quinta-feira, 17 de abril de 2008

NUESTROS HERMANOS


Porquê os “Aguaviva”?
Este conjunto espanhol inspirou a formação de um grupo em Alhos Vedros, com o nome de Aqueduto, no final dos anos sessenta, que se manteve em actividade até finais dos anos setenta, do qual eu fazia parte. Cantávamos, quando não éramos impedidos pela Censura, em Associações, Clubes, Pavilhões, ou na rua, quando a polícia não permitia a nossa entrada nos recintos. O nosso reportório era constituído por letras e canções de nossa autoria, mas incluíamos “Aguaviva” e Zeca Afonso, como preito de homenagem a estas figuras.
Aqueduto, como Aguaviva, “llegó en el momenyo preciso, como si hubiera sido un diseño cuidadosamente programado para aparecer cuando hacia falta y para decir las cosas que la gente necesitaba escuchar”.



Tulipas Óleo sobre tela 105x90cm
Apresento esta tela (esta é daquelas que eu não sei onde para), como homenagem a nuestros hermanos, porque tem as cores da bandeira portuguesa e espanhola.

Um comentário de “Fermina Daza” à entrada anterior, motivou a resposta de Luís Carlos, um dos bloguenígenas, como dizem os amigos brasileiros do Prozac Café, colaborador no blogue “estórias de alhos vedros”, que resolveu colocar o seu belo poema, Iberia, no comentário. Considerei uma pena ficar escondido, não só pela sua beleza, mas também pelo seu significado, numa intervenção que poderia passar despercebida. Resolvi, por isso, dar-lhe o destaque que merece.

Amigo António, a doce poesia e os belos sentimentos da tua acompanhante de viagem e nuestra hermana "fermina daza", mais a forte saudade de um Porto Sentido e a tua amizade, trouxeram-me à memória um poema que dediquei a Espanha. Aproveito para o deixar aqui e vou dedicá-lo em teu nome, a todos os amigos que por aqui passam, e em particular, a todos nuestros hermanos, fazendo votos que a proximidade geográfica e linguística, se traduza cada vez mais numa proximidade amistosa, afectiva, fraterna e solidária. A aproximação cada vez maior entre a Língua de Camões e a Língua de Cervantes, decerto, trarão de novo novos mundos ao mundo, desta vez já em paz!

Então o poema diz assim:


IBERIA

Hubo un tiempo
en que peleámos
infantiles nos matámos uno al otro

Hubo mismo un tiempo
en el que exageradamiente me hiciste tuyo:
llegaste y reynaste, me tomando todo
hasta que de nuevo nos matámos uno al otro.

Esos tiempos cambiáran.
Hoy te quiero solamente amiga
y signo de eso mismo es hacer
de mi canto tu língua,
mostrar te que al meter me en tu piel
te quiero respectar como eres
como se de mi mismo se tratara,
te quiero plenamente comprender
y se necessario discordar,
pero desta vez ya en paz.

Al diante de hoy mano com mano
caminãremos.

a um anónimo António,
a Espanha!,
com os devidos agradecimentos ao Manuel João que me conseguiu a tradução.
17 de Abril de 2008 9:16

31 comentários:

Isabel disse...

Qué precioso poema!!! Sobre dos lugares cercanos, hermanos, unidos... como siempre deberían haber estado. Besos.
http://senderosintrincados.blogspot.com

Fay van Gelder disse...

Lindo poema :)

Bjo

Anne M. Moor disse...

The tulips
as they sway
nod and look
our way.

The tulips
sprouting from the water
have eyes that look
our way.

Este teu quadro lembrou-me dos meus pais, que moraram 3 anos na Holanda...
Beijos tulipados... :-)

arianams disse...

