domingo, 29 de junho de 2008

AS CIDADES DAS EMOÇÕES


Convento dos Capuchos - Sintra
Óleo sobre tela 50x70cm

Este convento foi mandado construir por D. Álvaro de Castro, em 1560, num local inóspito, pretendendo confundir-se com a natureza que o rodeava: carvalhos e arbustos, grande profusão de musgos, fetos e trepadeiras, num grande emaranhado vegetal que, conservado até hoje, constitui um testemunho vivo da floresta primitiva da Serra de Sintra.
O formato da tela procura potenciar, desde logo, a demonstração de humildade e pequenez do convento: a entrada situada entre dois grandes rochedos, que se alcança depois de subir íngremes degraus, mais salienta a escala mínima a que foi construído, parecendo improvável a vida de seres humanos no seu interior. Para que o motivo central não se perdesse, dei uma textura forte às suas paredes e à árvore do lado direito, para segurar o olhar do observador. A árdua subida dos degraus far-se-á sem cansaço, devido à suavidade do tapete de folhas, e à frescura das plantas que os limitam.
A obra, quase posso dizê-lo, não foi feita para ser vista, foi mais para ser sentida: sentir a frescura da vegetação exuberante, os cheiros da floresta, o contraste entre a pequenez da obra humana e a exuberância da Natureza em todo o seu esplendor. Áreas como esta tornaram-se mais importantes do que nunca. Tenho a esperança que as minhas obras possam motivar quem as vê a lutar pela conservação desta herança natural.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

AS CIDADES DAS EMOÇÕES


Miradouro de Quebedo - Setúbal
Óleo sobre tela 100x90cm

SETÚBAL
Sou realmente uma pessoa feliz: posso fazer aquilo que gosto, pensando, pesquisando, e falando com os meus amigos sobre Arte.
Agora, tenho outro interlocutor: Rafael, o meu neto, que já sabe como utilizar os seus pulmões, sempre que algo não lhe agrada. Apesar do requinte do seu nome, os seus gostos, aparentemente, são muito simples: come e dorme. Mas eu não me iludo com aparências: vou falar-lhe das obras que realizei, das que penso realizar e das que vou apresentar no meu blogue. E terei em conta as suas opiniões. Esta foi a primeira e tive o seu apoio!
A história de Setúbal remonta ao Paleolítico, passando pelo período do Bronze e idade do Ferro. A atracção que exerceu sobre diversos povos deve-se á sua localização estratégica junto ao Rio Sado.
O Miradouro do Quebedo tem a seus pés todo o estuário do rio. Utilizei para o representar fotografias e esboços, sobretudo com pormenores dos azulejos.
Como esta obra resultou de uma encomenda, procurei dar um ar monumental ao miradouro, de acordo com a casa e o espaço em que a obra ia ser colocada.
Eu creio que qualquer obra de Arte tem de ser uma revelação, não só para o seu criador, mas também para quem a vê. Neste caso, sendo um local conhecido, procurei dar-lhe uma perspectiva pouco usual, projectando no céu as colunas e as buganvílias, como se tratasse da resposta espiritual a uma visão do quotidiano.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

O QUARTO DEVER DO HOMEM


Rafael

Rafael com a mãe

Dizem que o Homem só completa a sua missão na Terra, quando tem um filho, planta uma árvore e escreve um livro.
Tenho duas filhas, o livro já o escrevi, embora não tenha sido publicado, e plantei algumas árvores. Estes três deveres, todos eles, são imensos e inevitáveis actos de amor.
A partir de hoje, quando citar esta frase, acrescento mais um:
SER AVÔ!
Ontem nasceu o meu primeiro neto! Um belo rapaz com 4,250 quilos, que se encontra de perfeita saúde, assim como a sua mãe, a minha filha caçula, Elsa.
Os seus pais escolheram para ele, na mais completa liberdade, o nome de Rafael, como o arcanjo que foi enviado por Deus para curar em Seu Nome. Se ele se tornar pintor não terei nada a ver com o assunto, como é óbvio...
Tenho para mim que já não é preciso dizer mais nada: quem já é avô, conhece essa emoção; a quem não foi, eu nunca conseguirei transmitir o sentimento de plenitude que se atinge com esta inexplicável sensação...
Por este motivo, hoje não mostro aos meus amigos mais um quadro, mas sim uma obra-prima!
Que os McAfee, os Norton, os Avast, deixem passar este incurável vírus que eu quero espalhar por esta nossa aldeia virtual
O VÍRUS DA FELICIDADE!

