros y protegidos y dispuestos a intercambiar nuestros pequeños tesoros recogidos en los viajes.Sí, tu corazón grande y generoso es también nuestro Porto. Un abrazoabrazo marítimo!!

gorrión disse...

....incluso hasta el puerto de tu corazón llegamos algunos piratas como yo, jajajaja.Abrazosgrandesabrazos!

Pakous disse...

Felicidades Antonio, también cada vez te superas, sabes que te queremos mucho,un abrazo.

Nocturna disse...

Sí, António... Escribí en CALEIDOSCOPIO que eres el nexo obligado de todos nosotros...
Cuando navego por tu Blog, emulando al pirata gorrionero, mis noches se llenan de colores y de relatos hermosos.
Cariños...

Anne M. Moor disse...

Taí... Porto é uma cidade que quero conhecer...