terça-feira, 8 de janeiro de 2008
CONVENTO DE JESUS - SETÚBAL
Convento de Jesus - Setúbal Óleo sobre tela (60X100)
Fui contactado por um amigo para me encontrar com um casal que me queria fazer um pedido para a execução dum trabalho. No encontro que tivemos, fiquei a conhecer o jovem e simpático par e o que pretendiam. Moravam na cidade de Setúbal, em frente do Convento de Jesus, um dos marcos do estilo manuelino, datado de 1490. Queriam ter uma tela com o monumento que fazia parte das suas vidas. Concordei quase de imediato, com a condição de colaborarem na sua execução, como modelos.
Já devem ter visto nas séries policiais, que os fotógrafos ao registar um indício encontrado no local do crime, colocam ao seu lado uma régua e, na sua falta, um objecto com uma dimensão perfeitamente definida, normalmente uma moeda, para se ficar com a noção exacta do tamanho da prova. Da mesma forma, os pintores quando consideram importante realçar a imponência do motivo, servem-se de alguns truques que os ajudam a conseguir esse objectivo.
No dia e hora combinados, montei o cavalete em frente da porta do convento e esperei pela chegada dos modelos. Tinha pedido ao elemento feminino que vestisse uma blusa vermelha, com saia ou calças escuras, e para o elemento masculino uma camisa clara e blue jeans. Cuidei desse pormenor (?) da cor das roupas para dar os contrastes, às grandes extensões quase monocromáticas do largo. Todas as figuras estrategicamente colocadas em diversos planos são os actuais donos da obra, que se prestaram, com muita paciência, a percorrer diversas vezes o espaço entre mim e o convento. O lindíssimo cruzeiro que se vê no lado esquerdo da tela, foi executado em mármore vermelho da serra da Arrábida, por ordem de D. Jorge de Lencastre. Para além da sua beleza é um elemento essencial para forçar o olhar do espectador, a voltar ao lado esquerdo da tela que é um local observado com apenas um relance de olhos, na apreciação duma pintura. Utilizei o método pontilhista, com bastante matéria, para sugerir as protuberâncias e reentrâncias que a provecta idade do monumento, aliada à maciez do mármore, propiciam, num interessante jogo de luz e sombras.
Normalmente não coloco nenhuma figura no centro e nunca tão frontal para o observador. É contra as regras. As regras são feitas para ser quebradas – é uma regra! Neste caso, foi plenamente justificado pela alegria com que se reconheceram e são reconhecidos pelos amigos a passear num sítio tão emblemático.
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26 comentários:
Soy la primera!
Querido amigo Antonio, te atreves con todo, has plasmado ese precioso monumento de una forma tan real que parece una fotografía!
El puntillismo es una técnica que me gusta muchísimo.
Felicidades por ese maravilloso cuadro.
Abrazos, maestro!
....pues yo estoy feliz por ser el segundo...sólo por ir detrás de la preciosa sibyla, porque de sus palabras siempre se puede aprender mucho mucho mucho !!
Opino como ella que realmente te atreves con todo ; hasta ahora hemos podido ver cuadros tuyos de múltiples estilos y sales airoso de todas las pruebas.Este concretamente que nos muestras hoy parece una postal y uno ve ese monumento con toda su belleza y majestuosidad real, hasta el punto que a mí particularmente no sólo no me molestan las figuras de los protagonistas humanos , sino que incluso creo que esa hermosa plaza podría haber sido el escenario de todo un buen mosaico humano vital, como ya pudimos percibir en tus cuadros anteriores, sin que la importancia del monumento hubiese sido afectada para nada.
Una obra bella....y un gesto sentimentalmente más bello aún para los protagonistas que aparecen en el centro y que tendrán ese recuerdo para siempre.
Abrazosabrazosabrazos en estilo manuelino y javierino.... jajajaja!!
Como siempre Antonio; me gusta el cuadro, me gusta la idea con que lo pintas (excelenta hacerles ser los modelos, que esten ahi para siempre), y me gusta como explicas el proceso.
Recuerdos de Oscar.
Cada dia "escribes la pintura" con mas maestria.
Abrazo puntillista
Depois venho cá ler-te com a atenção que mereces. Vim só ver se tinhas mail porque gostava de te falar acerca do texto que lá deixei.
Um beijinho
Mais um quadro que nos transporta para o lugar... A tua explicação da técnica e como fizeste é de mestre... És professor por acaso?
Beijos
Sby: Desconfio que tens uma ligação directa com o meu computador... Ou será entre os nossos corações?
Abrazo puntillista!
António
Gorrión. Atenção catedráticos, investigadores, cientistas, talvez arqueólogos: foram encontrados monumentos com um estilo até agora desconhecido. Já começou a ser chamado pelos media de "Xavierino", do nome do seu descobridor. Aguardam-se grandes revelações... Todos sabemos do "interesse" dos gorrións=pardais e palomas=pombas pelos monumentos...
Abraço :-D
António
Jorge: Recuerdos aceites de Oscar um rapaz muito inteligente e de grande sensibilidade. Mas, meu amigo, por acaso Sara não me terá mandado um beijo, ao menos um abraço? De certeza que não te esqueceste?
Sobre a melhoria que notas a escrever a pintura, são v. os culpados! Estas trocas de impressões estão a ficar muito sérias. Tu próprio já mencionaste esta evolução no teu espaço. Sem falar da melhoria do meu espanhol...
Abraço ibérico.