Fui apresentada ao espectacular grupo "Aqueduto" em Maio de 2004, quando o pessoal decidiu reunir-se e convidar os filhos (eu inluída).
Depois de um almoço de convívio, fomos até ao Monte de um dos "aquedutistas" para cantar, tocar, recitar poemas... Tudo a que tinhamos direito!
Aqui fica uma amostra do que se fez por lá:
http://download.yousendit.com/5BDDA29C23DE32B6

Tó, espero que gostes!
Beijinhos
Ariana

Pena disse...

Amigo "A. Tapadinhas":
Os poetas Andaluzes de agora e de sempre lutaram constantemente com vigor e energia silenciosa por uma vida mais justa, igualitária, contra a opressão e ausência de liberdade inerente a todos os Homens e Mulheres do Mundo.
Os "Aguaviva" são um exemplo, bem como o ideal de justiça defendido pelo seu brilhante e sofrido de outrora, à escala do nosso lindo país: "Os Aqueduto" que desconhecia.
A opressão desses tempos era intensa. A Censura e a falta de liberdade de opinião e de pensamento era uma realidade.
Os poetas, os pensadores, os músicos e a literatura era escassa e circulava à socapa de Salazar e da sua polícia violenta e opressora. Atentatória dos mais elementares Direitos Humanos.
As suas "túlipas", em óleo sobre tela, falam encanto. Respiram beleza. É lindo ver a as cores da língua de Camões e de Cervantes, lado a lado, irmanadas no mesmo ideal comum. Liberdade e democracia para os nossos povos irmãos.
Excelente Post.
Brilha o seu talento com intensidade e poder.

Abraço amigo de estima Grande e OBRIGADO sentido pela sua visita.
Com amizade e respeito imenso pelo que é e significa para as pessoas.
Com consideração

pena

Estudo Geral disse...

Puxa,
que lindas flores
que lindas cores
faz lembrar um D. Quixote
em plena Ilha dos Amores.

A.Tapadinhas disse...

Isabel: Parece tão fácil sermos amigos... mas demorou tanto tempo a chegar a esta conclusão, vá lá entender-se a razão!
Beijo.
António

A.Tapadinhas disse...

Miss: Em nome do meu amigo, muito obrigado!
Beijo.
António

A.Tapadinhas disse...

Anne:
The tulips are too excitable, it/ is winter here.
Look how white everything is, how/ quiet, how snowed-in
I am learning peacefulness, lying/ by myself quietly
As the light lies on these white/ walls, this bed, these hands...
Sylvia Plath - Tulips

Beijo tulipado.
PS.Daqui a uns tempos podemos escrever um livro com receitas de beijos. :)
António

A.Tapadinhas disse...

Ariana: Se gostei? Adorei! Sabes pelos teus pais da importância que teve nas nossas vidas os anos 70, quando, eu sei que não acreditas, nós tínhamos 30 anos! Sim, nós já tivemos essa idade! Maio, maduro Maio, como disse o Zeca Afonso...
O meu obrigado, comovido, por trazeres tão belas recordações!
Beijinho.

A.Tapadinhas disse...

Amigo Pena:
Felizmente que muitos poetas não se calaram, e souberam cantar o seu protesto, contra a falta de liberdade que, no nosso caso, se manteve por demasiado tempo, sendo que um dia sem liberdade já é demais...
O simbolismo das cores dessas flores delicadas, pareceu-me o indicado para mostrar a nossa amizade pelos nossos irmãos. Como sempre, a sua sensibilidade encanta-me.
Um abraço.
António

A.Tapadinhas disse...

Passar o azul:

Puxa, quando falas
dizes coisas tão belas...
Espero que o teu exemplo
infuencie as minhas telas!

Abraço.:)
António

Anne M. Moor disse...

António:
'The splash' de cor neste teu quadro faz com que as tulipas 'pulem' pra fora em nossa direção. Lindo...
Qto ao livro, teremos que defini-los todos - hahahahahahahaha
Beijos ensolarado :-)

Pilar disse...

Precioso óleo, preciosas palabras.
Colores limpios, corazón abierto.

