segunda-feira, 21 de janeiro de 2008


Lírios de Van Gogh, 1889, pormenor
Óleo sobre tela, 71x93cm

História de uma paixão
Em fins de Abril de 1997, recebi em minha casa um convite, acompanhado de um desdobrável com fotografias de artistas como Françoise Sagan, Frank Sinatra, Sofia Loren, Roger Moore, Arnold Schwartzenegger, em frente de reproduções de grandes obras, dos maiores mestres da pintura, para assistir á inauguração da exposição do Museu Imaginário, num hotel de Lisboa.


O convite

No dia 5 de Maio de 1997, às 19:30, estava a aproximar-me da sala onde se realizava o cocktail de apresentação e, de repente, o meu cérebro, por muito que eu teimasse, recusava-se a apreender o que os meus olhos viam: Os Lírios de Van Gogh, estavam à minha frente, ao alcance de um abraço. Caí em mim: era “apenas” uma reprodução, feita por um mestre de pintura, com as tintas de que os pintores dispunham na época... Lá atrás, estava o certificado de “Falsi D´Autore”, para tirar qualquer dúvida...
Na sala, falsificações verdadeiras de Modigliani, Cézanne, Gauguin, Renoir, Corot, Manet... e de alguns pintores portugueses como Malhoa, João Vaz ou Columbano. Um verdadeiro festim...

Frente

Verso

Na altura, apesar da minha pouca experiência, como pintor, já notava umas “pequenas” diferenças... mas a concentração em tão pequeno espaço de tantas obras-primas, era suficiente para manter a euforia que sentira, ao entrar na sala dos sonhos.
Imaginem agora, o que senti quando visitei o Museu Thysen-Bornemisa em Madrid, por ocasião duma exposição temporária de impressionistas, post-impressionistas e expressionistas... em que pontificavam não sei quantos Van Gogh, a sério!


Lírios de António Tapadinhas, pormenor
Óleo sobre tela 71x93cm

Nesta minha reprodução dos Lírios, só tenho a fotografia que vos mostro, em que faltam 5 a 10cm, da parte inferior da tela. É algo que eu não posso corrigir, porque não sei quem me comprou este quadro... Não tenho registo de muitas obras dos meus primeiros tempos de pintor.
Já aconteceu, que um cidadão espanhol que me comprou meia dúzia de telas numa exposição, enquanto esperava pelo táxi no aeroporto de Barcelona, distraiu-se, e algum apreciador do alheio, roubou-lhe o embrulho que continha os quadros. Não sei se o ladrão era apreciador de arte... O mais certo, é que nalguma obscura galeria de Barcelona (atenção Jorge), estejam para venda umas paisagens da cidade de Barreiro, com a assinatura de um pintor português, conhecido na sua rua - A. Tapadinhas.
Regressando à reprodução.
As minhas cores estão mais vivas, porque sei que há cores que vão perdendo intensidade com o decorrer do tempo. Para apreciar a diferença, é ver a comparação das cores actuais, depois da sua restauração, dos frescos de Miguel Angelo, na Capela Sistina. Quando lá estive, a restauração ainda não estava concluída mas já dava para ver que a intensidade das cores tinha alterações abissais.
Mais uma vez, notar que os azuis fortes, violáceos, têm como fundo os seus complementares amarelos e laranjas, e por baixo dos diversos verdes, espreitam os tons da terra avermelhada... As cores parecem nascer do interior das próprias flores... E aquele lírio branco... é obra divina!
Aqui para nós, já utilizei algumas vezes o lírio branco, pintado em tela ou papel, para oferecer em ocasiões especiais. Por enquanto, Van Gogh ainda não protestou... e as minhas amigas também não!

39 comentários:

Nocturna disse...

Antonio:
Mis flores preferidas son las blancas... estoy feliz de ver el lirio blanco en tu obra! Gracias, mil gracias! :)
¡Imagino que si Van Gogh viviera se enjugaría las lágrimas frente a tu reproducción!
¡Besos y abrazos multiplicados por todo el tiempo que estuve ausente!

ana disse...

Van Gogh, el loco del pelo rojo,
locura al oleo, locura sobre tela, dibujo de un genio, esbozos de un delirio...
Cuánta poesía en sus cuadros Antonio. Igual que en tus telas,
Ya sabía lo que robaba aquel que se llevó tus obras, ya sabía el español lo que compraba,
Un abrazo,
ana.

Pakous disse...

Divinos los lirios, incluso el blanco, y apasionante la explicación, que has acompañado, amigo Antonio, eres arte puro.
Abrazos amigo.

Anne M. Moor disse...