domingo, 15 de junho de 2008

O MONTE ALENTEJANO




Monte Alentejano
Óleo sobre tela 65x82cm













Sobreiro (estudo)
Acrílico sobre tela 31x42cm

O Alentejo já foi, em tempos recentes, um sítio por onde se tinha de passar, para se conseguir usufruir as delícias do Algarve. Actualmente, com toda a justiça, diga-se, está na moda.
A região tem um clima mediterrânico, temperado pela influência atlântica, com o Verão muito quente e seco, e Inverno com pouca precipitação.
A paisagem alentejana tem largos horizontes, com manchas de floresta de sobreiro e azinheira. Em termos ambientais é uma das mais preservadas regiões da Europa. O incremento do turismo pode, a curto prazo, alterar esta situação – longe vá o agouro!
O Monte Alentejano é um produto muito procurado, como podem confirmar facilmente, numa consulta ao Google.
Este que eu representei, não é um produto para citadinos fartos da poluição e confusão das grandes metrópoles: vivem lá pessoas!

quarta-feira, 11 de junho de 2008

DIA DO PINTOR




Largo José Maria dos Santos
Acrílico sobre tela 40x50cm

Feriado Nacional, dia de Camões e do grande festival de encerramento das Festas. Do local da minha exposição, os milhões de Watts do espectáculo de Roberto Leal (o cantor português mais brasileiro, ou vice-versa, dizem!) entram-me pelos ouvidos, não deixando que eu converse com os amigos. Felizmente que o barulho dos morteiros, acabou com a cacofonia, e ainda me trouxe as luzes do fogo-de-artifício como prémio adicional. O ano passado, parou tudo para ouvir Martinho da Villa. Recordam-se do tema “Mulheres”? Comprei no Rio os CD´s que encontrei dele e gravei esse tema até não haver mais espaço. Fiz o mesmo com Brel e Amsterdam. Não calculam como o meu cérebro consegue funcionar bem ao som da música que me agrada, apagando simultaneamente a poluição que alguns teimam em produzir.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Muda-se o Ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Até a minha pobre tela também foi sofrendo mudanças que puderam ser testemunhadas pelos amigos que tiveram a paciência de as acompanhar. A qualidade da fotografia talvez não permita distinguir os retoques finais: Maior definição das árvores e arbustos, reforço das nuances do céu e dos seus reflexos na água, que escureci ligeiramente com tons verdes para dar maior profundidade ao espelho de água. Ao telhado laranja dei umas pinceladas com Burnt Sienna, porque achei que captava o olhar com demasiada agressividade. Tornei mais consistentes os bancos de pedra e defini melhor o pavimento. Outras pequenas coisas, das quais não vos dou relato, podereis descobri-las, por vós próprios.
Camões, depois de perder o olho numa escaramuça, confessa a quem o quer ouvir, que o seu coração está despedaçado com “o desconcerto do Mundo, em que vê sempre os bons passar graves tormentos e os maus nadar em mar de contentamentos”. São as diferenças entre utopia e realidade das quais eu me sinto curado: por pouco esperar, é muito o que recebo...
Graças, meus amigos!

domingo, 8 de junho de 2008

EMOÇÕES


Largo José Maria dos Santos (em construção)
Acrílico sobre tela 40x50cm

É difícil para mim, que já não estou habituado a estas noitadas, manter o estado de espírito com a lucidez suficiente para transmitir as emoções que resultam da execução duma tela com esta responsabilidade acrescida, e do convívio com tanta gente que diz muito ao meu coração.
Vou continuar a tentar fazer bem o meu trabalho, se para tanto me chegar o engenho e arte...
A obra “Castelo de Palmela” já seduziu uma jovem senhora que a pretende para sua casa. Para além da beleza, própria de quem é jovem, tem como característica mais evidente a sua grande alegria e vivacidade. Esta apreciadora de Arte é natural de São Paulo, essa, a maior cidade do Brasil...
A outra, que ficou reservada, apesar de ainda não estar concluída, foi “Largo José Maria dos Santos”, por um amigo, coleccionador das minhas obras sobre Pinhal Novo.
O Largo nesta fase, começou a levar os retoques necessários para poder ser dado como concluído. As flores cuidadas por um jardineiro competente, sem barulhos para não incomodar o pássaro que lá permanece (não é, Suzana?), a relva, os troncos dos plátanos e os pequenos arbustos que permanecem na sombra do fundo, também não foram descuidados, para manter a harmonia com o primeiro plano da obra.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