António
Gi: Estou curioso com o texto que lá deixaste... Onde?
Beijo.
António
Anne: Infelizmente não consigo mostrar o seu interior que tem um retábulo de pintura que é considerado um dos mais notáveis da Arte do Renascimento em Portugal. Já dei aulas de... adivinha... Pois, pintura.
Beijo.
António
Querido Antonio, la pintura extraordinaria,como siempre, y el Convento y la Plaza, impresionantes. Al ver este cuadro me he acordado de la ciudad de Úbeda, en la provincia de Jaén, declarada Patrimonio de la Humanidad, y que tiene una arquitectura de principios del Renancimiento con la misma belleza sobria del Convento de Jesús de Setúbal.
Al margen de esto, me ha encantado la manera de explicar la forma de dar al expectador la idea del tamaño del monumento retratado. Efectivamente, poner al lado del indicio encontrado en el lugar de los hechos un objeto de tamaño conocido como una moneda, un paquete de cigarrillos, etc... para fotografiarlo, es la táctica que utiliza la policía científica en sus investigaciones para no perder la idea del tamaño de la prueba, pero no se me había pasado por la cabeza en ningún momento, que los pintores utilizárais la misma técnica. Ahora puedo decir que la Criminología y la Pintura, tienen algo en común :D
Un beso enorme
Irene
Este espaço e os amigos que me trouxe, têm sido uma fonte inesgotável de aprendizagem e calor humano. Não conhecia e portanto fui ver Úbeda e também Baeza e confirmei a justiça da entrega do galardão de "Patrimonio de la Humanidad".
Os artistas são perigosos: alguns até sabem desenhar uma cara que foi vista no local do crime...
Os teus comentários são sempre muito estimulantes, querida Irene.
Beijo sem medida.
António
Sempre em forma e sempre a surpreender...
Não gosto mesmo nada do que tem vindo da luz por estes dias...já viu?
Beijo grande.
Talentoso e Estimado Amigo:
Desculpe tratá-lo assim, mas reconheço nas pessoas essas qualidades e sou mesmo assim para toda a gente. Desculpe-me.
Fala na linguagem criativa e da pintura com genialidade e profundo conhecimento do que executa deliciosa e brilhantemente.
Estou fascinado pela sua Arte. Uma Arte imensa que jorra carinhosamente de si.
Coloca com maravilha nas palavras que expressa o que lhe escorre na sua profunda criação artística.
Olhe, Parabéns sentidos e sinceros.
Um Bem-Haja pelo valor indiscutível e imenso que tem.
Abraço forte de amizade e elevada estima
pena
Adorava conhecer a sua obra. Creio que me fascinaria.
Desculpe!
Por fin puedo entrar a verte. Llego desde Jorge, queria pasar, pero sólo si tenia el tiempo suficiente para leerte, sabiendo que me costaría un poquito entenderte. Nada más lejos de la realidad. Te entendí prefectamente. Me gusta lo que he leido y visto. He llegado hasta la entrada de Klimt (donde cumples promesas). Volveré para detenerme ahora en los detalles.
Beso gratamente sorprendido.
Laura: Realmente sinto-me em forma... Sabe porquê? Em grande parte é pelas palavras que me chegam dos meus amigos. Como é possível que esta força não chegue aos nossos?
Beijo com luz.
António
Pena: Deixa-me, caro amigo, ao mesmo tempo orgulhoso, reconhecido e preocupado. Orgulhoso pelas palavras elogiosas com que faz o favor de me mimosear, reconhecido pelos méritos que consegue encontrar nos meus modestos trabalhos e, finalmente, preocupado porque coloca tão alta a fasquia que é fatal um dia não ser possível superá-la.
Receba um abraço de sincero agradecimento e amizade.
António
Muriel: Parece-me que já te conheço há muito tempo: as tuas palavras soaram como vozes de anjos aos meus ouvidos... Admiro-te imensamente por conseguires chegar tão longe, quase aos primórdios do meu passado! E mais: ameaças continuar! Vou já voar até tua casa para conhecer-te melhor!
Beijo!
António
Nao foi uma ameaça, foi um prazer.
Um beijo.
Antonio, encantadora situleza que utilizas al describir la pintura,como un poema escrito con bellos colores sobre tela.
Besos y muchos màs.
Lindo amigo António, e que tal uma natureza com Sushi eu adoraria a oferta :) ... risossss... muitosss... .
Beijoca Doce, para um Doce:)
Una maravilla en color, forma, detalles y el encuadre que forma el cruceiro con las figuras marcan una diagonal hacia el edificio formando un triángulo perfecto. Repito, una maravilla que además refleja amor. Felicitaciones.
Eu, provavelmente, teria pedido ao elemento feminino que não vestisse nada, deixando-me com liberdade para pintar o que julgasse melhor no momento ...
Deve ser por isso que não me pediram para pintar o quadro ...
ps - o quadro ficou realmente lindo ... mas não consegui resistir ao gracejo ... perdoe-me
Amanecer: É o teu coração de poeta que consegue ver os matizes de cores que tanto te encantam e trazem para mim tanto orgulho.
Beijo.
António
Miss: Quando fizer esse trabalho, prometo lembrar-me de si querida amiga...
Beijo com adoçante. :)
António
Flavio, está nomeado meu conselheiro para selecção do guarda-roupa dos meus modelos. Espero que por causa dos seus honorários, não seja eu a ficar de tanga... ou menos...
Abraço.
António
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