Às vezes o Azul Autor António Tapadinhas
Acrílico sobre Tela 100x100cm
Numa entrevista, que dei há dias para um jornal, ficou expresso o que penso sobre a pintura e a sua relação com o meio em que vivemos. Lendo outras entrevistas, cheguei à conclusão que o meu blogue seria o lugar certo para guardar o meu pensamento, com a vantagem de o poder partilhar com os meus amigos. Começo hoje.
Na sua perspectiva que relação deve prevalecer entre a Arte e a Verdade? A Arte é honesta?
Todos nós conhecemos aquela história da mãe que, ao ver o filho a marchar, exclama, embevecida: “ Reparem, só o meu filho é que leva o passo certo!”. Em Arte, acontece com demasiada frequência, que toda a gente está enganada e só esse maluco, esse visionário, esse marginal, o insignificante artista é que tem razão. A história está cheia de casos desses. É próprio do génio dar ideias que qualquer imbecil pode aproveitar anos depois. Esta terrível certeza condiciona a apreciação da Arte e a valorização dos artistas: todos os críticos encartados, os museus, os coleccionadores têm dificuldade em distinguir o génio da loucura. Não estão suficientemente distanciados para apreciar o que acaba de nascer e, por isso, para evitar erros, raramente são claros em separar a Arte do lixo. Estou a excluir desta apreciação os lóbis, as preferências políticas ou sexuais que, consoante as épocas e os locais, podem fazer a diferença entre a glória e a morte.
Não se pode admirar o Sol olhando-o directamente.
quarta-feira, 25 de maio de 2011
quinta-feira, 19 de maio de 2011
SEM MARGENS NA BLOGALDEIA VI
Sem Título Autor António Tapadinhas
Acrílico sobre Tela 70x50cm
Na entrada anterior, pedi aos meus amigos e visitantes, a sugestão do título para uma obra de que eu fazia a descrição, enquadramento e técnica usada. Como seria de esperar, as colaborações foram muitas e de grande qualidade.
Um amigo, deixou-me o seguinte comentário:
Deixo-te um desafio. Correndo apenas o senão...de não ser do teu agrado.
…
Nem que seja um mero exercício. Apresenta uma tela tua, com título, e sem a descrição ou brilhante narrativa como fazes.
Deixa ser o teu visitante, a descobrir (a interrogar) a sensibilidade da tua criatividade. Depois... BUM! Descoberta do facto.
Pois bem! O desafio foi aceite, mas com um pormenor diferente: o quadro não tem título para não cercear a criatividade a ninguém.
A tela está aí: é toda vossa!
quarta-feira, 11 de maio de 2011
SEM MARGENS NA BLOGALDEIA V
Entrada Autor António Tapadinhas
Óleo sobre Tela 100x100cm
Numa postagem anterior, apresentei o quadro, “Cozinha Alentejana”, que mostra o interior de uma habitação. A entrada para esse local de delícias tem também uma beleza especial, que só as coisas simples conseguem transmitir.
Na execução desta tela, misturei areia na tinta de óleo, para salientar as rugosidades e textura das paredes caiadas. O ponto focal desta pintura é a porta de entrada. Tendo em atenção este princípio, escureci um pouco a porta de madeira de carvalho, para, sem perder força, a distanciar da buganvília e da parede iluminada pelo sol, ganhando profundidade. Do lado direito, coloquei um vaso de sardinheiras que tem a função de atrair o olhar para esse ponto do quadro. Os troncos rústicos dão uma maravilhosa cobertura a todo o conjunto.
A porta deve estar aberta para não afastar o observador. Neste caso, garanto que está apenas encostada!
Podem entrar! Sejam bem-vindos!
Um dos comentários que obteve:
António
Deixo-te um desafio. Correndo apenas o senão...de não ser do teu agrado.
Mas, estou habituado a esses riscos. Marketing "oblige"..não é?
Nem que seja um mero exercício. Apresenta um Tela tua, com título, e sem a descrição ou brilhante narrativa como fazes.
Deixa ser o teu visitante, a descobrir ( a interrogar) a sensibilidade da tua criatividade. Depois...BUM! a Descoberta do facto.
Ah!, quanto ao quadro, se o Alentejo é um fascínio, desenhá-lo como fazes...é amor.
Um dia, numa conversa com um maestro Inglês, que (também) vive no Alentejo, deixava sair em respiração solta este comentário:
- No Alentejo, é o único sítio do Mundo, onde consigo ouvir o silêncio...
Abraço!
José Luís Outono
O desafio foi aceite! No próximo capítulo darei conta do resultado.
Hoje gostaria de chamar a atenção para este endereço do meu amigo Outono, onde está um convite para quem gosta de Livros e de Poetas.
quarta-feira, 4 de maio de 2011
PORTO - RIBEIRA
Muro dos Bacalhoeiros Autor António Tapadinhas
Óleo sobre tela 64x54cm
Nesta minha vertigem pela Ribeira do Porto, uma das telas de que mais gosto e que por isso continua em minha casa, é esta que mostra o Muro dos Bacalhoeiros.
É uma obra em que utilizei cores fortes, com as suas complementares bem próximas, para salientar a força que emana daquelas pedras. Não satisfeito com o resultado obtido, procurei reforçar essa sensação com a mistura de areia na tinta, criando o aspecto rude e rústico das rochas, que falam connosco como as castiças gentes do Porto.
Nesta obra, as janelas das casas deixam de ser elementos “apenas” decorativos: estão humanizadas com a sugestão de roupas penduradas e vasos de flores que lembram as pessoas que as habitam.
Sei por experiência própria do mau gosto associado à escolha das molduras para as obras de arte. Não sei se por força da sugestão dos vendedores, que mais do que servir os clientes, querem vender as mais caras, ou por pressão do dono que quer valorizar uma obra que deve valer por si própria. Há casos em que a moldura fica mais cara do que a peça que contém.
Para este quadro fui eu que fiz a moldura: cortei e pintei a madeira com a mesma tinta que utilizei na tela. Utilizei o azul ultramarino (deep), misturado com um pouco de vermelho de cádmio, para o escurecer ao mesmo tempo que o torna menos frio.
É este Porto sentido que eu pretendi retratar. Para mim, sempre que passo por esta obra não resisto a dar-lhe uma nova mirada. E ela retribuiu como uma amante fiel: sempre lhe descubro novos encantos!
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