Pintor e o Pássaro Azul
Numa doce manhã
um suave regresso
qualquer coisa que há no ar, um passarinho azul
está pairando, esvoaçando
a cantarolar, dá uma volta
uma volta e meia
e quando volteia pousa no seu olhar
No coração que meigo e terno bate
está uma ideia
feita uma aguarela, amarela
que volteia na tela
e do meio do branco vazio
que era nada
um passarinho azul que sai
correndo através da manhã
Feito um pedacinho de lã
vai voando, cantarolando
da fantasia que foi um dia
da saudade de partir, do regresso
até que de novo encontra um papel
um outro olhar
uma ideia feita um arco íris
qualquer coisa que está no ar
P.S.: Este Pássaro azul, bem real, usufrui de uma constante capacidade de mutação. Primeiro pássaro verdadeiro, depois poema e música, um outro poema a seguir que o transforma na tela, e de novo bem real vem comer milhos à mão. Está inscrito num livro de contos, de seu nome "O Espírito dos Pássaros", que tem uns meses de acabado e, talvez, acabe publicado um destes dias, provavelmente, pela Editorial CÊAV. Aguardemos. Para já está disponível em word e será gentilmente cedido a quem por ele se interessar.
A pintura é do António Tapadinhas e o poema é do Luis Carlos dos Santos.
História do Pássaro Azul
Uma noite, depois da reunião do Conselho Editorial do jornal “O Rio”, estava em amena cavaqueira com o meu amigo Luís Santos, quando fomos surpreendidos pelo bater de asas de uma ave que tentava desviar-se do candeeiro que iluminava a rua. Não conseguiu evitar o choque e a queda a nossos pés. Num movimento instintivo apanhei-a do chão e como recompensa levei uma forte bicada no dedo. Apesar da dor não larguei a ave que Luís disse ser uma caturra. Confessei-lhe a minha surpresa porque, uns dias antes, eu tinha apanhado um periquito azul, que parecia estar à minha espera na rua. Dois casos com duas aves exóticas que estão agora na minha casa (A propósito, a caturra imita o meu assobio na perfeição: já sabe “a raspa”, as cinco estrofes da “5ª. Sinfonia de Beethoven”, “parabéns a você”, o hino nacional, o hino do Benfica, “jingle bells”).
Luís achou estranha a coincidência porque também ele tinha uma história recente com um pássaro azul que o tinha inspirado para um poema. Disse-lhe que gostava de lê-lo e no dia seguinte recebi no meu correio o belo poema “O pintor e o pássaro azul” do meu amigo Luís Carlos Santos. Do poema recolhi a inspiração para a tela que chamei “Pássaro Azul”. A história que a obra pretende contar é propositadamente dúbia: a criança está a chamar ou fazer adeus à ave que acabou de libertar?
2 comentários:
António:
Coincido con vos en relación a tu mirada sobre la película "Pequeña...".
Además te ofrece, desde mi puntoi de vista, una aguda evaluación sobre los conceptos de "perfección" e "imperfección"; belleza; "ganar" ,"perder";lo urgente y lo importante; las formas y el fondo; lo supuestamente dicho y la supuesta incomunicación ¿qué es comunicar?¿cómo nos comunicamos?;etc.
Otro gran abrazo,amigo y nos seguimos encontrando... es un placer para mi.
Zulma
tu sensibilidad es fasinante.felicidades Antonio
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