sábado, 31 de janeiro de 2009
O NOME DAS COISAS (2)
Sem Título 2 Óleo sobre Tela 100x100cm
Decidi não manifestar a minha opinião sobre as criativas sugestões apresentadas, para não influenciar quem quiser dar um título a este quadro.
Ao contrário do que infelizmente acontece na vida real demasiadas vezes, aqui há uma segunda oportunidade para todos.
Vamos aproveitá-la?!
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
O NOME DAS COISAS
Sem Título 1 Óleo sobre Tela 100x100cm
Cada vez dou mais importância ao título das minhas obras. Nesta série que tenho estado a mostrar, como nunca foram formalmente expostas, ainda não pensei seriamente nos títulos que lhes devia dar. Se um nome influencia a vida duma pessoa, acho que ainda será mais evidente a sua importância para uma obra de arte.
As duas peças que irei apresentar, ainda não têm título. São pormenores de embarcações no estaleiro, com sinais de corrosão, que estão a ser preparadas para calafetagem e pintura.
Vamos experimentar? Qual o título adequado para esta?
Aguardo sugestões...
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
AMARRAS
Cabos
Óleo sobre Tela 60x100 cm
Continuando a dar notícia da minha expedição fotográfica de que resultou a série que tenho estado a apresentar, chegou a altura de mostrar os elementos que mantêm a unidade entre a terra firme e o elemento líquido: os cabos. Neste caso, apresentam as mazelas naturais de uma vida de trabalho com o salário baixo (para ser mais verdadeiro, sem salário), sem benefícios sociais, mas com uma força que resistiu a todas as provas, embora sejam nítidos os sinais dessa vida de trabalho: diríamos rugas, se os cabos tivessem qualquer coisa de humano. O quadro mostra o casco do navio, corroído pelo sal e intempéries, apesar de levar tintas especiais contra a corrosão, com os cabos em primeiro plano balançando ao sabor da brisa.
Para ser verdadeiro, não me lembro se havia brisa e não sei sequer se ela conseguiria mexer os cabos. Considerem a frase uma liberdade poética…
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
CEMITÉRIO OU TALHO?
Gonzos Óleo sobre Tela 100x100cm
Da viagem que descrevi ao cemitério, melhor, ao talho dos navios, porque lá se esquartejam os seus cadáveres, sobraram mais algumas fotografias que transformei em telas, sem grande êxito em termos de reconhecimento da sua qualidade artística ou outra, por exemplo, comercial: não vendi nenhuma! O interessante nesta, quando a estava a pintar, é que o sol entrou pela janela do meu estúdio, projectando a sombra dos caixilhos e fazendo reflexos que me indignaram, ao princípio. Olhando melhor, gostei do que estava a ver e pintei os reflexos da minha janela nos pedaços de ferro corroído daquele navio. Não sei quem disse aquela coisa horrível de “se não puderes vencer os teus inimigos, junta-te a eles”, mas foi o que eu fiz! Só que, neste caso, o meu inimigo era o Sol!
Este inimigo, junto-o aos meus melhores amigos!
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
VIGIA
Vigia Óleo sobre Tela 100x100
Perto de minha casa há uma unidade industrial de desmantelamento de navios de grande porte. De vez em quando, passava por lá para tirar umas fotografias a pormenores dos gigantes prestes a serem trucidados. As tintas degradadas que deixavam ver os primários aplicados, as chapas corroídas pela água e pelo sal, ofereciam cambiantes que me deixavam com inveja dos elementos naturais que os transformavam em objectos de arte. Na fotografia não se distingue muito bem, mas procurei com a grande quantidade de tinta aplicada, dar a textura da chapa corroída. Fiz uma série de pinturas com estes elementos que foi interrompida, quando um dos seguranças da empresa me ameaçou com uma tareia (maneira suave de dizer que me partia os cornos), por andar a fotografar e a espiar um local privado. Apesar dos meus tímidos protestos: "Eu sou um pintor, não sou um espião ao serviço de qualquer potência estrangeira", acho que ele não acreditou. Quem acreditou nas suas ameaças fui eu: ele tinha na mão um ferro mais duro que a minha cabeça. Julguei eu, na altura... e continuo a julgar, porque nunca mais lá voltei!
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
OUTONO
Outono Acrílico sobre Tela 100x100 cm
O Outono, estação da queda das folhas, é um concerto em fá maior para violino, cordas e cravo. Tem os três andamentos dos outros concertos e pela mesma ordem : “Vindima”, allegro, a bebedeira causada pelo vinho (adágio molto) e no último, o trepidante ritmo da caça, obviamente allegro menos para o veado que é morto!
Nesta tela, os elementos novos são, na parte superior, a sugestão das folhas de árvores e, na parte inferior, uma terra lavrada, algo incaracterística, porque talvez esteja lavada pelas chuvas e preparada para receber as folhas que lhe irão dar o húmus necessário para uma boa sementeira e uma farta colheita. Esta terra pintada com ocre amarelo (yellow ochre) e amarelo de Nápoles (Naples Yellow), é realmente terra porque adicionei areia para lhe dar a textura pretendida. É como as outras obras desta série, julgo, uma tela muito directa, descritiva na sua simplicidade, como julgo ser a música de Vivaldi, que me serviu de inspiração. Vivaldi manteve a estrutura dos quatro concertos, com três andamentos, sempre pela mesma ordem. As minhas obras também têm essa característica: há em todas elas uma linha amarela que as divide em três partes. Se no “Inverno” ainda se poderá pensar num raio que a partiu (não resisti, desculpem!), nas outras porquê o amarelo? O espectro visível contém um número de cores sem limites definidos mas que, para simplificar, dividimos por ordem de frequência crescente em vermelho, laranja, amarelo, verde, azul e violeta. O comprimento de onda do amarelo, de 5900 a 5600 angstrons, está no meio da escala, por isso, o utilizei como elemento aglutinador, capaz de dar unidade às minhas quatro estações. E depois, dizem, no meio está a virtude…
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Verão Acrílico sobre tela 100x100 cm
Sob a dura estação, pelo Sol incendiada, (Sotto dura Staggion dal Sole accesa), é assim que começa o poema que inspirou a composição musical. Este concerto, tal como o das outras estações, tem três andamentos: dois rápidos e um lento. Vivaldi escreveu para ele próprio ser o violinista solista, dando melodias mais ternas e suaves aos andamentos lentos, e grande vivacidade aos andamentos rápidos. Nigel Kennedy, o solista, deste III Presto, é o vulcão visível deste Verão de Vivaldi.
Espero que possam descobrir um vulcão invisível na aparente tranquilidade do meu Verão!
sábado, 3 de janeiro de 2009
PRIMAVERA
Primavera Acrílico sobre Tela 100x100cm
Antonio Vivaldi descreve a chegada da Primavera como uma festa da natureza. Nos solos dos violinistas, está reproduzido o canto dos pássaros e o murmúrio dos riachos afagados pela brisa suave e fresca. Podemos imaginar a dança das ninfas e dos pastores, sob o brilho do sol primaveril, depois do rugido dos trovões e da luz lívida dos relâmpagos iluminando o manto negro das nuvens características do Inverno.
Esta foi a imagem sonora de Antonio Vivaldi que podem ouvir no vídeo. Esqueçam os produtos que esta música já vendeu – se puderem…
A imagem visual da Primavera, de António Tapadinhas, está logo a seguir. Esta ainda não vendeu nada…
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