segunda-feira, 7 de abril de 2008
SÉRIE ALDEIAS HISTÓRICAS - PIÓDÃO
Piódão Óleo sobre tela 60x80cm
Piódão é uma aldeia classificada como Imóvel de Interesse Público. Por entre as agrestes escarpas e os vales profundos da Serra do Açor, a aldeia ergue-se como num grande anfiteatro natural. A matéria-prima utilizada na construção das casas e nos pavimentos é o xisto retirado das encostas da serra. Os telhados das casas são feitos de lousa. O azul, cor de bons presságios dos árabes, que marca o contorno das portas e janelas, compõe um cenário, que não precisa da criatividade do pintor porque de cada pedra e do seu conjunto resultam uma harmonia perfeita... por acaso: o azul que pinta as portas e janelas deve-se ao isolamento da aldeia. Diz-se que a chegada de uma lata de tinta, levou a que todos a utilizassem, e agora faz parte integrante do seu património. As casas de xisto contrastando com a brancura da Igreja Matriz do século XVII, formam um conjunto arquitectónico que fica guardado na nossa memória, para não mais ser esquecido. Um verdadeiro monumento que serve para confirmar que o homem se consegue adaptar aos mais inóspitos locais.
Saí da aldeia com uma vontade enorme de chegar a casa para começar a pintar o que tinha visto. Desta vez, cumpri o plano estabelecido. Utilizei as pequenas pinceladas de cor pura, colocadas lado a lado com as suas complementares, para dar a vibração de cor que se sente, quando se observa a aldeia, iluminada pela luz do sol. Pretendi que a utilização de tintas puras, separadas para se misturarem na retina do observador, numa pincelada enérgica, servisse para transmitir a dureza das pedras numa convivência harmoniosa com a arquitectura deste local inestimável.
Os planos de cor laboriosamente justapostos e a tensão que mantêm com os pontos de luz que definem o motivo, procuram traduzir, mais do que a dureza da pedra, a estrutura sólida em que em que assenta a Natureza, em contraste com um universo só perceptível através da imaginação, num mundo de cavaleiros andantes e damas em apuros que a sua origem medieval sugere.
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27 comentários:
Estou aqui hipnotizada pelo quadro e, SIM ANTÓNIO, pelas janelas... (rsrsrs) suspirando do prazer que me dá ver o teu trabalho!!!
Aconchego pela distribuição das casas e das cores com o destaque nas janelas e na igreja...
Beijos encantados
Bárbaro! Sem se perder da essência: poesia pura!
(é Fernando Pessoa no vídeo?)
Teremos ter mais desta série?
Anne: Eu também fiquei hipnotizado pela beleza do que vi. Já foi há muitos anos (não sei quantos!) mas ainda tenho bem presente a sensação de paz irreal que se respira naquela aldeia do fim do mundo!
Beijo.
António
Udi: Sente-se a força, não é? Só tinha de ser...
Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo...
... A nossa única riqueza é ver.
Alberto Caeiro, O Guardador de Rebanhos.
Espero que sim!
Beijo.
António
Nunca fui a Piódão, tenho pena... Mas gostei muito do quadro (desta vez não deixo de dizer!) e ainda me deu mais vontade de lá ir!
E o vídeo? Muito à frente, Tó! Muito à frente!
Beijinhos de parabéns!
Pues creo que has conseguido lo que te has propuesto expresar con tu pintura. Es un paisaje excelente, Antonio, muy evocador. Besos. http://senderosintrincados.blogspot.com
Esta é a beleza de sua arte: Pura emoção,palavras tons que retratam a vida em suas nuances.
Obrigada por nos brindar com tanta beleza.
bjs
Ariana: Piódão agora já pode ser visitado por senhores de idade e com problemas cardíacos. Quando lá fui, era preciso ter as tuas capacidades físicas e o gosto pelos passeios na serra. Não precisas de levar a prancha, mas aconselho uns ténis confortáveis.
:)
Beijo.
António
Isabel: Ainda bem que consegui trnsmitir a beleza agreste desta aldeia magnífica.
Beijo.
António
Suzana: Perante um tão belo e inspirador modelo, mau seria não lhe prestar as honras devidas. Fiz o que melhor sabia para ser digno da sua beleza...
Beijo.
António
Antonio
Observa-se, além dos traços e cores que reproduzem, com rara beleza, a Vila, o seu texto nos imprime não só a tecnicas aplicadas para o exercicio da arte mas, o que é mais importante o clima que habita a cultura humana do vilarejo. Considero-o, além do
magico poder de operar pincéis, um antropólogo revelando os segredos
de um tempo.
