sábado, 17 de novembro de 2007

WEB - Em construção

WEB - 17 Novembro


De como um taco se transformou num tento...

No relatório anterior, mostrei as minhas espátulas talvez das melhores e com certeza as mais baratas que existem. Pois agora, tenho a honra de apresentar o tento mais caro do mercado.
Joguei bilhar de competição, tendo conquistado alguns títulos regionais e em representação do Sport Lisboa e Benfica, cheguei a vice-campeão nacional, na modalidade de três tabelas. Para competir em igualdade de circunstâncias, o taco era um elemento essencial. O melhor na altura era o Buffalo, New Professional, 1982. Foi esse que eu comprei. Custou qualquer coisa como 60.000$, ou seja, cerca de 300€. Quando deixei de jogar bilhar, dei alguns tacos a amigos, vendi outros mas nunca me desfiz do meu companheiro de tantas jornadas. Tinha, no meu estúdio, o taco no seu estojo de cabedal, com o interior almofadado revestido de veludo vermelho. De vez em quando, abria o estojo, olhava para ele e afagava-o, com pena por tão bela peça, estar ali inútil, como presente de loja de chinês... Acho que aquela madeira que tem uns veios especiais, a que chamamos “olho de perdiz”, ficava a olhar para mim com ar interrogativo e acusador, como os velhos do lar que existe perto da minha casa... Até que um dia lhe arranjei uma maneira de passar o resto da sua, e minha vida, de uma maneira útil: transformei-o num tento, o utensílio que os pintores usam para apoiar a mão, quando pretendem dar pinceladas mais precisas.
Duvido que alguma vez um pintor tenha pago tanto por esta peça. Tem sido uma relação frutuosa: o tento (taco?) apesar de já ter algumas cicatrizes, ostenta-as com garbo. São como medalhas de guerra – confidenciou-me orgulhoso.
A tela da NET está agora coberta de tinta. Vou deixá-la secar, no meu estúdio, irei olhar para ela calmamente, de uma maneira natural e carinhosa, à espera que ela me diga como e quando vai ser a sua independência em relação ao seu criador...

4 comentários:

Pakous disse...

Me recuerdas cuando desempolvo de cuando en cuando los pinceles y desparramo energías sobre alguna tela, incluso el fetiche que utilizas para apoyar la mano... no me es desconocida la sensación. Animo, maestro del pincel. Un fuerte abrazo.

Anne M. Moor disse...

Genial é ter visto a obra se materializar... Genial é o movimento que foi adquirindo a cada fase.
Abraço Mestre da pintura!

jorge disse...

Billarista, asi de bien manejas la vida: a tres bandas.
Cada vez que te apoyas en el taco, para la pincelada exacta, el tacto te trae el recuerdo de la precision del juego, que mejor ayuda para lograr lo que se quiere conseguir.
Abrazos de uno que a la bola no, pero a las bandas si le daba.

Desabafosescritos disse...

António,
A forma como "nos" pintou transmite não só muita emoção mas também vida. Curioso como revejo as cores de Sestri. Avise-nos quando pudermos começar a cobiçá-lo :). Um beijo grande,
Laura