terça-feira, 13 de maio de 2008

FESTA DE PINHAL NOVO (4)



E de repente aconteceu... Quase naturalmente, comecei a notar que o perfil do lado direito do Castelo é igual ao da montanha de Sainte-Victoire, aquela suave elevação nos arredores de Aix, que se tornou uma obsessão para Cézanne, nos seus dez últimos anos de vida. Pintou a montanha em trinta óleos e quarenta e cinco aguarelas: se isto não foi uma obsessão, não sei o que será... Bendita ideia fixa! Com esta fixação criou quadros duma beleza insuperável e lançou as bases da pintura moderna. Para um provinciano de carácter brusco e desconfiado, foi obra! Mas, deixemos o panteão dos imortais e voltemos à terra!
No diálogo dos verdes com os ocres e Burnt Sienna (o tom avermelhado da terra), que estavam já secos na tela, começaram a surgir-me as cores de Cézanne. Cada pedaço da tela, estava tecida com a cor vibrante do ocre amarelo, a contrastar com um verde, ora mais sombrio e possante, ora mais claro e luminoso. O movimento do céu continua descendo pelas escarpas, dissolve-se na luz das árvores, das pedras, da terra...
Aqueles azuis e magentas do canto inferior direito da tela, começaram a ganhar vida própria. Em princípio seriam para ser dissolvidos na terra, simples sombras de árvores que só tinham existência na minha imaginação...
Estou a pensar que não vou ter coragem de os assassinar: parece-me que ganharam o direito de viver...
Os meus amigos, o que acham?
Amanhã, terei de decidir da sua vida ou da sua morte! Já repararam, na força que tem um pintor?

12 comentários:

Jorge Lemos disse...

Antonio amigo;
voc~e repete a beleza e proeza do mestre Cezanne.

elsa disse...

Olá Pai!
Só para te dizer que tenho acompanhado a evolução deste teu quadro, bem ao teu estilo. E como de costume está a ficar lindo. Será dos meus olhos?
Um beijo com muitas saudades,
Elsa e Rafael.
P.S.: Estamos a espero do pizolo. Sabes o que é um pizolo?

Anne M. Moor disse...

António:
Os tons de verde deram ao teu quadro uma brandura, uma paz que debaixo do céu turbulento traz uma sensação de bem estar imenso.

Quanto a matar ou não os 'lírios' (??????) do canto inferior direito, bem... eles saltam aos olhos lírios / sombras - não mata não... :-)
Abração

Fernanda Irene disse...

Es muy tarde, pero no quería irme a dormir sin ver lo que has avanzado hoy en tu trabajo. El sueño me impide concentrarme en la lectura del portugués, pero creo que pides indulgencia para los azules. No los mates, a mi me han gustado, le dan al castillo un "toque mágico"

¡¡Que viva el azul!!

Buenas noches, hasta mañana

Beijo

A.Tapadinhas disse...

Jorge Lemos:
Como diria Camões:
... Se a tanto me ajudar o engenho e arte...

No seu caso, caro amigo, estive a ver na sua coluna, que apesar do peito fraco, pode dizer à semelhança do épico português: escrevendo espalharei por toda a parte... O título é premonitório: Canto sem fim...
Abraço.
António

A.Tapadinhas disse...

Elsa:
Olá, querida!
Os teus olhos são lindos, e têm uma lente especial: vêem toda a gente pelo lado melhor...
Pizolo? Socorri-me dos mais profundos escaninhos da minha memória, procurei nos dicionários, alfarrábios, e nada! Espero que não demores a satisfazer a minha curiosidade...
Até lá, um grande beijo para os dois!

A.Tapadinhas disse...

Anne: Não precisa abaixo assinado: vou manter os ..... intocados e intocáveis, seculo seculorum...
Espero que a paz se mantenha na Serra do Louro e que a simples presença das tropas no Castelo, seja suficiente para manter a paz...
Beijo pacifista.
António

A.Tapadinhas disse...

Firmina Daza: Espero que tenhas tido uma noite descansada: não precisas de ter qualquer receio pelo desaparecimento da magia que encontras nos azuis. Os efeitos do elixir mágico foi tão forte, que já atingiu toda a gente que o viu e inclusivamente de quem o criou! É como um daqueles amuletos azuis que têm um olho para afastar o mau-olhado: quem o possuir está imunizado...
Beijo.
António

Jorge Lemos disse...

Amigo Antonio

Quero-o, (como quero a Anne), membro ACADÊMICO correspondente
da AMLAC. Sua contribuição a
terra mãe e ao mundo (pintura e texto), dará nota de sustentação aos nossos objetivos de formação cultural.
Peço visitar o site AMLAC, link à partir do meu blog.
Convite feito,
Lemos

Pena disse...

Estimado e Genial Amigo António:
Só um Ser Humano iluminado e brilhante conseguiria esta profunda atitude.
As cores.A expressão sensível e admirável. O talento. O sublime sentir.
Sem palavras, pela maravilha.
Para quê?
Abraço cordial e sincero de amizade

pena

A.Tapadinhas disse...

Jorge Lemos:
Convite feito, convite aceite! Confesso que mediou algum tempo, até escrever estas palavras: o suficiente para ir, como sugeriu, ao seu blogue e visitar o site da AMLAC. Fiquei elucidado sobre a Academia Metropolitana de Letras, Artes e Ciências, do objectivo da sua fundação, do juramento dos ilustres Académicos que a constituem, dos seus estatutos... Sabendo tudo isto, orgulhoso fiquei com as responsabilidades que me atribui com este honroso convite, mas, ao mesmo tempo, siderado com a grandeza do seu gesto.
Ars longa, vita brevis.
Longo abraço.
António

Nocturna disse...

Fiuuuuu!

No puedo creer todas las cosas bellas que me estaba perdiendo, dulce António.

Tus obras, gestadas en tus manos candorosas, bellísimas como siempre...

La música de tus videos, los movimientos corporales de las danzas...

Wow!
Me dí un matutino festín con tu sitio, amigo!
Festín que me vuelve más dependiente de tu cariño.


¡Besos, besos, y más besos!
:)