domingo, 10 de fevereiro de 2008
SÉRIE VILAS HISTÓRICAS - MOITA
Moita - Frente ribeirinha (díptico)
Óleo sobre tela 2 x 80x100cm
Aproveitar a maré
No passado mês de Novembro saiu na publicação da Câmara Municipal d a Moita, MARÉ CHEIA, uma entrevista, onde para além de uma resenha biográfica, me perguntam qual o espectáculo que eu queria destacar entre a programação do mês.
Esse contacto recordou-me o trabalho que o Município me adquiriu, representando a frente ribeirinha da Moita.
A caldeira da Moita tem um cais construído no século XVIII, de onde saiam as antigas embarcações que carregavam e descarregavam mercadorias e passageiros, para Lisboa, atravessando o estuário do Tejo. Pela sua riqueza de recursos e localização geográfica, este local, em que ainda são visíveis os restos de antigas salinas, está na rota das migrações das aves aquáticas, constituindo uma das mais importantes zonas húmidas da Europa. As colónias de flamingos são os exemplares mais emblemáticos destas aves.
Os cuidados crescentes para evitar a contaminação da água, tornaram possível, em pouco tempo, recuperar a população de vermes utilizados pelos pescadores: minhoca, ganso e casulo. Quem não tem uma garateia (ninguém tem:), o instrumento capaz de tirar minhocas do lodo, só na baixa-mar pode apanhar os vermes de que necessita para a pesca. Uma hora antes do pico da maré e até uma hora depois, pode ver-se na caldeira, homens com pequenas pás para cavar o lodo e baldes para guardar o isco apanhado, numa grande azáfama, natural em quem sabe que os ciclos das marés são imutáveis.
Ciente destas limitações, tive de planear cuidadosamente esta obra.. Servi-me dos boletins meteorológicos para ter a certeza que as condições climatéricas não se alteravam dramaticamente durante a sua execução e, podem crer, que durante o período em apreço, não houve falhas. Outro pormenor importante foi a carta das marés, para saber as horas da baixa-mar e já estar preparado com o equipamento para retratar os pescadores, na apanha do isco para a pesca. Como o ponto de observação era na outra margem do rio, podia lá ficar calmamente sem a distracção que a natural curiosidade das pessoas provoca a quem se quer concentrar no seu trabalho, para o qual dispõe de pouco tempo útil. A partir da segunda ou terceira sessão, alguns dos pescadores já sabiam o que eu estava a fazer e pude contar com a sua colaboração como modelos...
No lado esquerdo da tela está a Escola Básica 2.º e 3.º Ciclos Fragata do Tejo, conhecida por Benetton, por causa das suas cores garridas, onde a minha filha mais velha, Dulce, deu aulas. No lado direito, junto aos plátanos, estão as instalações do Centro Náutico Moitense, onde eu passo muitas horas com alguns bons amigos, não a fazer vela ou remo, como seria de esperar, mas a jogar xadrez... Na segunda parte do díptico, na extrema direita (não em termos políticos:), está o edifício da Câmara Municipal. Por detrás e a cortar a linha do horizonte, surgem as copas de uns eucaliptos. A vivenda onde moro, está implantada num terreno adjacente, limitado por ciprestes. Com estas indicações, julgo ser fácil a qualquer amigo encontrar-me.
Espero por vós!
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29 comentários:
O teu pintar de água é fascinante... Parabéns por mais esta pintura!
Abraços matinais
vc demostrar um enorme conhecimento na sua área,e isso é um grande passo para o sucesso...adorei..parabéns...
Espero verte y jugar una partida de ajedrez. Y disfrutar aquel paisaje que tan bien pintaste.
Abrazos desde Perú
Con tal descripción pictórica, me entran ganas de salir corriendo, de viaje a Moita, en busca de los hombres recogiendo isco para la pesca,
Todo me suena demasiado familiar, estos hombres, las maréas, los eucaliptos...
Antonio, eres un pintor, pero eres científico, eres poeta, fotógrafo, ajedrecista; cuántas facetas más de este poliédrico Antonio nos quedan por ver?
Un abrazo,
ana.
Estás convidada, para apanhar casulo comigo... és leve não te deves enterrar muito no lodo... e podes fazer uma máscara facial: é óptimo para a pele...
Beijo sem máscara.
António
Obrigado pelo comentário. Vindo de alguém que vive numa zona com tanta beleza natural, tem mais valor. Bons vôos!
