segunda-feira, 28 de setembro de 2009

ARTE POSTAL


Pés na Terra Óleo sobre Platex
(clic sobre a imagem para ver textura)

Esta foi a minha contribuição para a “Exposição Internacional de Arte Postal”, realizada no Barreiro em 1988.
A Mail-Art teve o seu início em meados do século XX, na "Correspondance Art School", de Nova Iorque e teve a sua maior expressão nos anos 70 e 80.
Os suportes em que esta arte se manifesta terão de ser possíveis de transmissão através dos correios, a nível global, daí o seu formato e as técnicas utilizadas.
Este “postal”, como o outro que irei apresentar, é feito em óleo sobre platex, com a moldura feita de madeira e integrada no conjunto. A terra parece cair da moldura, com a intenção de interagir com o espectador...
O tema escolhido, “Terra”, levou-me ao que na altura sensibilizava parte da opinião pública portuguesa: “O Movimento dos Sem-Terra”.
Mas estes pés não têm nacionalidade…

terça-feira, 22 de setembro de 2009

O ESPÍRITO DOS PÁSSAROS


Pássaro Azul Acrílico sobre Tela 60x30cm

Em 14 de Outubro de 2007, publiquei no meu blogue esta obra, acompanhada, como sempre procuro fazer, da sua génese.
Este Pássaro azul, bem real, usufrui de uma constante capacidade de mutação. Primeiro pássaro verdadeiro, depois poema e música, um outro poema a seguir que o transforma na tela, e de novo bem real vem comer milhos à mão. Está inscrito num livro de contos, de seu nome "O Espírito dos Pássaros", que tem uns meses de acabado e, talvez, acabe publicado um destes dias, provavelmente, pela Editorial CÊAV. Aguardemos.



O livro, aqui está!

...
Mas o Pássaro Azul não se ficara por ali, ao regresso à casa do poeta, mas novamente se transformou, e de dentro da tela voou para uma aparição, através de uma noite cerrada, ao encontro do poeta e do pintor, que um dia fora campeão de xadrez. Ainda uma e outra vez reencarnou.
...
Quer dizer, o poeta, foi encontrar o Pássaro Azul lá longe, em letras do início do século, a revelar-lhe que, afinal, foi voando através dos anos que ele chegou à sua casa. Um Pássaro que ora se diz, ora se vê, outras vezes pinta-se e escreve-se, e que tantas vezes encarna e reencarna. Um Pássaro Azul que é amizade e liberdade, sintetizadas ambas em amor, produto afinal de uma mesma energia criadora que nos assiste.

Somos nós, enfim, esse Pássaro Azul.

Recomendo, vivamente, que leiam toda a história, no seguinte endereço:
http://oespiritodospassaros.blogspot.com/

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

É BOM VIVER (III)


Rafael Acrílico sobre Tela 50x40cm
(clic sobre a imagem)


Resultou!
Quando me disseram que o retrato, por causa do manto e do rosto lembrava um anjo, recordei-me dos anjos de Rafael, que têm como fundo o Céu.
Tinha pensado dar o maior relevo à figura, usando o estilo chamado de tenebrismo, uma grande inovação introduzida por Caravaggio, que traduz o máximo contraste entre luz e sombra.
A minha predilecção pelo azul, levou-me a fazer uma experiência, para saber se o contraste forte com o rosa seria do meu agrado, como fundo do retrato. Ficou aprovado, com distinção!
Escolhi um azul suave, Cerulean Blue, com que cobri todo o fundo juntando um pouco de Ultramarine Blue, para fazer ressaltar o volume do corpo.
O rosa que está debaixo do azul, continua a respirar. Usei uma técnica conhecida por frottis, que consiste em esfregar um pano ou um pincel áspero sobre uma tinta já seca. Neste caso, usei um pouco de Gloss Gel Mediun, para tornar a cor mais brilhante.
Na toalha (manto), acentuei as sombras e avivei as cores utilizando um processo de pintura chamado glacis, que consiste numa cobertura transparente e ligeira das cores iluminadas, para fazer ressaltar o seu brilho.
O rosto, os olhos, a boca? Para ser franco, já não sei o que fiz, tantas as cores e as nuances que utilizei e a densidade de matéria pictórica…
Para os meus amigos, julgo que seria fastidioso, tentar explicar o processo…
A partir de hoje, tenho junto de mim um anjo, Rafael, que poderei ver sempre que quiser…

terça-feira, 8 de setembro de 2009

É BOM VIVER (II)


