sexta-feira, 28 de novembro de 2008
CUBISMO
Olhão Óleo sobre tela 100x100cm
A cidade de Olhão situada no coração do Algarve, tem um aspecto panorâmico único no País, na Europa e talvez no Mundo, devido à estrutura das suas casas com a forma de cubos sobrepostos, que se encaixam por entre ruas estreitas, fazendo lembrar uma Medina. Os terraços (soteias ou açoteias) substituem com vantagem os telhados tradicionais, pois podem ter diversas funções, das quais, uma das mais evidentes, será a sua utilização como um espaço privado para apanhar o fresco das noites de Verão. Não serve, contudo, para recolher as águas da chuva para cisternas, como se poderá julgar por comparação com Marrocos: o nome da cidade deriva de sítio do olhão, rico em poços de água doce. A riqueza da pesca permitiu aos seus habitantes, no final do século XVIII, transformar os casebres de madeira em casas cúbicas de pedra e cal branca, com as suas chaminés rendilhadas e as açoteias em vez de telhados.
Sobre a execução da tela. Procurei tons de azul nas sombras para realçar a brancura das casas, com os mirantes, as torres e as chaminés tão características. Misturei areia à tinta de óleo para tornar natural a textura e os reflexos da luz. Criei a moldura com as mesmas tintas e textura da tela, para sugerir a continuidade do espaço da Cidade cubista antes de Picasso!
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
BOCA DO VENTO
Guarita Óleo sobre tela 70x90cm
Já falei na beleza da travessia do Tejo numa daquelas embarcações a que chamamos cacilheiros porque fazem a viagem para Cacilhas. Julgo que pouca gente saberá donde deriva este nome. Conta a lenda, que no actual largo, estacionavam muitos burros esperando o desembarque dos passageiros interessados em fazer um passeio turístico por Almada. Quando angariava um cliente o dono do burro gritava ao seu ajudante “dá cá cilhas” para aparelhar o burro para o serviço. E assim nasceu o nome Cacilhas.
Esta tela é uma das que foi roubada no aeroporto de Barcelona, nas circunstâncias que relatei em postagem anterior.
Achei interessante o contraste entre a guarita abandonada e o elevador panorâmico da Boca do Vento (na altura em construção), que permite subir uma colina de 50 metros, sem nenhum esforço, para ver um soberbo panorama de Lisboa, a cidade das sete colinas. Era um dos locais onde eu ia à pesca antes das obras que transformaram o local numa zona ajardinada à flor da água, com restaurantes e esplanadas, para turistas.
Por falar em beleza: passei um fim-de-semana alargado no Algarve, para estar com a minha filha Elsa e o meu neto Rafael que fez cinco meses...
terça-feira, 11 de novembro de 2008
COZINHA ALENTEJANA
Cozinha Tradicional Óleo sobre Tela 60x70 cm
Quando era criança, passei algumas férias do Natal e as chamadas férias grandes, numa aldeia do alto Alentejo, chamada Torre das Vargens, de que era natural meu pai. Passava uns dias alucinantes na casa da minha avó, numa região em que predominavam os montados de sobro, pertencentes à Casa do Marquês de Fronteira, com imponentes touros bravos que só não incomodavam as cegonhas, senhoras dos céus.
Na minha viagem à Grécia, fiz um cruzeiro maravilhoso às suas ilhas: Mykonos, Rodes, Patmos… Ao entrar nas casas dos seus simpáticos habitantes, ao ver os utensílios que usavam para cozinhar, lembrei-me da minha infância: parecia estar a entrar na velha cozinha da minha avó.
Com os mesmos utensílios, com ingredientes semelhantes, incluindo o azeite de oliveira (há outro?), não admira que a comida alentejana seja tão marcadamente mediterrânica. Faz-se com uma boa dose de simplicidade, temperada com as ervas que perfumam o campo, combinadas com imaginação, quanto baste: o suficiente para nos sentirmos felizes.
Bom apetite!
terça-feira, 4 de novembro de 2008
TEJO CINTILANTE
Caldeira da Moita Acrílico sobre Tela 30x90cm
Este é o aspecto actual da Caldeira da Moita na preia-mar. Digo actual, porque estão projectadas obras que poderão alterar substancialmente esta visão. O formato panorâmico desta tela permite formar uma ideia da sua beleza.
A embarcação que se destaca neste quadro é o varino “Boa Viagem”, da Câmara Municipal da Moita, restaurado em 1981.
O seu nome teve origem nos "ovarinos", embarcações de Ovar. Barco típico do Tejo, servia para transportar carga, e tal como a fragata, também era de casco bojudo, mas mais elegante e sem quilha. O seu fundo liso permite-lhe singrar em águas pouco profundas, adequando-se perfeitamente à navegação nos esteiros do Tejo.
Aparelhava uma ou duas velas de estai substituindo o latino triangular por um quadrangular, num mastro inclinado para a ré. Tinha duas cobertas com anteparas, porão com paneiros e ainda bordas falsas para um melhor acondicionamento da carga.
É uma embarcação muito elegante, e simultaneamente muito robusta.
Os varinos vão continuar a sulcar o Tejo, não para transportar mercadorias, mas para navegar ao serviço de cidadãos interessados em ver o rio de um ângulo diferente. Condenados a apodrecer, esta é a segunda oportunidade dos varinos, recuperados e prontos para iniciar uma nova vida…
Quem não gostaria de ter uma segunda oportunidade?
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