Abraço.
António
Tánatos: Que bom teres reaparecido, amigo!
Vou já colocar as peças e preparar uma cerveja, bem fresca!
Abraço.
António
Ana:
Já agora, vamos combinar com Anne para nos encontrarmos e fazermos aquele tratamento de beleza (v. nem precisam, mas tá bem!) com lodo do rio Tejo, enquanto apanhamos isco. É melhor que com argila do Mar Morto. À noite vamos a pesca, apanhar uns robalos e douradas e no dia seguinte, fazemos uma massada, com ervas da minha horta: hortelã, coentros, hortelã da ribeira, poejo e orégãos. Fica sempre divinal...
Beijo com água na boca.
António
Olá amigo António, os tais recepientes para os bolbos, cá em Portugal já vi nas floristas :)
Realmente gosto de cá passar e gosto de si, não só pelas flores, mas pela pintura, também :)
Aqui no Reino dos Algarves, também há casulo, a lama é deverás diferente da do Mar Morto, pesca, xiiiii ... Bom nem vou dizer mais nada :)
Beijo Florido :) directamente do verdadeiro Algarve :)
António! Convite indireto aceito, e tbm fiquei com água na boca!
Beijos voadores
Miss:
Nem uma palavra prá massada de peixe! Para si, faço com massa integral... de soja... :)
Quando for aí abaixo, vou procurar...
Beijo.
António
Anne:
Só pode ficar com água na boca...
É bom pra valer...
Indirecto teve resposta expresso...
Beijo.
António
António: ¡¡cuánta belleza natural y cómo lo has podido plasmar mediante tus pinceles y pinturas!!!
Nos enriquecés a todos quienes visitamos tu espacio ya que, además, nos hacés un relato tan bonito de las características de la zona; nos transmitís el sentimiento y el cuidado amoroso que es necesario para el mantenimiento de estos lugfares que enmarcan la historia de la humanidad...
Cómo SER sin estas tierras, estos mares, estos ríos y estos cielos,no?
Amigo Antonio, eres un ptivilegiado, viviendo en una zona tan hermosa, pudiendo disfrutar de esa maravillosa imagen, la colonia de flamencos coloreando de rosas emergentes, todo el horizonte.
Precioso cuadro, y cómo sabes disfrutar de la vida, pintando y jugando con tus amigos al ajedrez.
Un fuerte abrazo!:)
Zulma: Algumas vezes, nós precisamos do olhar de alguém de fora, para reconhecermos aquilo que temos de bom. Na nossa rotina de todos os dias, preocupados com os nossos problemas, não ligamos a importância que é devida à beleza que nos cerca. Desde que comecei a pintar os meus olhos foram descobrindo as coisas lindas que me cercavam... Tenho procurado, por todos os meios, sensibilizar cada vez mais pessoas para esta realidade. Têm sido muito gratificantes os resultados obtidos...
Beijo.
António
Siby: É verdade: o sítio onde eu nasci e sempre vivi é naturalmente belo. Esta zona apesar de estar tão próxima de Lisboa, continua a ser uma área protegida, com 14660 hectares, chamada Reserva Natural do Estuário do Tejo, a maior da Europa Ocidental. Há diversas espécies de aves mas os flamingos são mais espectaculares. A partir do fim do Verão até ao Inverno, podem ver-se muitos milhares neste estuário.
Os seus voos ao pôr-do-sol, em formação ordenada são de tirar a respiração...
Beijo.
António
Es una pintura preciosa, me encanta la luz y es impresionante el trabajo que te tomaste para poder realizar una obra tan preciosa. Los humedales son zonas que dan para mucho, sobre todo para mucho arte. Bellísimo, Antonio. Besos.
http://senderosintrincados.blogspot.com
António:
Tus resultados son gratificantes porque tienes sensibilidad para los pequeños detalles de la vida, por esto, puedes plasmarlos tan bellamente en tus cuadros.
Creo que con tantos tratamientos de belleza "prometidos", el Mar Muerto estará orgulloso de tantas visitas y resucitará de pronto; y cuando esto suceda ¿me invitarás a mí para "matarlo" de nuevo?
Me ofrezco como voluntaria.