Seu bolg, afirmativa sincera, é um estuário cultural de valor inestimável.
A seqüencia de imagens e textos segue num direcionamento cuja abrangência favorece o nosso campo cultural.
Tenho divulgado seu trabalho. pelo valor que ele representa para a sociedade moderna. Antropologia pura.
Frateerno Abraço
Jorge Lemos
as tecnicas aplicadas
blog
Antonio:
Que lugar lindo essa aldeia .Me deu uma vontade enorme de conhecer.
Não tem como não reconhecer na paisagem, alguma cidades históricas nossas em M.Gerais, do mesmo século com a mesma arquitetura.
Faz sentir de maneira emocionante a influência das artes Portuguesas no Brasil.
Beijo.
Jorge Lemos: Na Antropologia há um ramo chamado de Antropologia Visual, que considera mais fiel do que a palavra ou o discurso, a prova obtida através da imagem. Só a sua bondade para comigo, o seu coração, poderá considerar que seja este o caso. Eu não me atrevo a tanto!
Procuro contextualizar os meus quadros, no momento da criação ou mais tarde, quando faço a sua apresentação, com algum acontecimento que considero relevante, por ser divertido ou original. O meu objectivo é manter este espaço vivo e interessante. O seu contributo tem sido inestimável, creia-me!
Um abraço.
António
Lú: Tenho ideia que Minas Gerais tem uma arquitectura religiosa (também profana?), muito importante, principalmento, devido ao progresso cultural induzido pela extracção do ouro. Não se limitaram a copiar a tipologia portuguesa mas adaptaram-na às condições do terreno... Olhando o mapa, até parece que fiquei perto quando estive no Rio...
Beijo.
António
Querido António, si las piedras hablaran… ¿Qué crees tú que nos contarían las piedras de esta aldea? Mírala ahí, erguidas sus casas, sus tejados de pizarra azules desafiando el color del cielo, altaneros, sobrios, impertérritos al paso del tiempo. ¿Qué secretos esconderán esos tejados, y esos muros cerrados? Historias variopintas, de trabajo duro en el surco, o en la fragua, o en el horno. Gente que se fue sucediendo sin que las piedras se movieran un ápice. ¿Qué habrán visto las paredes gruesas y húmedas de las piezas de esas casas? Nacimientos, dramas, risas, tragedias, amores, muertes… historias que no dejan de repetirse, con otras caras, con otros nombres, con otras esperanzas.
Historias, historias, historias….
Besos
É muito lindo lá Antonio.Esteve perto mesmo.
A arquitetura do ciclo do ouro, tem quase que total influência de Portugal. O artista maior da época era brasileiro e mulato.Muitas das suas esculturas são considerdas por críticos de arte do mundo todo como "obras primas".
É muito emocionante ver. A gente chega às lágrimas diante de tanta beleza.
É interessantíssimo observar a missigenação (tambem na arte )dos negros escravos com o cristianinsmo imposto.
Se voltar aqui, veja. Estou certa que vai adorar.
Um beijo.
(Achou meu poeta? rss)
Irene: Só mesmo andando por lá, para responder à pergunta... Dá-me a ideia que cada pessoa sente de maneira diferente a influência do ambiente, de acordo com a sua educação e tendências. No limite, um criminoso sentiria que ali era o local indicado para perpretar o seu crime... :-J ou um artista, para fazer a sua obra-prima... :)
Beijo.
António
Lú: Vai ser muito difícil! O Brasil é tão grande, tem tanto para ver... o resto da minha vida não vai dar...
Pode ser que um dia destes encontre o teu poeta!
Beijo.
António
Lindo amigo António e sem Hormonas, ehhhhh ...
Bjocas:)
EVOCADOR CUADRO EU GOSTEY Y DO VIDEO TAMBÉN,SÁBIAS PALAVRAS. BEIJO
anamorgana
Querido Antonio, has conseguido plasmar bellamente lo que observó y guardó tu retina, la belleza de esa aldea, esa piedras milenarias y esos tejados azules.
Entiendo que estuvieras deseando correr a casa para empezar a pintarlo.
Besos:)
Miss: Claro que sim! A Beleza é Eterna e não precisa de hormonas...
:´)
Beijo.
António
Anamorgana: Não me atrevo a contestar a sabedoria dos meus amigos...
Beijo.
António
Sibyla: Não calculas a emoção (o medo!), de começar uma obra com grandes expectativas... Quando não se espera nada de especial, não podemos ficar desiludidos... Felizmente, neste caso, foi compensador o resultado.
Beijo.
António
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