Que linnnnnnnnnnnnnndo... Tudo e tbm gostei do lírio branco :-)
Abraço e boa noite

Аmanecer disse...

Antonio, es increible como nos haces transportar, a tu hermoso jardìn, lleno de colorido. en tus obras. Hermosos lirios.

besos y muchos màs.

A.Tapadinhas disse...

Estava convencido, Nocturna, que gostarias mais dos lírios azul-violeta: têm a cor profunda e misteriosa que tanto te agrada... Se nas flores, preferes o branco, ainda bem, porque nessa tela está o mais belo lírio branco, que alguma vez existiu!
Recebo num beijo todos os que me deves!
António

A.Tapadinhas disse...

Ana: Onde começa a loucura e acaba o génio? Acho que todos temos um pouco de cada. Como num bom cozinhado, o segredo está na dosagem correcta...
Beijo.
António

A.Tapadinhas disse...

Paco, Senhor das Estrelas, é fácil brilhar quando estamos perto de uma estrela de primeira grandeza...
basta aproveitarmos o seu reflexo.
Abraço.
António

A.Tapadinhas disse...

Anne: Sonhaste com um perfumado lírio branco? Então, vais acordar feliz...
Beijo.
António

A.Tapadinhas disse...

Amanecer: É fácil, com pessoas sensíveis como tu, o transporte para locais formosos e edílicos...
Beijos com perfume de lírios y muchos màs.
António

Fay van Gelder disse...

Olá amigo António, aqui esta tua amiga, Adora Lírios, ainda ontem comprei brancos e azul-violeta, lindos :)

António, não só tem o dom da escrita como da pintura :)

Parabéns:)

Bjo hoje com Líros Brancos e azul-violeta:)

Jorge Lemos disse...

Antonio

Nada deves ao original. Tens o poder de captar a luz como elemento
de sustentação da imagem. Perfeito.
Abraços

Anónimo disse...

Tenho enveja de a sua paixao pela pintura. Eu nao tenho a paixao por nada. Eu gosto das suas obras, uma que eu vi no blog chamase ´´ o cacilleiro´´ penso que he assin, das que vi hoje tambem.
obrigado por a sua visita a minha casa.
anamorgana

Sibyla disse...

Antonio, yo tampoco protesto por tus lirios, son preciosos y con una luz
maravillosa...
Es cierto que con la restauración todas las telas recobran otro brillo en sus colores.

Gracias por compartir tus obras con
los amigos.
Un fuerte abrazo!:)

A.Tapadinhas disse...

Miss: a sua casa deve estar linda: com esses lírios, mais a flor que a habita em permanência... :)
Beijo com perfume de flores silvestres.
António

A.Tapadinhas disse...

Amigo Jorge Lemos: mesmo sabendo que é o teu coração, mais do que a razão, que dita o teu comentário, fico muito sensibilizado com as tuas amáveis palavras.
Um abraço.
António

A.Tapadinhas disse...

Anamorgana: Uma mulher com a tua garra e paixão pelas coisas que a rodeiam, tem de estar apaixonada...
Imagina-te no cacilheiro, a sentir o vento na face, com a cabeça encostada a alguém que te interesse...
Beijo com sal.
António

A.Tapadinhas disse...

Sibyla: Que melhor prémio para as minhas obras, que dar alguma satisfação aos amigos? Sou um
pouco(?) egoísta: sou eu que desfruto delas primeiro...
Beijo.
António

Fernanda Irene disse...

De niña jamás quise ser bailarina o princesa. Soñaba con ser pintora o escritora y siempre imaginé que viviría en una habitación abuhardillada con suelo y techo de madera y una ventana por la que entrara a raudales la luz del sol. En mis sueños me veía escribiendo sobre un buró de madera oscura y rodeada de libros y montones de papel en blanco. En otras ocasiones cambiaba los libros y el buró por lienzos y un caballete y yo, vestida con una gran bata blanca llena de pintura, iba trasladando a la tela lo que mi imaginación me dictaba. Pero esos solo fueron sueños de infancia, aunque no me olvido de ellos.
No me siento capacitada para escribir, al menos como a mi me gustaría hacerlo. Tampoco tengo arte para pintar, aunque eso no impide que coja los pinceles de vez en cuando y disfrute manchando una tablilla entelada. Contesto así a tu pregunta y aprovecho la ocasión para decirte que todo lo que dejo en tu blog pasa a ser tuyo desde el mismo momento que lo escribo, puedes por tanto usarlo como gustes.
Me gusta la pintura de Van Gogh, los lirios, los girasoles, sus noches estrelladas, la terraza del café de la Place du Forum, la habitación del pintor en Arlés… pero no sé por qué, ejerce sobre mi una atracción especial la catedral de Auvers-sur-Oise. Es como si en otra vida o en algún sueño, hubiera conocido ese lugar. Cuando la miro algo se remueve en mi memoria, aunque nunca he conseguido desvelar el misterio.