VERNISSAGE


Largo José Maria dos Santos (em construção)
Acrílico sobre tela 40x50cm

Como estava previsto, ontem às vinte horas, foram inauguradas as Festas Populares de Pinhal Novo. Tive a visita das entidades oficiais, a Governadora Civil de Setúbal, Eurídice Pereira, da Presidente da Câmara de Palmela, Ana Teresa Vicente, e do Presidente da Junta de Freguesia, Álvaro Amaro. O anfitrião foi convidado por mim para me fotografar junto das ilustres senhoras, mas achei por bem não apresentar as fotografias obtidas... Fotografar, não é a qualidade mais marcante do nosso Presidente da Junta... Espero receber a reportagem fotográfica dos profissionais que marcaram presença.


A obra em construção já avançou mais um pouco. Já relvei o terreno e plantei umas flores. As folhas das árvores, começam a reflectir a luz com as nuances que a maior juventude das folhas lhes imprime.
Como sempre, já comecei a reviver momentos da minha juventude recordados pelos amigos que me visitaram.
Até amanhã!

quinta-feira, 5 de junho de 2008

REGRESSO ÀS ORIGENS (2)


Largo José Maria dos Santos (em construção 2.º dia)
Acrílico sobre tela 40x50cm

A área branca já desapareceu! Toda a parte inferior do lado direito do quadro, onde irão surgir as flores do jardim, foi prenchida com as cores que vão sobrando do desenvolvimento dos plátanos e outras árvores e arbustos que rodeiam a igreja. O tom do céu, também tem o seu reflexo na água do lago. Esta simetria na utilização da cor é a maneira mais fácil de harmonizar uma obra. Podemos utilizar tons com grandes contrastes, sem correr o risco de que a obra fique demasiado agressiva.
Esta obra ficará exposta, como está, no meu cavalete na abertura da Festa. Quando vier para casa, ela virá comigo, para levar mais uns retoques. É isto que farei, diariamente até à sua conclusão.
Estou pressionado com o pouco tempo que tenho para tanta coisa que ainda falta fazer!
Conto com as vossas sugestões e comentários para me ajudar!

terça-feira, 3 de junho de 2008

REGRESSO ÀS ORIGENS


Largo José Maria dos Santos (em construção - 1.º dia)
Acrílico sobre tela 40x50cm

Todos os anos tenho colaborado nas festas da minha terra natal, Pinhal Novo, com a exposição de algumas obras.
Este ano não foge à regra, com a pequena grande alteração que foi a minha entrada no mundo dos blogues. Passei a ser um bloguenígena, conforme o neologismo resultante da criatividade dos meus amigos brasileiros. E este facto foi tão marcante, que resolvi acompanhar a minha exposição em Pinhal Novo, com uma postagem, sempre que se justificar, dando nota de algum pormenor interessante que resulte do meu contacto com amigos que encontro por ocasião das festas, ou da troca de impressões com os visitantes que gostam de falar com o criador das obras expostas.
Assuntos familiares inadiáveis, roubaram-me três ou quatro dias de pintura, que me impediram de fazer os quadros que tinha planeado apresentar. Juntando estes dois acontecimentos, resolvi tirar partido deles e mostrar a evolução do quadro que tenho começado, tanto no pavilhão onde tenho a exposição, como no meu blogue. A tela representa o Largo José Maria dos Santos, em Pinhal Novo, e espero concluí-la antes do final das festas.
Mais uma vez, não terei muito tempo disponível para visitar os meus amigos, conforme merecem. Depois das festas populares, serei eu a fazer a minha festa com as visitas aos bloguenígenas da nossa aldeia virtual.
Ficam todos convidados para a vernissage: quinta-feira, 20 horas.