segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

PÁSSAROS DE FOGO


Flamingos no Rosário Acrílico sobre Tela 25x56cm

Este quadro foi o número um da minha mais recente exposição. Não houve nenhum motivo especial, simplesmente, aconteceu. No entanto, a minha filha Elsa que não esteve presente, quando me telefonou a desejar aquilo que uma filha querida deseja para o seu pai, pediu-me para lhe enviar uma fotografia da última obra que tinha feito para a mostra, porque alguém lhe tinha dito que era espectacularmente bela. Aconteceu também que esta foi adquirida, logo na abertura da exposição. Todos, sem excepção, achavam algo de especial nela. Chegaram ao ponto de dizer que seria um documento histórico, porque daqui a alguns anos, com a pressão urbana, os locais em que vivem os flamingos terão desaparecido, e o quadro seria um dos testemunhos vivos da sua presença na zona dos esteiros e sapais da Moita.
Depois de pensar um pouco sobre o assunto, quero confessar que, desta vez, foram os meus amigos que me ensinaram a ver a obra que eu tinha criado: manter o espírito aberto para aprender, é um sinal de humildade que eu gostaria de manter...
Sobre a execução da obra, foram os flamingos, pássaros-de-fogo, que me deram a inspiração para cobrir todo a tela com o meu mais profundo e afogueado laranja. Todas as outras cores nunca chegam a esconder a chama que está por baixo delas: vibra por entre as núvens, espreita nas águas do Tejo, fornece luz às casas e dá o tom róseo aos flamingos!
Aguardo, com interesse, a vossa opinião!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

NDEBELE II


Symmetry Óleo sobre tela Autor António Tapadinhas
50,5 x 42,5cm Moldura de madeira, 2,5cm de espessura, pintada a óleo

O meu quadro tem figuras geométricas, que recriei a partir dos originais, utilizando a simetria que está sempre presente em todos os desenhos que tive a oportunidade de ver. A moldura que fiz leva os motivos do quadro para além da tela, transportando-o para o ambiente que o cerca.





Os pintores nativos fazem os seus murais e a decoração das casas, utilizando desenhos geométricos com cores fortes e contrastantes. Utilizam símbolos, mas muito raramente, animais ou figuras. As mulheres têm a possibilidade de poder decorar a sua casa e é, seguramente, uma das poucas prerrogativas que elas têm de se expressar individualmente.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

NDEBELE I


Universo Autor António Tapadinhas
Óleo sobre tela 100x75cm

Na viagem que fiz à África do Sul, dois aspectos marcaram-me duma maneira especial: os animais selvagens que tive a oportunidade de ver e as comunidades nativas que sobrevivem, com a sua identidade, até aos nossos dias. Não há qualquer semelhança entre observar os animais em liberdade e no Jardim Zoológico. Depois de poder comparar as duas situações, temos a sensação de que os animais do Jardim Zoológico têm vergonha do cativeiro em que se encontram... Com as comunidades nativas, estranhamente, não tive essa sensação: mostram-nos sem pejo as suas casas, os seus trabalhos, a sua actual maneira de viver.
O povo Ndebele, cuja história se perde nas brumas do tempo, vive actualmente perto da cidade de Pretória. As pinturas das casas deste povo guerreiro, os utensílios e adornos que as mulheres usam, com o seu significado religioso, místico, talvez até mágico, foram os elementos formais e plásticos que utilizei, na criação desta obra.