Tus lirios son tan hermosos como los de Van Gogh y no dejo de pensar en aquellas afortunadas que tienen, o tuvieron en algún momento, los suficientes méritos para recibir ese lirio blanco.

Beijo

Irene

ana disse...

çPor cierto, sabes cuales fueron las últimas palabras del genio antes de morir?
"La tristesse durerà toujours", la tristeza durará siempre.
Era un genio, no me cabe ninguna duda,
y como casi todos los genios tenía ese punto de locura que los hace ser diferentes, rozar el delirio.
Un abrazo Antonio,
ana.

Unknown disse...

eu sou uma priveligiada....
obrigada, sempre.

Pena disse...

Talentoso Amigo António:
Sou um apreciador humilde da "Arte".
A Arte fascina-me. Encanta-me!
As cores, os esboços, as pinceladas magistrais que nos conduzem a um mundo de encanto e beleza.
Percebo pouco, mas sinto-a, vivo-a e desejo dar algo de mim com o meu entendimento fugaz e desajeitado do meu sentimento.
Há pouco tempo estive no Louvre de Paris e concretizei um sonho: Ver ali mesmo "A Mona Lisa"! Ali! A dois escassos passos de mim.
Sabe, gosto do seu sorriso misterioso, cativante e apelativo.
Defino-a assim. Um verdadeiro sonho. Como adorei!
Antes, tinha ido ao Vaticano, à Capela Sistina, ver as pinturas de Miguel Ângelo. Olhe, desculpe desiludio-me o tamanho da Capela, mas a pintura da mesma do talentoso pintor fascinou-me. Sei que sou pouco credível, mas adoro ser como sou. Um amante da pintura, da bela pintura que me passa pelos olhos e pelo pensamento e se gosta, ou não. Tiro de imediato uma concepção. Uma opinião, válida ou não.
Sei que sou leigo, mas consigo venerar a genuína arte. A Arte que gosto.
É com gosto que passo aqui.
As suas palavras sentem-se. Expressam requinte, bom gosto.
Penso que a sua Arte também.
Possui uma forma peculiar e formidável de expressar a sua sensibilidade artística.
OBRIGADO pela visita.

Abraço forte de estima e amizade

pena

jorge disse...

Rastreare toda Barcelona en busca de lo que te robaron, cuando lo encuentre seguramente me lo quedare (jeje).
La reunion para ver cuadros falsificados, total.
¿Sabes? mi primer Modigliani se llama "Alice" y nunca lo veo en entre sus obras, creo que debio ser una copia cuyas reproduciones tuvieron exito y se ha vendido como churros.
Tus lirios son preciosos.
Sigue maravillandome lo bien que cuentas como pintas y como usas los colores.
Abrazo

A.Tapadinhas disse...

Ana: Loucura é ele só ter vendido uma tela enquanto foi vivo - A vinha encarnada, por 400frs. - e ter actualmente três obras suas, nas dez mais caras de sempre!
Beijo.
António

A.Tapadinhas disse...

Rosebel: A beleza é muitas vezes um estado de espírito... Em ti é isso e muito mais: é uma maneira de estar...
Beijo com lírio branco.:)
António

A.Tapadinhas disse...

Estimado amigo, Pena
Ontem deixei uma simples mensagem de parabéns na sua "casa dos amigos". Não consegui confirmar se tinha sido acrescentada ao enorme grupo dos que o felicitavam, porque desapareceu nestes insondáveis e etéreos mistérios da net. As suas palavras, aqui registadas, que eu agradeço, fazem-me pensar que as minhas chegaram, finalmente, ao seu destino.
Irei confirmar a minha assunção.
Um abraço.
António

A.Tapadinhas disse...

Jorge: Com que então "lo quedare"?
Fui ver ao dicionário, e fiquei a rir-me com a tua sinceridade...
Mas, quem diz a verdade, não merece castigo, e de boa vontade te deixarei ficar com um "Tapadinhas" na tua colecção...
Abraço. :-)
António

ana disse...