Rafael (Ars Interim) Acrílico sobre Tela 50x40
(Clic sobre a imagem para ver pormenores)

Esta segunda sessão foi dedicada ao rosto.
Perguntaram-me se não ficaria melhor utilizar uma expressão com o seu deslumbrante sorriso. Pensando sobre o assunto, eu escolhi aquela, porque a considerei a mais importante da sua personalidade: a curiosidade insaciável com que olha para tudo o que acontece! Talvez por isso, está a olhar directamente para quem o observa, cheio de interesse, mas também sem receio…
Tenho interiorizado que um quadro é um objecto para ser visto todos os dias, e que pormenores que são interessantes, vistos uma vez, poderão tornar-se agressivos, como por exemplo, um sorriso, que pode, facilmente, converter-se num esgar. O que torna eterno e fascinante o sorriso de Mona Lisa é a sua ausência…
Cuidadosamente defini os valores mais importantes da sua face com uma cor mais quente. Escureci deliberadamente os olhos, para mais tarde salientar o brilho vivo das suas nuances. O raio de luz que lhe ilumina o lábio inferior vai ser o principal ponto focal do quadro.
Agora, estou satisfeito. Vou deixar como está, para ir experimentar uma solução que me ocorreu para a cor do fundo, quando num comentário me disseram que a toalha parece o manto de um santo…
Desculpem-me! Estou cheio de curiosidade para ver se resulta!
Volto já!

domingo, 6 de setembro de 2009

É BOM VIVER!


Rafael Acrílico sobre tela 50x40cm

Passei uns dias de férias no Algarve, com a minha mulher, uma espécie de lua-de-mel, com um extra a que não tive acesso quando me casei: o meu neto Rafael…
No regresso a casa, dava por mim com um sorriso babado, sempre que me lembrava da força arrasadora do seu sorriso, da sua incansável capacidade de investigar tudo o que acontecia em seu redor, na sua aprendizagem do mundo que o rodeia.
A visão das fotografias, não me satisfazia a vontade de o rever… Naturalmente cheguei à conclusão que precisava de fazer o seu retrato para o ter comigo, sempre!
Tentei racionalizar o que sei sobre retrato, mas cedo verifiquei que a paixão não me ia deixar…
Preciso de cobrir a tela com uma cor base para harmonizar todo o conjunto. Escolho um tom delicado, como a sua pele, porque penso utilizar o cor-de-rosa choque da toalha, para destacar a suavidade do seu corpo e o brilho dos seus olhos.
Quando fiquei satisfeito com o tom e textura do fundo, fiz um desenho cuidadoso do seu rosto, respeitando religiosamente as suas proporções. Se, como disse o poeta, “todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades”, no caso duma criança, este verso é uma verdade confirmada dia-a-dia.
Longas vão ser as horas até à nova sessão…

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

A MÃO DE DEUS


Lagos Óleo sobre Tela 80x100cm

Lembrei-me deste quadro quando falei do acidente que causou aquelas vítimas mortais.
Sempre que o observo com atenção eu vejo lá a mão de Deus.
Se não for esse o seu caso, não faz mal:

eu consigo ver uma jovem e uma senhora de idade nesta imagem, mas sei que há pessoas que só vêm a jovem e outras que só conseguem enxergar a velha.
Olhar o mundo com optimismo, com os olhos ávidos de uma criança é sinal de juventude, do desejo imparável de ser feliz.
Eu quero…
Façam-me o favor de ser felizes!