Un abrazo

A.Tapadinhas disse...

Pilar: Como te disse da outra vez, gostei de tudo... e agora gosto das tuas preciosas palavras.

Un beso.
António

A.Tapadinhas disse...

Anne: O meu comentário desapareceu, juntamente com o meu beijo.
Beijo reencontrado.
António

Nova variedade! :))

jorge disse...

Antonio; acabas de nombrar un grupo imprescindible en mi epoca universitaria: Aguaviva.
Actuaban en los colegios mayores de Madrid en los principios de los 70, ibamos cada vez a verlos como autenticos grupies, y habia siempre (siempre) mas espectadores que asientos.
Y siempre (siempre) la misma historia: Los que teniamos entrada nos sentabamos, los demas al grito de "cultura para el pueblo" tiraban la puerta y se sentaban en los pasillos. Cuando todos estabamos ubicados, Aguaviva comenzaba a cantar.
Yo habre entrado 6/7 veces con boleto y otras tantas con "cultura para el pueblo" (que era mas barato.
¡¡¡Que tiempos!!!

Fernanda Irene disse...

Escribes, pintas, cantas... António, eres una caja de sorpresas. ¿Qué otras facetas tuyas nos ocultas aún?
Nos presentas una tela preciosa no solo plásticamente, sino también por su significado. La mezcla de colores no puede ser más bonita y mirando el cuadro se siente el frescor del agua y el aroma de los tulipanes. Cuando entro a tu blog también siento ese cariño que con tanta generosidad repartes, y ese olor a disolvente y a óleos que tanto me gusta y que hace que cada visita a tu casa sea un momento gratísimo, donde sé que siempre me espera una nueva pintura, una canción con sentimiento y un amigo entrañable.

Felicita, por favor, a Luís Carlos de mi parte por su bonito poema y dile que le agradezco de corazón su lindo comentario a mis palabras.

Beijo com abraço

A.Tapadinhas disse...

Os Aguaviva actuaram em Lisboa em Outubro de 1970, e apareceram em diversos programas da televisão portuguesa. Alguém da Censura estava distraído, porque o impacto tiveram entre os estudantes e classe operária foi enorme. Conta-se que eram para estar a actuar em Angola, exactamente no dia em que estalou a guerra da indepedência. Alguns dos representantes da nossa "canção de protesto, como Sérgio Godinho ou José Mário Branco, tinham fugido para França. Outros permaneciam por cá com a sua possibilidade de cantar muito limitada, J.J. Letria, Adriano Correia de Oliveira, Zeca Afonso... Na estreia do "Aqueduto", que foi na minha terra natal, Pinhal Novo, J. J. Letria cantou mas Zeca Afonso foi impedido pela Guarda Republicana. Nós apresentávamos previamente a letra das canções para autorização. Enviávamos só as mais inócuas, mas mesmo assim, vezes sem conto, cancelaram os nossos espectáculos. Saudades desse tempo, porque éramos jovens e imortais...
Abraço.
António

A.Tapadinhas disse...

Irene: Começando pelo fim, prometo que darei as minhas felicitações ao Luís, mas deixa que te diga uma coisa: tenho a impressão que ele dirá qualquer coisa quando tiver a oportunidade de ler as tuas palavras. Quando estiveres em Portugal, terei muito prazer em apresentar-te a Confraria da Liberdade, da qual eu e ele fazemos parte.
Que isto fique bem claro: eu não tenho (nunca tive) a pretensão de saber cantar! Era um dos elementos do coro. Onde eu me destacava por nomeação do grupo, era nas partes faladas das canções, ou quando era a altura de dizer poesia. Recordo-me, que uma vez um automóvel com parte dos elementos do grupo teve um problema, e eu estive durante uma hora a entreter uma plateia impaciente para ouvir a nossa música.:)
Com a saudade do tempo em que era jovem (também na idade), recebe um beijo.
António

Estudo Geral disse...