:)
:)
Querido Antonio, en esta ocasión nos presentas una estampa preciosa de Moita que me resulta muy familiar. Aquí en Cádiz, también es frecuente ver, cuando baja la marea, gente mariscando. Van buscando burgaillos, lapas y camarones que después venderán en la puerta del Mercado. Con estos últimos se prepara la popular “tortillita de camarones”, un plato muy típico de mi ciudad. Un día compré un puñado para hacer las tortillitas yo misma, el hombre que me los vendió me dijo que cuando llegara a casa los metiera en un bote alto (iban vivos y saltan como muelles), y que los dejara en el frigorífico hasta el momento de cocinarlos pues con el frío se paralizan. Cuando me dispuse a preparar la receta yo pensé que esos bichos ya habrían muerto, pero nada más lejos de la realidad, empezaron a saltar de nuevo y me sentí incapaz de echar a la sartén algo que aún estaba vivo. Bajé a la playa con el bote y los eché de nuevo al mar, nunca más he vuelto a comer “tortillitas de camarones”.
Me gusta Moita, mucho
Beijo
Irene
Isabel: As zonas húmidas são cada vez menores devido à pressão da construção, sobre estes locais. A sua beleza é, muitas vezes, a causa do seu desaparecimento. Cabe-nos a nós estar atentos e não permitir que isso aconteça.
Beijos.
António
Nocturna: A única coisa que és capaz de matar é o "dia" para que o teu reino surja em todo o seu esplendor... Tenho a agenda esgotada para os próximos tempos, tantas têm sido as inscrições... mas há sempre um lugar para ti. Vais escondida no meu coração...
Beijo.
António
Irene: Já tive a oportunidade de comer essa tortilla de que falas e é como dizes, um belo petisco. A história que contas, sinto que cada vez está mais próxima de acontecer comigo: a minha sensibilidade para o sofrimento dos animais está, cada vez mais, à flor da pele. Eu não tenho nenhum animal na minha quinta porque sei que era incapaz de o matar, ou mandar matar, para comer. Por enquanto, não tenho qualquer problema de consciência, em ir à pesca... :)
Un beso para a gaditana.
António
...querido muy querido amigo ; aquí estoy de nuevo después de unos días en los que las obligaciones y prioridades me impidieron entrar en tu casa a respirar el oxígeno que tanto necesita mi corazón .Me encuentro con esta obra tuya tan bella y con la explicación de cómo surgió, algo con lo que siempre logras trasladarnos hasta el lugar de inspiración. Sin duda debe ser un lugar hermoso porque una porción de esa energía y esa belleza quedó atrapada en tu lienzo.
De nuevo feliz por estar aquí...por disfrutar de todo lo bueno que das...y qué bueno que volvió nuestro buen amigo Tánatos....te mando muchos abrazos !!!
Se conhecesses o Bolhão... havias de o querer pintar! Há uma luz oblíqua nas ruas à volta, um voltear de ferro forjado, um rufar de pombos e vozes...
Obrigada pelas palavras.
Mas para isto, só mesmo uma revolta popular, tipo amarrarmo-nos aos pilares, como a árvores.
O que não quer dizer que não se tente mexer as águas.
É belo o que fazes...
Abçs
Gorrión:
Estimo saber que estás de regresso. A vivacidade dos teus comentários faz muita falta... para não falar da tua amizade, que é algo indispensável para continuar a manter a minha casa limpa e arrumada para receber os amigos que me visitam.
Abraço.
António
Bettips:
Tenho a certeza que o Bolhão é algo que devia ser preservado, tantas são as pessoas que eu admiro que já manifestaram essa opinião. Confesso que sou um apaixonado pelo Porto, Rio Douro, Ribeira e Gaia, mais a Fundação Serralves. Nunca fui motivado para ir ao Mercado do Bolhão e por isso, nunca lá estive... Mea culpa...
Fazer alguma coisa é sempre melhor do que não fazer nada... como diria M. de la Palisse ou D. Quixote...
Abraço.
António
eu até estou perto, pois também sou "camela" deste deserto da margem sul. Encontrar-te-ei; fiquei curiosa e encantada.
Afrodite:
"A deusa da sedução?
Não só Afrodite.
Todas as mais dão uma ajuda."
Mais logo, irei passar por tua casa, para tentar saber se é uma ameaça ou uma promessa...
António
...lindisima narraciòn...espero que te sea còmodo esperarme...despuès de tantas señales ,ahhhh como se antoja ir.
jajajaja de un tiempo a la fecha,entre todos los comentarios, Fermina le pone un toque colorido a tus luminosos cuadros y narraciones, los dos juntos me encantan!
besos para dos.
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