segunda-feira, 29 de novembro de 2010
FAVELAS III
Favela 2711 Autor António Tapadinhas
Acrílico sobre Tela 100x110cm
No espaço de tempo em que concluí Favela 1511 e Favela 2711, a situação tornou-se explosiva nas favelas do Rio de Janeiro.
Leio no DN:
Dezenas de tanques cercaram o Complexo do Alemão, na região norte do Rio de Janeiro, na véspera da derradeira investida militar, ontem, na área. Madrugada de vigília. Medo e psicologia de guerra. De um lado moradores da comunidade em pânico, resguardados em casa. De outro criminosos escondidos e armados a engendrar uma forma de fintar o cerco policial. 2600 homens: polícia militar, civil, federal e soldados do Exército e da Marinha, contra o Comando Vermelho, a maior facção criminosa do Rio. Desde domingo são 38 mortos e 80 veículos queimados.
Leio mensagens de apoio a esta acção.
Leio de Marcello Salles, jornalista:
O povo brasileiro não deve se deixar iludir pela operação casada entre governo do Rio e corporações de mídia. Não se pode vencer o tráfico de drogas nas favelas, nem com tanques de guerra, nem mesmo com bombas atômicas. Por um motivo muito simples: os donos do negócio não estão lá.
Leio mensagens de apoio a esta crónica.
Leio que o filme português, “Complexo – Universo Paralelo”, rodado no Complexo do Alemão, foi vencedor na categoria, Melhor Filme Internacional Direitos Humanos, do Artivist Film Festival, em Hollywood, Los Angeles.
Leio que, Diaky Diaz, fundador e produtor executivo do festival, afirmou que "com a urbanização a aumentar em todo o globo, mais e mais pessoas vivem em grandes guetos. Filmes como este permitem-nos realmente olhar para essas zonas com compaixão e forçar-nos a reflectir sobre o que podemos fazer para tornar melhor a vida dos nossos semelhantes".
É um óptimo destino para uma obra de arte: ajudar a reflectir!
Eu procuro fazê-lo com as minhas obras! Não é por acaso que esta tem como cores dominantes as da bandeira do Brasil!
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
FAVELAS II
Favela 1511 Autor António Tapadinhas
Acrílico sobre Tela 50x60cm
(clique sobre a imagen)
Na minha pesquisa para esta série, fiquei com diverso material numa espécie de manifestação do caos que, por definição, contém todas as formas e cores possíveis. Sendo assim, era simples; para executar a obra bastava deitar fora tudo o que não fosse necessário.
Depois de seleccionar a favela que serviria de base a este quadro, faltava pensar os meios que iria utilizar.
Pensar é aproveitar tudo o que sei para cumprir o meu objectivo: transmitir sensações. Pensar é dar forma ao caos, torná-lo credível para o observador, isto é, identificá-lo, mas, ao mesmo tempo, retirar-lhe a consistência, torná-lo virtual, porque faço por esquecer o que não me interessa, salientando, apenas, a sua beleza.
No desenho, apenas esboçado, de repente, começaram a surgir as janelas, as ruas, as pessoas, como notas musicais coloridas, numa pauta mágica.
E cumpriu-se o seu destino! Afinal, cor é magia!
Com esta conversa erudita, não sei se deu para perceber o mais importante:
Gosto mesmo muito desta obra!
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
FAVELA
Favela 911 Autor António Tapadinhas
Acrílico sobre Tela 50x60cm
(clique sobre a imagem)
Favela no Brasil, bairro de lata em Portugal ou musseque em Angola, são palavras que definem a área degradada de uma cidade, caracterizada por moradias precárias, com edificações inadequadas e materiais de construção inventados, muitas vezes estranguladas entre morros ou colinas.
No meu quadro é o azul que oprime as casas e as pessoas que se adivinham nos intervalos coloridos das vielas estreitas e é o amarelo que serve de manto diáfano para a dureza do quotidiano.
Esta é a primeira obra duma nova série a que chamo, Favela, porque das palavras que definem esta realidade, é a palavra mais colorida.
Na penumbra dourada que suaviza as cores cruas do passado presente, espero que encontrem a beleza verdadeira, aquela que provoca arrepios, como na canção de Caetano Veloso, Menino do Rio.
Tomem esta minha obra como um abraço!
terça-feira, 2 de novembro de 2010
SEM MARGENS NA BLOGALDEIA III
Azul, Azul Autor António Tapadinhas
Óleo sobre Tela 100x100cm
(clique sobre a imagem)
O meu amigo Jorge no seu blogue, BEGIN THE HOPE, de vez em quando, num comentário, faz referência aos meus azuis, considerando alguns que o tocam especialmente, de “Azul Tapadinhas”.
Há pintores que são conhecidos por saberem realçar determinadas cores nas suas pinturas. Lembremos Van Gogh e os seus vibrantes amarelos, Cézanne e os seus espantosos verdes e, porque vem a propósito, a história de um azul especial.
Yves Klein, nascido em Nice, França, realizou mais de cinco dezenas de quadros monocromáticos em azul. Gostou tanto de uma das tonalidades, que a registou em 19 de Maio de 1960, no Instituto Nacional da Propriedade Industrial, com a designação IKB (International Klein Blue).
Espero que esta obra se imponha pelo seu azul. Não tem outras cores que o tornem mais suave ou mais profundo, mais alegre ou mais triste…
Acho que as cores são como as pessoas. Dependem muito do que as rodeia. Todos nós nascemos iguais, mas alguns são mais iguais do que outros... As diferenças começam antes do nascimento, e prolongam-se durante toda a nossa vida. Nós e as cores somos sensíveis ao ambiente que nos cerca.
Esta atmosfera é a essência mágica com que se cria o génio ou uma obra-prima.
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