Antonio: no centro onde trabalho com bebés desde 2 a 6 anos, lhes falamos de um pintor a cada três semanas. Quando tocou estudar a Vang gogh, lhes contei precisamente isso, que não vendeu mais que um só quadro em toda sua vida, o que lhe comprou seu irmão. Contei-lhes como e por que se cortou uma orelha, suas brotes de loucura e seu mau carácter. Encantam-lhes seus quadros, sobretudo o de "a habitação de Vincent". Perguntavam, - por que se cortou a orelha? -sugeriam eles: Porque não ouvia? são encantadoramente ternos com seus ocurrencias. Beijo Antonio,
ana.
(a ver esta tradução como resulta)

ana disse...

http://diablillos-emocionales.blogspot.com/2007/07/estrellada-v-van-gogh.html

Es un video que publiqué en julio en mi bolg,
ana.

Anne M. Moor disse...

Estás a pintar António? Quando somes assim, logo aparece uma jóia aqui no teu blog...
Beijos

A.Tapadinhas disse...

Ana: A canção de Don Mclean, composta a partir do maravilhoso quadro de Van Gogh, é linda. Comovo-me sempre ao ouvi-la... E é reconfortante saber que o génio continua a ser mostrado a alunos de todo o mundo. A loucura dele, é a nossa actual loucura: os três quadros dele, que estão no top ten, foram comprados por
US$208 milhões! Contaste-lhes que ele pintou a imagem devolvida pelo espelho? No quadro ele mostra que a orelha cortada é a direita, quando na realidade foi a esquerda.
O teu português é "quase" correcto...
Beijo.
António

A.Tapadinhas disse...

Anne: O que estou a pintar, não vai aparecer tão cedo... porque é uma obra muito exigente...
Mas vou dar notícias, asap...
Beijo, menos rápido.:)
António

tino cassi disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
gorrión disse...

....querido amigo Antonio, cuando al regalo de mostrarnos tu obra en todo su esplendor nos regalas el maravilloso texto donde nos explicas con todo detalle el proceso de la pintura, la historia , las anécdotas e incluso el destino de la obra no podemos más que decir que es todo un regalo que no por esperado deja de ser siempre una maravillosa sorpresa.Además, tus historias siempre dan juego para que amigos como por ejemplo Jorge , reconozcan que si cayera en sus manos esas obras robadas se quedaría con ellas porque como bien dice ese refrán español : "Quien roba a un ladrón tiene mil años de perdón"....y no seré yo el que tire la primera piedra porque también me quedarían con esos lienzos, jajajaja
Por lo demás quiero agradecer tus sabias y hermosas palabras dejadas en el bosque del árbol que habla. Tienes siempre mi cariño y mi gratitud....y ya sabes que tú eres uno de los que siempre me recuerdan la importancia de no permitir que lo que debe estar vivo se convierta en una piedra.
Abrazos muchos abrazos desde el bosque del árbol que habla al que tan feliz haces cada vez que le visitas y abrazas!

SHE disse...

Antonio, nada màs que decir, cada uno ha dicho lo que yo podrìa decirte:Sòlo darte las gracias por
el deleite que es venir a tu sitio ,"escucharte" y ver tus maravillosas obras.Aquì sigo.

Con mi gran afecto

SHE

A.Tapadinhas disse...

Gorrión: As tuas palavras revelam sempre o ser excepcional que és... e com a vantagem do teu constante bom humor.
Abraço.
António

A.Tapadinhas disse...

She: Dou graças por continuares a achar que as minhas obras merecem a tua visita e os teus agradáveis comentários.
Beijo.
António

ZULMA disse...

ulma_spehrs@hotmail.comAntonio: Te felicito por la reproducción de "Los Lirios, de Van Gogh". Este artista del pincel es uno de mis preferidos. Desde hace tiempo me sentí atrapada, en primer lugar por sus obras y, luego, de su historia.
Lamento que el arte ,también, se encuentre con individuos inescrupulosos.
Y festejo, a su vez, que el ARTE, se encuentre en fluída comunicación con seres como vos conformándose una simbiosis en la que se mezclan arte-artista y cuyo producto es siempre un bien cultural para toda la humanidad.
Mi cariño y abrazo

A.Tapadinhas disse...

Irene: Escritora já és. Aquilo que escreves nos comentários, já te disse, são crónicas profundas, bem humoradas e actuais, dos mais diversos factos e situações da vida. Gosto (a palavra está gasta, não tem a força que eu gostaria que tivesse), adoro (é para quem tem um Deus), de toda a obra de Van Gogh. Nunca fiz uma reprodução dos girassóis do génio, mas fiz diversas obras com girassóis que eu próprio plantei... Um dia destes, vais vê-las...
A igreja é um verdadeiro tratado de pintura. É, reconhecidamente, a obra mais poderosa que ele criou em Auvers. Nela, estás de costas mas eu reconheço-te...
Beijo.
António