quarta-feira, 7 de abril de 2010
THE UNKNOWN GOD
Queda de um Gigante (em construção) 30x40cm
Os atenienses, apesar dos seus doze deuses principais, com receio de ferirem susceptibilidades, criaram um templo dedicado ao deus desconhecido. Se não serviu para mais nada, a sua existência ficou justificada com a obra-prima, “A um deus desconhecido”, de John Steinbeck.
Nesta novela telúrica, panteísta, Joseph Wayne, para cumprir o desejo do pai, vai viver para uma terra de vales imensos e de majestosas árvores. Depois da sua morte, Joseph acredita que a alma do pai se recolheu no imponente carvalho, junto da casa. A partir desse momento, a sua vida fica ligada umbilicalmente, de uma forma mística, ao destino da árvore. Como quase sempre acontece, é por uma boa razão, em nome de Deus, para o salvar do fogo do inferno, que seu irmão assassina o velho carvalho, cortando-lhe as raízes. O sentimento de tragédia, presente nas páginas da novela, começa a adensar-se com a seca que invade a terra e atinge o seu paroxismo quando Joseph se suicida. Com “o sangue a gorgolejar das artérias abertas”, ele diz: “Eu sou a terra e sou a chuva. A erva brotará de mim dentro em pouco.”
No passeio pelos sapais do Tejo, do qual falei anteriormente, logo a seguir ao Moinho da Charroqueira, encontrei um sinal das intensas chuvadas e fortes ventos: um pinheiro-manso (Pinus pinea) caído, suportado, de um lado, pelas suas raízes, e do outro, como que amparado por braços amigos, com as ramagens na terra. Lembrei-me de imediato da árvore assassinada em nome de Deus.
“E a tempestade recrudesceu e, com um enorme cachoar de águas, cobriu de sombra o mundo.”
Este desenho está mais pormenorizado do que é costume, porque é minha intenção dar-lhe a aparência de um vitral, que poderá ser colocado, quem sabe, numa UNKNOWN CHURCH.
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14 comentários:
Adorei a história e o quadro ...
Vou estudar o assunto.
Abraços
Depois de uma viagem de 30 horas a palavra que me vem eh PAZ na figura do homem a remexer a terra em baixo da arvore... Vai ficar lindo...
Beijos da Espanha (primeiro)
Anne
Gostei da história que me parece encantadora .
Se vais pintar este tema dá-lhe vida.
Muita vida a essa árvore que ninguem quer ver morrer.
Que a árvore renasça no teu quadro com uma esperança livre de todas as amarras e machados destruídores.
Um abraço de Leiria
Mas vai ficar uma maravilha e a história é linda.
Num vitral...porque não? Numa Igreja, num hino à vida e a um Deus ainda que desconhecido...Parabens!
Beijo
Graça
Flavio: That's what friends are for!
Abraço,
António
Anne: Olé!
Que tudo corra bem!
Beijo com salero!
António
Direitinho: Vou fazer tudo para lhe dar vida!
Só poucos de nós, humanos, temos a sorte de morrer por uma causa.
A esta árvore nenhum machado corta a raiz...
...nem ao pensamento!
Abraço,
António
Graça Pereira: Não conheço a técnica do vitral...
...mas se ficar satisfeito com o resultado em tela, quem sabe?
Beijo,
António
sem cor?
bjosss...
Nanda Assis: Vai ter!
Beijo,
António
Muito obrigado pelo seu comentário, António! Tenho espreitado o seu blog maravilhoso (sem hiperbole) e tem-me faltado a inspiração ou a coragem de abrir a boca (ciberneticamente falando) e comentar. Em breve porei a escrita em dia.
Um abraço com toda a amizade,
Jorge
Nilredloh: A sua escrita está sempre em dia!
Passe sempre que quiser, com a certeza da minha amizade.
Abraço,
António
A preto e branco...parecia-me um imenso desenho a tinta da China e...continuava lindo!
Agora, com cores...ficou esplendoroso e eu acho que tenho razão em continuar a pensar num vitral. Julgo, que também já te passou pela ideia...
Parabens...Inspirada nesta árvore e história envolvente...escrevi o meu próximo post.
Beijo
Graça
J'aime beaucoup vos recherches , en particulier l'avant dernière , les coquelicots ,ils me font penser aux toiles de Van Gogh .
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