Morena, a tua presença
entra por todos os sentidos, dos nossos sentidos
a tua presença
se atira pelo rosto, olhos, cabelos e lábios
a tua presença
a pureza das tuas palavras, morena
a tua presença

Tudo para que vos mande
um voo de eterna leveza e um abraço
e outro ramo de tulipas no regaço.

Luis Carlos

P.S.: As palavras descritas em cima saíram ao som de uma canção do músico brasileiro Caetano Veloso que, justamente, se chama "Irene". Há tantos anos que eu não a ouvia... tal como esta música dos "Aguaviva" sempre adorada. E muito a propósito nos surge aqui o Brasil, um país da América Latina, dada a grande ponte que temos vindo a construir, entre ela e a Iberia, mais este sentimento de uma doce paz e fraternidade que nos envolve.

Jorge Lemos disse...

Amigo:
Mesmo sem a poder da fumaça para me comunicar, mesmo sem ritmo para produzir sons em meus tambores
continuo admirando tudo o que você produz: precioso poema é pouco: magistral!

Por favor visite a Folha de Louveira, através do meu link e
leia sobre Guimarães Rosa e o que os une.
Abraços.

A.Tapadinhas disse...

Realmente não foi preciso recorrer a métodos mais fiáveis do que o computador... Já li a sua crónica com a referência (bondade sua!), ao pintor da beira do Tejo. Procurei a personalidade que escreveu "Saragana" e encontrei bastas referências. Fiquei a saber para além do significado do título, do humor satírico e irreverente de João Guimarães Rosa. E, já agora, também fiquei a saber que recomeçou, as lições no seu blogue. Também vou voltar às margens do seu rio...
Abraço, do seu amigo
António

A.Tapadinhas disse...

Jorge Lemos: Em tempo.
Fiquei a saber, também, dos traiçoeiros rios sem margens de J. Guimarães Rosa...
Por cá, as piranhas não vivem nos rios...

António

SHE disse...

Me ausento un poquito y aquì pasan cosas asombrosas.

Vamos que ya me he puesto al corriente en los anteriores post.

El poema es bellìsimo y concuerdo en todo con las palabras de Irene, y concuerdo que Irene es sensacional, una amiga del alma, asì como tù mi adorado .Gracias por tus visitas.
Me robo los tupipanes por cierto!

Anne M. Moor disse...

António, nem por cá, nem por cá... Algo inacreditável, difícil de entender...
Beijos pinhoados :-) (Outros novos...)

Gi disse...

Lembro-me bem deles e desta canção em particular. Bonita a homenagem que lhes prestas ao recordá-los. O teu quadro tem um colorido fantástico ... mas isso já não me surpreende.
Afastada dos blogues dos amigos há tempo demais (só publico e respondo tarde e a más horas) hoje tirei o dia (e a noite) para fazer as visitas: Não podia deixar de marcar aqui a minha presença. Deixo um beijinho

Suzana disse...

Todos os quadros de minha casa são de Tulipas!

A.Tapadinhas disse...

Gi: Recebo o beijinho e retribuo em dobro. Julgo que já te disse que acho mais importante a manutenção do teu blogue do que os teus comentários, por muito que eu goste deles. Adorei a tua visita, mas se tiveres de fazer opções, já sabes a minha opinião.
António

A.Tapadinhas disse...

Suzana: Há uns anos deram-me uns bolbos holandeses com tulipas de cores variadas. Floresceram umas tulipas maravilhosas mas, entretanto, os seus bolbos já se perderam. Sobraram as da tela...
Beijo.
António

ZULMA disse...

QUERIDO ANTONIO...¿SABES ALGO DE JAVI?HACE MUCHO QUE NO INGRESA UNA ENTRADA A SU BLOG Y QUE NO SE COMUNICA CONMIGO.
¿QUE TIENE SU MAMI?
GRACIAS, ESTOY PREOCUPADA.